Paraíba conta com 125 Caps e realiza formação para profissionais da área na próxima quarta-feira com membro do Ministério da Saúde

A Marcha da Luta Antimanicomial reuniu usuários da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), profissionais, gestores municipais e representantes da sociedade civil no Parque Solon de Lucena, em João Pessoa, na última sexta-feira (16). Com caravanas vindas de diversos municípios – como João Pessoa, Conde, Umbuzeiro, Bayeux, Santa Rita, Itabaiana, Mamanguape, Jacaraú, Serraria e Solânea -, o ato reafirmou o compromisso com o cuidado em liberdade e o direito à cidadania plena para pessoas com sofrimento psíquico, na Semana Estadual da Luta Antimanicomial.

O evento marcou o encerramento das atividades presenciais da XVI Semana Estadual da Luta Antimanicomial, que desde 2011 reforça a importância da assistência em saúde mental centrada no território e no vínculo com a comunidade. Em edições anteriores, como a de 2024, a Paraíba já havia se destacado como o estado com maior número de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) por 100 mil habitantes, com 125 unidades distribuídas pelo estado – reflexo do esforço contínuo pela regionalização do cuidado.

Segundo a gerente operacional de Atenção Psicossocial da SES, Iaciara Mendes, a mobilização também contou com manifestações culturais, falas dos usuários e ações de sensibilização. Ainda assim, os desafios persistem, principalmente quanto ao apoio logístico para ampliar a participação dos municípios. “Ainda falta muito apoio no que diz respeito ao transporte dos usuários. Muitos municípios querem vir, mas dependem de apoio local para garantir o deslocamento com segurança. E o que reforçamos desde 2011 é que o cuidado precisa ser regionalizado, precisa acontecer próximo à casa, à família, à realidade do usuário”, pontuou Iaciara.

A programação segue na próxima quarta-feira (21) com um curso que será ministrado pelo coordenador-geral de Desinstitucionalização e Direitos Humanos do Ministério da Saúde, João Mendes Lima Júnior. A atividade formativa é voltada para gestores e trabalhadores dos Caps III (atende prioritariamente pessoas em intenso sofrimento psíquico decorrente de problemas mentais graves e persistentes) e CAPS Ad III (atende adultos, crianças e adolescentes com sofrimento psíquico intenso e necessidades de cuidados clínicos contínuos) da Paraíba.

A luta antimanicomial, iniciada no Brasil nos anos 1980 e consolidada pela Lei 10.216/2001 (Lei Paulo Delgado), propõe substituir o modelo hospitalocêntrico por uma rede de serviços comunitários, como os Caps, as Residências Terapêuticas e as Unidades de Acolhimento. A proposta é assegurar cuidado em liberdade, com respeito aos direitos humanos.

“O que nos mantém de pé é a crença no que fazemos. Acreditamos que o cuidado prestado no território é mais integral. Ele transforma o usuário em cidadão, alguém que pode acessar não só os serviços da saúde mental, mas da educação, da assistência social, da habitação, da segurança. É reconhecer essa pessoa como um todo”, concluiu a gerente.

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