O que é quinhão hereditário? Como funciona e como calcular

O quinhão hereditário é um conceito jurídico fundamental no processo de partilha de bens em inventários.

Ele refere-se à parte da herança que cada herdeiro tem direito a receber, de acordo com as leis de sucessão e o tipo de vínculo familiar com o falecido.

Neste artigo, vamos detalhar o que é quinhão hereditário, como ele funciona dentro do processo de herança e como calcular corretamente o valor ou a proporção de cada parte. Confira todos os detalhes na continuação da leitura!

O que é quinhão hereditário?

O quinhão hereditário é a porção da herança atribuída a cada herdeiro após a abertura do inventário e a partilha dos bens.

Ele representa o valor ou a proporção exata dos bens que cada beneficiário tem direito, conforme estabelecido pela legislação sucessória brasileira.

De acordo com o Código Civil, a divisão do quinhão hereditário depende do tipo de herdeiro (legítimo, testamentário ou necessário) e do regime de bens do falecido.

Herdeiros necessários, como filhos, cônjuge e pais, têm direito a, pelo menos, 50% da herança, independentemente de um eventual testamento.

Assim, o quinhão hereditário é essencial para garantir que a herança seja distribuída de forma justa e conforme a lei.

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Ele pode ser calculado em bens materiais, valores monetários ou outros tipos de patrimônio, dependendo do que compõe a herança.

Qual a diferença entre quinhão hereditário e legítima?

O quinhão hereditário é a parte de direito de cada herdeiro na herança, já a legítima se refere à parcela reservada por lei aos herdeiros necessários.

Vale destacar que a legítima é uma porcentagem mínima da herança que deve ser destinada aos herdeiros necessários, já o quinhão pode ser maior, a depender dos desejos expressados pelo falecido em testamento.

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Quais os direitos do quinhão hereditário?

O quinhão hereditário garante ao herdeiro o direito de receber uma parte dos bens deixados pelo falecido, assegurando a divisão do patrimônio de acordo com a lei ou com as disposições testamentárias.

Esses bens podem incluir imóveis, veículos, dinheiro, investimentos, empresas e outros ativos de valor.

Além de receber sua parte da herança, o herdeiro adquire responsabilidades importantes.

Ele deve administrar e preservar os bens herdados, assegurando que seu valor e funcionalidade sejam mantidos. Isso inclui, por exemplo, cuidar de propriedades, gerenciar investimentos e, em alguns casos, tomar decisões sobre a venda ou divisão de bens.

Outro ponto relevante é que o herdeiro também assume as obrigações deixadas pelo falecido, como o pagamento de dívidas pendentes ou tributos.

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Esses encargos são proporcionalmente distribuídos entre os herdeiros, de acordo com o quinhão de cada um.

Assim, o quinhão hereditário não representa apenas um direito, mas também responsabilidades legais e financeiras.

Quais os direitos do herdeiro no quinhão hereditário?

O herdeiro possui uma série de direitos relacionados ao quinhão hereditário, que visam garantir uma partilha justa e transparente da herança.

Confira os principais direitos do herdeiro:

  • Parte da herança: o herdeiro tem direito de receber sua parte na herança, conforme o quinhão hereditário estabelecido pelas leis de sucessão ou pelas disposições testamentárias
  • Participar do inventário: o herdeiro pode participar ativamente do processo de inventário, onde serão apurados os bens, dívidas e direitos deixados pelo falecido
  • Contestação: caso o herdeiro identifique irregularidades ou acredite que o testamento não reflete a real vontade do falecido, ele tem o direito de contestar sua validade judicialmente
  • Solicitar avaliações e prestação de contas: durante o inventário, o herdeiro pode solicitar avaliações detalhadas dos bens e exigir prestação de contas sobre a administração do patrimônio, especialmente se houver um inventariante responsável

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Esses direitos asseguram que o herdeiro participe de todas as etapas da divisão da herança, garantindo transparência e legalidade no processo.

Quais as suas obrigações?

O herdeiro, além de direitos, também possui obrigações importantes relacionadas ao quinhão hereditário.

Essas responsabilidades garantem a correta gestão e preservação do patrimônio herdado, bem como o cumprimento das exigências legais no processo de inventário, incluindo:

  • Administrar e preservar os bens: o herdeiro deve cuidar adequadamente dos bens recebidos, como imóveis, veículos e investimentos. Isso inclui realizar manutenções, evitar desvalorizações e, quando necessário, tomar decisões estratégicas sobre o uso ou venda desses bens
  • Cumprir obrigações financeiras: dívidas e impostos deixados pelo falecido devem ser quitados. O herdeiro é responsável por sua parte proporcional nesses encargos, garantindo que o patrimônio seja transferido de forma regularizada
  • Prestar contas: é obrigação do herdeiro prestar contas aos demais herdeiros e ao juiz do inventário sobre a administração dos bens, especialmente se ele for nomeado inventariante

Ao cumprir essas obrigações, o herdeiro contribui para a preservação do patrimônio e para a conclusão justa e transparente do processo de partilha.

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Como é feita a divisão da herança?

A divisão da herança é um processo que ocorre após o falecimento de uma pessoa, sendo regulamentado pelo Código Civil.

Ela segue regras específicas para garantir que o patrimônio seja distribuído de forma justa entre os herdeiros.

Esse processo envolve a abertura do inventário, a apuração dos bens e dívidas e, finalmente, a partilha. Abaixo, explicamos como a divisão ocorre:

1. Abertura do inventário

O primeiro passo é a abertura do inventário, que pode ser feito de forma judicial ou extrajudicial (em cartório). Nele, todos os bens, direitos e dívidas do falecido são identificados e avaliados.

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2. Classificação dos herdeiros

Os herdeiros são classificados nas categorias:

  • Herdeiros necessários: filhos, cônjuge e pais, que têm direito à legítima (50% do patrimônio)
  • Herdeiros testamentários: beneficiados por testamento, desde que respeitada a legítima
  • Herdeiros colaterais: irmãos, tios, sobrinhos, entre outros, na ausência de herdeiros necessários

3. Pagamento de dívidas e impostos

Antes da partilha, eventuais dívidas e impostos são quitados, como o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD).

4. Cálculo do quinhão hereditário

Com base no número de herdeiros e nas disposições legais ou testamentárias, calcula-se a parte que cabe a cada um. A divisão pode ser em valores monetários, bens específicos ou ambos.

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5. Partilha dos bens

Após o cálculo, os bens são distribuídos entre os herdeiros, considerando acordos entre eles, valores equivalentes e as regras do inventário. Caso os herdeiros não cheguem a um consenso, a partilha será decidida pelo juiz.

Esse processo assegura que a herança seja dividida de forma transparente e conforme a lei, protegendo os direitos de todos os envolvidos.

Regras para partilha do quinhão hereditário

A partilha do quinhão hereditário segue regras específicas para garantir que todos os herdeiros recebam suas partes de maneira justa e conforme a legislação.

Essas regras estão previstas no Código Civil e incluem critérios como o grau de parentesco, a existência de testamento e a quitação de dívidas.

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A divisão deve respeitar a legítima dos herdeiros necessários e ser realizada dentro de prazos estabelecidos para evitar complicações legais.

Prazo para divisão

Não há um prazo específico para a divisão do quinhão hereditário, no entanto, é importante que essa partilha seja feita o quanto antes, para evitar conflitos e outros problemas.

O prazo para a realização da partilha depende da abertura do inventário, que deve ocorrer em até 60 dias após o falecimento do autor da herança.

A divisão pode variar em duração, dependendo da complexidade do patrimônio e da concordância entre os herdeiros.

A partilha deve ser concluída no menor tempo possível, principalmente em inventários extrajudiciais, que costumam ser mais rápidos e simplificados.

Se o prazo para abertura do inventário for descumprido, pode haver multa sobre o valor da herança, conforme estabelecido pela legislação estadual.

Consequências de não fazer a partilha

A ausência de partilha formal pode gerar diversas complicações legais e financeiras. Entre as principais consequências estão:

  • Impossibilidade de transferência de bens: sem a partilha, os herdeiros não podem registrar bens em seus nomes, o que impede a venda ou qualquer uso formal do patrimônio herdado
  • Conflitos entre herdeiros: a falta de uma divisão oficial pode gerar disputas familiares, dificultando o consenso sobre o uso e administração dos bens
  • Penalidades e multas: atrasos na abertura do inventário ou na partilha podem resultar em multas tributárias, especialmente no pagamento do ITCMD
  • Bens sujeitos a bloqueio judicial: sem a partilha, os bens podem ser bloqueados judicialmente, dificultando o acesso ou a gestão do patrimônio pelos herdeiros

Realizar a partilha dentro do prazo é essencial para evitar conflitos e garantir a regularização da herança.

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Como calcular o quinhão hereditário?

Calcular o quinhão hereditário é um passo essencial no processo de partilha da herança.  Ele determina a parte que cada herdeiro receberá, seja em bens, valores ou direitos.

O cálculo segue critérios legais e leva em conta o tipo de herdeiro, a existência de testamento e o patrimônio disponível. Vamos detalhar o processo:

  1. Identificação dos herdeiros

O primeiro passo é identificar os herdeiros envolvidos. Eles podem ser: herdeiros necessários, testamentários ou colaterais.

  1. Apuração do patrimônio líquido

Calcula-se o valor total da herança, subtraindo as dívidas e despesas, como impostos e custos do inventário. O valor restante é o patrimônio líquido a ser dividido.

  1. Cálculo da legítima

A legítima corresponde a 50% do patrimônio líquido, dividida entre os herdeiros necessários.

  1. Divisão da parte disponível

A outra metade do patrimônio é a parte disponível, que pode ser destinada a qualquer pessoa via testamento. Se não houver testamento, ela também será dividida entre os herdeiros legais.

Calcular o quinhão hereditário exige atenção às regras legais e aos valores envolvidos. Contar com o apoio de um advogado especializado é fundamental para garantir uma divisão justa e regularizada.

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Impostos relacionados ao quinhão hereditário

O processo de transferência de bens por herança envolve implicações fiscais que devem ser pagos pelos herdeiros.

O principal tributo a ser pago é o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), que incide sobre o valor total dos bens recebidos.

Esse imposto é regulamentado por cada estado brasileiro, resultando em variações nas alíquotas e procedimentos.

Consultar um advogado especializado em direito tributário ou um contador pode ajudar os herdeiros a entenderem melhor suas obrigações fiscais, evitando complicações e garantindo que o processo de partilha seja finalizado sem pendências tributárias.

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O que acontece se renunciar o quinhão hereditário?

O herdeiro que opta por renunciar o quinhão hereditário, abre mão de todos os direitos e responsabilidades relacionados à herança.

Ao renunciar, o herdeiro abdica completamente de sua parte na herança, ou seja, não poderá receber nenhum bem, valor ou direito deixado pelo falecido.

Além de perder o direito aos bens, o herdeiro renunciante também fica livre de qualquer responsabilidade pelas dívidas ou obrigações deixadas pelo falecido, como o pagamento de impostos ou quitação de empréstimos.

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Com a renúncia, a parte do herdeiro é redistribuída entre os demais herdeiros, respeitando as regras de sucessão. Em alguns casos, o quinhão pode ser transferido para herdeiros colaterais ou beneficiários indicados em testamento.

Importante: é necessário formalizar a renúncia em escritura pública ou em processo judicial de inventário e deixar claro que a renúncia é irrevogável e feita de forma voluntária, sem condições.

Quais são as regras para a sucessão do quinhão hereditário?

As regras para a sucessão do quinhão hereditário estão estabelecidas no Código Civil brasileiro e determinam como os bens e direitos do falecido serão transmitidos aos herdeiros.

Essa sucessão ocorre automaticamente no momento do falecimento, garantindo aos herdeiros tanto os direitos sobre o patrimônio quanto as obrigações relacionadas, como o pagamento de dívidas.

No entanto, para formalizar essa transmissão, é indispensável realizar o processo de inventário e partilha.

No momento da morte, os herdeiros adquirem de forma imediata o direito sobre os bens do falecido. Apesar disso, para que esses bens sejam transferidos oficialmente, é necessário concluir o inventário.

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O inventário apura o patrimônio do falecido e após a avaliação, ocorre a partilha, que distribui o quinhão de cada herdeiro conforme a lei ou disposições testamentárias.

Entender o que é o quinhão hereditário e como ele funciona é essencial para garantir uma partilha de bens justa e em conformidade com a legislação brasileira.

Desde os direitos e obrigações dos herdeiros até o cálculo e a divisão do patrimônio, cada etapa exige atenção e, muitas vezes, suporte jurídico especializado.

Seguir as regras legais e cumprir as obrigações fiscais evita conflitos e assegura que o processo de sucessão ocorra de forma transparente.
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