Denúncia contra Bolsonaro é destaque na mídia estrangeira

A notícia desta 3ªfeira (18.fev.2025) de que a PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado em 2022 foi destaque na imprensa internacional.

O jornal norte-americano The New York Times destacou que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, acusou o ex-presidente brasileiro “de supervisionar um vasto esquema para se manter no poder após perder a eleição de 2022, incluindo um plano para anular a votação, dissolver os tribunais e dar poder aos militares, e outro para assassinar o presidente eleito do país“, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Denúncia contra Jair Bolsonaro repercute no The New York Times.

Também nos Estados Unidos, o jornal The Washington Post informou que a denúncia enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal) pela PGR detalhava a tentativa de golpe de Estado como fruto de uma “conspiração, que também incluía um plano para envenenar seu sucessor e atual presidente“. Inclusive, o plano foi citado no título da publicação: “Brasil acusa Bolsonaro por liderar trama para tomar poder e matar rivais“.

Também essa informação foi destacada pelo americano Financial Times, que, na linha fina da reportagem, escreveu que o “procurador-geral acusou o político de extrema-direita de ligação com plano para assassinar o adversário Luiz Inácio Lula da Silva“.

Já o New York Post lembrou que o relatório da investigação da PF (Polícia Federal) que levou à denúncia tem 884 páginas.

Denúncia de Jair Bolsonaro no "The Washington Post"

Segundo o The Wall Street JournalBolsonaro negou as acusações “dizendo que está sendo vítima de uma caça às bruxas por parte de políticos e juízes da oposição que não medirão esforços para mantê-lo fora do cargo“.

A agência de notícias chinesa Xinhua contextualizou o ano eleitoral de 2022, afirmando que Bolsonaro “perdeu as eleições presidenciais de outubro em um 2º turno muito disputado“.

Na Europa, o jornal francês Le Monde citou o texto da denúncia da PGR em sua reportagem. A conspiração, segundo Gonet, “foi liderada pelo presidente [Bolsonaro] e seu candidato a vice-presidente [Walter Braga Netto], que, juntamente com outros indivíduos, civis e militares, tentaram impedir, de forma coordenada, que o resultado da eleição presidencial de 2022 fosse implementado“.

O jornal francês Le Monde repercute denúncia da PGR contra Bolsonaro.

Para a publicação inglesa The Guardian, talvez o mais chocante, seja o fato de a denúncia de 272 páginas afirmar que Bolsonaro estava ciente de uma suposta conspiração —que, segundo o relatório, ‘recebeu o sinistro nome de Punhal Verde e Amarelo’— para semear o caos político por meio do assassinato de autoridades importantes, incluindo Lula e o juiz da Suprema Corte Alexandre de Moraes“.

O espanhol El País reforçou em seu texto que dentre as outras 33 pessoas denunciadas estão “vários ministros [de Bolsonaro] e um antigo chefe da Marinha. Um dos acusados, o militar da reserva Walter Braga Nettoque foi candidato a vice-presidente, está preso por obstruir as investigações“. Por fim, sublinhou que “nunca antes um general de 4 estrelas brasileiro havia sido encarcerado“.

Na América Latina, o jornal mexicano El Universal relatou que “um ponto chave do plano golpista ocorreu durante uma reunião ministerial em julho de 2022. A reunião foi gravada pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Na reunião, o ex-presidente disse a seus ministros que ‘seria necessário fazer algo antes das eleições’.”

O argentino Clarín divulgou também as conclusões da investigação da Polícia Federal de que, “em dezembro de 2022, a trama golpista foi abortada por falta de apoio institucional dos altos comandos do Exército“.

Jornal argentino "El Clarín" repercutiu a denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro

No Oriente Médio, a Al Jazeera, canal estatal do Qatar, forneceu um contexto mais amplo no qual se insere a denúncia contra o ex-presidente. Segundo a emissora, as acusações se deram após uma investigação de 2 anos da PF “sobre o papel de Bolsonaro na liderança de um movimento de negação das eleições que culminou com milhares de seus apoiadores provocando tumultos na capital do país, Brasília, em janeiro de 2023“.

A Al Jazeera comparou as cenas das invasões aos prédios dos Três Poderes à “insurreição de 6 de janeiro de 2021 em Washington, DC, quando os apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, invadiram o edifício do Capitólio“.


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