Queixas de pacientes com câncer contra planos de saúde crescem 235% na região de Campinas


Em cinco anos, número de reclamações à ANS saltou de 66 para 221. Relatos envolvem demora na autorização de exames, cirurgias e tratamentos. Nos últimos cinco anos, o número de reclamações de pacientes oncológicos contra operadoras de planos de saúde cresceu 235% na região de Campinas (SP). Os dados são da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e abrangem as 49 cidades na área da cobertura da EPTV, afiliada da TV Globo.
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O salto foi de 66 queixas em 2019 para 221 em 2024. Somente nos três primeiros meses deste ano, já foram registrados 61 casos (veja no gráfico abaixo). A principal queixa envolve a demora na autorização de exames, cirurgias e tratamentos.

Segundo o oncologista clínico André Moraes, do Centro de Oncologia Campinas, o problema afeta diretamente a saúde dos pacientes e também sobrecarrega os profissionais.
“Isso causa no paciente um estresse grande, porque é a saúde dele, então qualquer dia que passe é muito, ou para o médico que, por outro lado, sofre pressão do paciente, sofre a solicitação do convênio para justificar a sua indicação, às vezes para discutir o óbvio”, explica o médico.
Pacientes aguardando atendimento médico
Reprodução/EPTV
R$ 43 mil do próprio bolso
As dores de cabeça eram constantes e vieram acompanhadas de dificuldades para enxergar. Foi depois disso que Diana Panontin passou num neurologista. Um exame de imagem levantou a suspeita de câncer cerebral, que depois foi confirmado em março de 2024.
Foi a necessidade de autorização da cirurgia que deu início aos problemas com o convênio. A operação foi realizada em foi em janeiro deste ano. Depois veio a radioterapia, que ela só conseguiu 50 dias depois do pedido.
“Hoje é a décima sessão, tenho mais 20 pela frente, provavelmente vou ter que fazer novos exames e já estou na expectativa que seja autorizado rápido, porém tenho certeza que não será rápido”, disse a paciente.
Gilmar Berçot, de 60 anos, também teve problemas com o convênio. No ano passado, o exame de sangue PSA, importante para rastrear câncer de próstata, veio alterado. A doença não só foi confirmada como já tinha se espalhado.
“Eu fiquei brigando com o convênio, encaminhando em reclame aqui, fazendo PROCON, fazendo tudo que tinha direito, auditoria, infelizmente eles não liberaram. Eu tive que fazer empréstimo para fazer a cirurgia, que era uma cirurgia de emergência, R$ 43 mil ficou”, contou.
Gilmar Berçot precisou fazer um empréstimo para pagar procedimentos necessários por conta do câncer
Reprodução/EPTV
O que diz a ANS
A ANS informou que atua como principal canal de mediação entre consumidores e operadoras. O órgão utiliza a Notificação de Intermediação Preliminar (NIP) para tentar resolver os conflitos rapidamente.
“Se ela não consegue resolver a questão, essa demanda é encaminhada para o analista da biotecnologia fiscalização, que vai verificar se existem indícios de infração. Havendo a comprovação da infração, a gente vai aplicar uma das sanções possíveis, eu acho que se destaca mais é a aplicação de multa”, disse Marcus Braz, diretor-adjunto de fiscalização da ANS.
A agência destacou que os relatos recebidos não significam, necessariamente, que houve infração contratual, pois cada caso passa por análise individual.
Canais para reclamações à ANS:
Disque ANS (0800 701 9656): atendimento telefônico gratuito, de 2ª a 6ª feira, das 9h às 17h, exceto feriados nacionais
Formulário eletrônico Fale Conosco na Central de Atendimento ao Consumidor
Central de atendimento para deficientes auditivos: 0800 021 2105
Atendimento presencial: disponível nas cinco regiões do país com agendamento online
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