Fiat Elba e prisão de Collor: relembre como uma perua popular selou a queda de um presidente

A prisão de Fernando Collor nesta sexta-feira (25) reabriu uma ferida antiga da política brasileira: a lembrança do Fiat Elba Weekend 1991. O modesto veículo foi apontado como comprado com recursos desviados e acabou no centro do processo de impeachment que abalou o país em 1992.

Pontos Principais:

  • Fiat Elba foi comprado com recursos desviados e usado como prova no impeachment de 1992.
  • Collor renunciou antes do julgamento no Senado, mas perdeu os direitos políticos.
  • STF absolveu Collor nos anos 90, mas a imagem da Elba se manteve simbólica.
  • Prisão atual envolve propinas milionárias na BR Distribuidora e nova condenação criminal.

A perua, formalmente registrada em nome de um suposto funcionário fantasma, teria sido adquirida com dinheiro das contas de PC Farias, tesoureiro da campanha de Collor em 1989. A descoberta foi a prova material que faltava para transformar denúncias em ação institucional.

O Fiat Elba comprado com recursos desviados em 1991 foi peça-chave no impeachment de Fernando Collor, sendo lembrado até hoje como símbolo de corrupção na política brasileira.
O Fiat Elba comprado com recursos desviados em 1991 foi peça-chave no impeachment de Fernando Collor, sendo lembrado até hoje como símbolo de corrupção na política brasileira.

Na época, as ruas foram tomadas por manifestantes, em sua maioria estudantes pintando o rosto de verde e amarelo — os chamados “caras-pintadas” — exigindo o fim do mandato presidencial. A Câmara aprovou o impeachment por 441 votos contra apenas 38.

Collor tentou salvar seus direitos políticos renunciando antes do julgamento no Senado, mas não teve sucesso. O Congresso seguiu com o processo e decretou sua inabilitação por oito anos, tornando-o inelegível. Ainda assim, o STF o absolveria mais tarde, por falta de provas.

Apesar da absolvição, o Fiat Elba ficou para sempre associado à corrupção e à decadência de um governo eleito com promessas de modernidade e combate ao atraso. Tornou-se um ícone involuntário da política brasileira.

O carro segue registrado em nome de Collor, mas com baixa no Detran, sem condições de circular. Mesmo fora de circulação, sua imagem continua forte. Até hoje, é lembrado como o veículo que virou símbolo de um escândalo sem precedentes.

O retorno de Collor às manchetes agora se dá por outro motivo: corrupção passiva e lavagem de dinheiro entre 2010 e 2014, período em que foi senador. Segundo o STF, ele recebeu quase R$ 30 milhões em propinas para favorecer contratos da BR Distribuidora.

Collor foi preso em Maceió ao tentar embarcar para Brasília, onde cumpriria o mandado. Está custodiado na sede da Polícia Federal em Alagoas. A decisão, assinada por Alexandre de Moraes, confirma a pena de oito anos e dez meses.

Durante a Lava Jato, em 2015, outros carros de luxo de Collor foram apreendidos: uma Ferrari, um Lamborghini e um Porsche, avaliados em mais de R$ 4 milhões. Posteriormente, os veículos foram devolvidos após disputa judicial.

No fim, o contraste entre o luxuoso acervo automotivo e o velho Fiat Elba reforça a ironia histórica: foi a perua popular, e não os superesportivos, que mais impactou sua trajetória política.

Prisão em 2025

Fernando Collor teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, nesta quinta-feira (24). Condenado em 2023 a 8 anos e 10 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso da BR Distribuidora, o ex-presidente foi acusado de receber R$ 20 milhões em propinas da UTC Engenharia. A decisão foi tomada antes mesmo da sessão de referendo do plenário, marcada para esta sexta-feira, indicando uma nova postura do Supremo em acelerar a execução de penas definitivas, mesmo contra figuras políticas históricas.

A defesa de Collor tentou adiar a prisão com recursos, mas o STF considerou não haver mais espaço para protelações. Moraes entendeu que a ordem era compatível com o julgamento colegiado e autorizou o cumprimento imediato da pena. A medida teve forte impacto político em Brasília e reforça a atuação do Judiciário contra esquemas de corrupção envolvendo ex-mandatários do país.

Fonte: Oglobo, Fusne e iG.

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