Descobertas sobre Marte em 2025 revelam água subterrânea, poeira em encostas e perda atmosférica

A ciência planetária vive um momento decisivo com as revelações mais recentes sobre Marte. Três estudos publicados em 2025 traçam um panorama fascinante e contraditório sobre a água no planeta vermelho: uma possível camada subterrânea rica em água líquida, a negação da existência atual de fluxos visíveis nas encostas e a descoberta do processo atmosférico que pode ter eliminado boa parte do recurso hídrico no passado.

Pontos Principais:

  • Dados sísmicos da sonda InSight sugerem possível presença de água líquida no subsolo de Marte.
  • Estudo com inteligência artificial descarta a hipótese de água nas listras das encostas marcianas.
  • MAVEN observa processo atmosférico que pode ter eliminado a água ao expulsar a atmosfera.
  • Gás argônio revelou evidência direta da chamada “pulverização” causada pelo vento solar.
  • As três pesquisas, juntas, ajudam a montar a linha do tempo da água em Marte: do passado úmido ao presente seco.

A primeira descoberta veio de um grupo de pesquisadores que analisou dados sísmicos da sonda InSight, da NASA. Segundo o estudo publicado na revista National Science Review, ondas de cisalhamento desaceleraram entre 5,4 e 8 quilômetros de profundidade, o que sugere a presença de uma camada porosa saturada com água líquida, semelhante a um aquífero terrestre. Os cientistas estimam que, se esse volume estivesse na superfície, poderia cobrir todo o planeta com um oceano de até 780 metros de profundidade.

NASA detecta como Marte perdeu sua atmosfera e, possivelmente, sua água.
NASA detecta como Marte perdeu sua atmosfera e, possivelmente, sua água.

Enquanto isso, outro estudo trouxe uma explicação seca para um dos mistérios visuais mais duradouros de Marte. Desde a década de 1970, listras escuras nas encostas marcianas intrigavam pesquisadores. Supunha-se que seriam formadas por fluxos de salmoura, indicando água líquida. Mas uma nova pesquisa conduzida por cientistas das universidades de Berna e Brown usou inteligência artificial para analisar 86 mil imagens de satélite e concluiu que as listras não têm origem hídrica.

O algoritmo, alimentado por imagens do Mars Reconnaissance Orbiter e do orbitador ExoMars, identificou quase 500 mil faixas que variam com as estações e desaparecem com o tempo. Os dados apontam que essas formações se originam do deslizamento de poeira seca em encostas inclinadas, causadas por ventos, pequenas rochas ou meteoritos. A hipótese de fluxos de água, portanto, perdeu força diante de um padrão compatível com processos exclusivamente físicos e secos.

Enquanto o subsolo oferece uma promessa de umidade, e a superfície se revela mais árida do que se pensava, uma terceira linha de investigação explica o que pode ter acontecido com a antiga abundância de água em Marte. Dados recentes da missão MAVEN, da NASA, permitiram observar diretamente um fenômeno chamado “pulverização”, em que partículas do vento solar colidem com moléculas atmosféricas e as ejetam do planeta, como num “pulo bomba” numa piscina.

Esse processo foi observado por meio do gás argônio, um elemento pesado e quimicamente inerte, que se acumulou em altitudes superiores ao esperado. A evidência sugere que a atmosfera marciana foi sendo expelida gradualmente ao longo de bilhões de anos. Sem essa proteção, a pressão atmosférica caiu e a água líquida na superfície não pôde mais ser sustentada. O planeta tornou-se o deserto congelado que conhecemos hoje.

Essas três descobertas, embora pareçam apontar em direções distintas, ajudam a construir uma linha do tempo sobre o ciclo da água marciana. Primeiro, a existência confirmada de vales, leitos de rios e minerais sedimentares atesta que Marte já foi úmido e geologicamente ativo. Depois, a perda de sua atmosfera, iniciada por processos como a pulverização, deu início ao processo de desertificação.

A ausência de água nas encostas, reforçada pelos dados da inteligência artificial, confirma que os sinais visíveis na superfície atual não provêm de fluxos líquidos recentes. A poeira marciana, altamente móvel e influenciada pelo clima, forma padrões visuais que confundiram a comunidade científica por décadas. Agora, com tecnologia mais avançada, essas ilusões ópticas estão sendo desvendadas.

O possível aquífero subterrâneo, por sua vez, reacende o interesse na exploração marciana em profundidade. As missões atuais não possuem capacidade de perfuração suficiente para alcançar os níveis onde se suspeita da existência de água líquida. No entanto, futuras sondas poderão avançar nesse sentido, buscando confirmar se esse reservatório existe e qual sua composição.

A missão ExoMars, da Agência Espacial Europeia, continua ativa na coleta de dados da superfície e da atmosfera de Marte. Combinando imagens em alta resolução com análises espectrais, a missão busca identificar sinais químicos e geológicos da presença passada de água. Já a NASA se concentra em novos designs para instrumentos capazes de operar abaixo da crosta marciana.

Assim, a história da água em Marte continua sendo escrita, agora com novos capítulos alimentados por tecnologia de ponta, observações in loco e modelos computacionais sofisticados. Cada descoberta amplia o conhecimento e aproxima a ciência da resposta definitiva sobre um dos maiores enigmas do sistema solar: há ou já houve vida em Marte?

Com informações de CNN, Clickpetroleoegas e Canaltech

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