Corinthians revisa plano para quitar dívidas de R$ 367 mi após contestações

O Corinthians comunicou nesta 4ª feira (11.jun.2025) à Justiça que fará alterações em seu plano de pagamento de dívidas no RCE (Regime de Centralização de Execuções). A notificação foi enviada no início de junho, em resposta às contestações apresentadas por credores do clube paulista. As informações foram divulgadas pela emissora ESPN.

O Regime de Centralização de Execuções é um mecanismo jurídico previsto na Lei da Sociedade Anônima do Futebol (Lei nº 14.193/2021) que permite aos clubes reorganizarem o pagamento de suas dívidas cíveis e trabalhistas. Por meio desse mecanismo, todas as execuções judiciais passam a ser concentradas em um único juízo, que acompanha e fiscaliza um plano de pagamentos elaborado pelo clube, com base em sua capacidade financeira e percentual das receitas.

O objetivo do regime é evitar bloqueios judiciais imprevisíveis que comprometem o funcionamento cotidiano da agremiação, permitindo uma gestão mais eficiente e segura das obrigações. Com isso, o clube consegue manter suas atividades esportivas, preservar fontes de receita como direitos de transmissão e patrocínios e garantir maior transparência na quitação das dívidas.

O RCE não equivale a uma recuperação judicial, mas é uma alternativa criada especificamente para o setor esportivo. Clubes como Cruzeiro, Vasco e Coritiba já aderiram ao modelo, especialmente em fases de reestruturação financeira ou transição para o formato de Sociedade Anônima do Futebol (SAF).

O clube alvinegro tenta centralizar o pagamento de R$ 367 milhões em débitos com empresários, ex-jogadores e fornecedores. A decisão de revisar o plano original acontece depois que diversos credores questionaram as condições propostas inicialmente.

Entre as mudanças prometidas pelo Corinthians estão a disponibilização de documentos em site eletrônico e ajustes nos percentuais destinados à quitação das dívidas. O processo de readequação começou após o clube apresentar sua proposta inicial em fevereiro de 2025.

Na 1ª versão do plano, o Corinthians propôs quitar as dívidas em 10 anos, destinando 4% das receitas recorrentes e 5% das entradas provenientes da venda de direitos econômicos de jogadores para os pagamentos. Os credores, no entanto, exigem um mínimo de 20% da receita, conforme previsto em lei.

A Link Assessoria, de André Cury, e a Pixbet, antiga patrocinadora máster do clube, estão entre as empresas que questionaram ativamente as condições propostas. A Pixbet solicitou que o prazo para homologação do plano seja reduzido de 180 para 60 dias, além de exigir documentos contábeis.

A Link Assessoria chegou a solicitar que o Corinthians anexasse extratos bancários e contratos para verificação de sua situação financeira. O clube rejeitou o pedido e declarou: “Pelo elevado nível de litigiosidade do referido credor, põe severa dúvida sobre o real propósito da solicitação de tais documentos”.

O plano original também previa a realização de leilões reversos com deságio mínimo de 30% e oferecia benefícios para “credores parceiros”. Ainda não se conhece o conteúdo detalhado da nova proposta que será apresentada pelo clube.

A empresa de André Cury tem acusado o Corinthians de fraude processual e tentado derrubar o RCE.

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