Estudante universitária se revolta com professor que usou IA em aula

Talvez você já tenha visto professores se queixando do uso de inteligência artificial pelos alunos na elaboração de atividades acadêmicas. Mas, e quando o professor é quem usa IA para dar aulas? Isso aconteceu na Universidade Northeastern, nos Estados Unidos, o que levou uma aluna a reclamar do docente.

Ella Stapleton estava revisando notas de uma aula de comportamento organizacional quando notou, no documento apresentado em aula, o que parecia ser uma instrução para o ChatGPT. O texto que vinha a seguir, sobre características positivas e negativas de liderança, correspondia à instrução.

Desconfiada, Stapleton decidiu investigar as apresentações de slides do professor e encontrou outros sinais de uso de IA generativa, como textos distorcidos e fotos de pessoas com partes do corpo estranhas.

Não tendo mais dúvidas sobre o uso de IA nos materiais de aula daquele professor, Ella Stapleton apresentou uma queixa formal à administração da universidade e pediu o reembolso da mensalidade por entender que não estava recebendo aulas no nível de qualidade esperado.

“Ele está dizendo a nós para não usarmos [a IA], mas ele mesmo a está usando”, desabafou Stapleton sobre o professor.

O valor do reembolso solicitado ultrapassa US$ 8.000 (R$ 45.526, na conversão direta). Mas, no fim das contas, a Universidade Northeastern decidiu rejeitar a solicitação da aluna.

À Fortune, a instituição declarou: “a Northeastern adota o uso de inteligência artificial para aprimorar todos os aspectos de seu ensino, pesquisa e operações. A universidade oferece numerosos recursos para apoiar o uso adequado da IA e continua a atualizar e aplicar políticas internas relevantes”.

Professor reconheceu uso de IA em materiais de aula

Apesar de ter tido seu pedido de reembolso negado, Stapleton conseguiu chamar a atenção para o assunto. Essa situação levou o professor a reconhecer o uso de inteligência artificial nos materiais de suas aulas.

Ao The New York Times, o professor Rick Arrowood admitiu ter usado ferramentas como ChatGPT, Perplexity AI e Gamma (este último para geração de apresentações) para as suas notas. “Olhando em retrocesso, eu gostaria de ter analisado isso [o uso de IA] mais de perto”, comentou.

Este não é um caso isolado. Em sites como Rate My Professors, alunos de diversas instituições têm reclamado do uso de IA por professores. Em linhas gerais, as queixas são as de que eles pagam para ter aulas com especialistas, mas acabam recebendo instruções com tecnologias que os próprios alunos poderiam utilizar, gratuitamente.

Embora não proíba o uso de IA por seu corpo docente, a Universidade Northeastern diz exigir que os professores sinalizem quando um conteúdo foi gerado a partir da tecnologia, bem como verifiquem a precisão dos resultados obtidos.

Pelo visto, essa é uma discussão que irá longe.

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