Novidades sírias

Celebrações em Damasco após anúncio da fuga do presidente Bashar al-Assad, em 8 de dezembro de 2024LOUAI BESHARA

O mundo vive um período especialmente turbulento, com duas guerras “oficiais” em curso, Ucrânia x Rússia e Palestina x Israel, além dos muitos e variados conflitos espalhados pelo planeta.

Neste contexto, não é novidade para ninguém que a Síria vive um conflito interno, uma guerra civil, há muito e muito tempo, mais precisamente desde 2011. 13 anos, portanto, de conflito ininterrupto.

As forças oficiais sírias diziam lutar contra terroristas cujo objetivo era desestabilizar o país e instalar ali um enclave islâmico de natureza extremista. Esse conflito, bem analisados os fatos, envolve em verdade um leque de grupos, indo desde o Estado Islâmico (ISIS), passando pelos Curdos – antigos ocupantes de vasta faixa territorial síria – chegando no mais destacado grupo do momento, a Organização pela Libertação do Levante, conhecida por Tahrir al-Sham (HTS), um grupo salafita jihadista local ligado à Al-Qaeda.

O HTS é quem dará as cartas agora, já que as forças oficiais sírias foram acuadas por um ataque surpresa e bem planejado, levando o presidente Bashar Al-Assad a fugir do país com sua família. Várias questões se colocam agora: quem governará? Será instalado ali um Estado democrático ou autoritário? Essa movimentação é boa ou ruim para o Oriente Médio e para o Mundo?

Fato é que Israel, tomando conhecimento do ocorrido, tratou de avançar um pouco mais nas já conquistadas Colinas do Golã, se apossando de territórios contíguos. O objetivo dos judeus é muito mais ampliar o que se poderia nomear de uma “zona de exclusão” do que se beneficiar de alguma riqueza ou recurso dos territórios ocupados.

O movimento dos judeus, ainda mais, dá ensejo para que os curdos, sem um território oficial para chamar de seu, tomem posse em definitivo do espaço já por eles ocupado e ali criem sua nação de modo independente. Isso não é uma certeza absoluta, porém um momento plenamente possível de ocorrer.

O que virá agora pela frente? Difícil dizer. Tudo está ainda muito recente. O certo, contudo, é que “há muitas pontas para costurar”, muitos grupos, interesses, e essa pulverização é em si um desafio grande para a formação de um governo de coalização com um mínimo de estabilidade.

Para ler mais textos meus e de outros pesquisadores, acesse www.institutoconviccao.com.br.

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