Síndrome do koro: entenda o que é o transtorno que faz os homens ‘perderem’ o pênis

Você já ouviu falar na síndrome do koro? Imagine um cenário inusitado: homens segurando seus corpos com prendedores, elásticos e cordas, tomados pelo medo de que algo terrível pudesse acontecer com eles. Em 1967, Singapura testemunhou exatamente isso. Milhares acreditavam que seus corpos estavam passando por mudanças irreversíveis.

Síndrome do koro: entenda o que é o transtorno que faz os homens ‘perderem’ o pênis – Foto: Canva/Divulgação/ND

Esse fenômeno tem até nome: koro. Ele reflete a crença de que certas partes do corpo podem encolher ou desaparecer, levando a graves consequências.

Embora possa parecer estranho para algumas culturas, essa síndrome é enraizada em crenças locais, conforme Bonnie Kaiser, especialista em antropologia psicológica da Universidade da Califórnia, em San Diego, nos EUA.

O koro não está sozinho. Transtornos ligados à cultura aparecem em várias partes do mundo. No Haiti, há o reflechi twòp — um estado mental causado pelo excesso de preocupações, que pode levar a isolamento e até pensamentos suicidas.

Na Coreia do Sul, o hwa-byung, ou “vírus da raiva”, manifesta-se em pessoas que reprimem emoções, causando sintomas físicos e emocionais intensos.

Embora possa parecer estranho para algumas culturas, essa síndrome é enraizada em crenças locais – Foto: Canva/Divulgação/ND

A síndrome do koro é real!

Conforme Kaiser, esses transtornos são reais e impactam a vida das pessoas. Pesquisas mostram, por exemplo, que o hwa-byung deixa marcas no cérebro e afeta principalmente mulheres mais velhas. Já o reflechi twòp pode multiplicar por oito o risco de pensamentos suicidas.

Essas síndromes culturais revelam algo sobre a mente humana: nossa forma de expressar sofrimento emocional é moldada pelas normas e crenças da sociedade onde vivemos. Enquanto uma cultura pode associar angústia a sintomas físicos, outra pode expressá-la como ansiedade ou depressão, de acordo com o especialista.

Síndrome do koro: transtorno da época

Sumin, psicóloga da Universidade McGill, no Canadá, explica que mesmo no Ocidente, isso já foi evidente. No século 19, a “neurastenia” era um diagnóstico comum. Associada à exaustão causada pela modernidade, ela ganhou status de “transtorno da época”.

Com o tempo, foi substituída por diagnósticos mais modernos, mas ainda sobrevive em alguns lugares, como na Ásia.

Essas mudanças não são aleatórias. Elas mostram que nossa saúde mental está profundamente conectada à cultura e às mudanças sociais. Um transtorno pode surgir, desaparecer ou até se transformar dependendo do contexto cultural.

Transtornos como a síndrome do koro são mais comuns do que você imagina – Foto: Freepik/Divulgação/ND