Megadeals: o que podemos aprender com os maiores M&Asda história?

Megadeals: o que podemos aprender com os maiores M&Asda história?

Um megadeal é sempre marcante! Meu primeiro deal acima de R$ 5Bi foi um cross-boarder com 7 países envolvidos e mais de 2 anos de projeto… seja pela complexidade, pelos desafios de timezone ou pela mídia envolvida, esses deals trazem um fator extra de desafio e emoção. O top 10 deals do Mundo em valor é marcado por diversos aprendizados e com um brasileiro na 4ª colocação.

Na 1ª posição: a aquisição da Mannesmann pela Vodafone em 2000 foi a maior e mais emblemática transação de M&A da história. Avaliado em aproximadamente 198 bilhões de dólares, este negócio transformou a Vodafone no maior grupo de telecomunicações móveis do mundo na época e marcou a primeira vez que uma empresa britânica adquiriu uma gigante alemã. A motivação por trás da aquisição foi a expansão agressiva da Vodafone no mercado europeu de telecomunicações e a integração das operações da Mannesmann, que incluíam telecomunicações e engenharia, na rede global da Vodafone. A transação foi controversa, especialmente na Alemanha, mas resultou na criação de uma empresa com uma presença significativa em vários mercados globais de telecomunicações.

Na 4ª posição: a aquisição da SABMiller pela AB InBev, concluída em 2016 por aproximadamente 112 bilhões de dólares. O negócio foi motivado pelo desejo da AB InBev de expandir sua presença em mercados emergentes, especialmente na África e na América Latina, e fortalecer sua posição global no setor de bebidas. O processo de aquisição durou cerca de um ano devido à necessidade de aprovações regulatórias em várias jurisdições, levando a AB InBev a vender ativos para garantir a conclusão do negócio. A fusão resultou na criação da maior empresa de bebidas do mundo, que passou a deter cerca de 30% do market share global de cervejas, mas trouxe desafios significativos, incluindo a integração das operações e a necessidade de reduzir a dívida substancialmente elevada para financiar a transação.

Entre as 20 maiores transações de fusões e aquisições (M&A) do mundo, alguns fatos curiosos incluem na 6ª posição a aquisição da Time Warner pela AOL em 2001, que é frequentemente lembrada como um exemplo de fusão mal-sucedida devido à rápida queda na valorização da AOL após a bolha da internet. Além disso, na 14ª posição, a fusão da Exxon e Mobil em 1999, que criou a ExxonMobil, é um exemplo de consolidação no setor de petróleo e gás, formando a maior empresa de energia do mundo na época. Essas transações ilustram não apenas o enorme valor envolvido, mas também as complexidades e impactos profundos que essas fusões e aquisições podem ter em seus respectivos setores e mercados globais. O top 11-20 com suas motivações, setores e ano, você encontra a seguir:

Falamos de megadeals de consolidação… mas e para capacidades específicas? Olhar para fora ou construir dentro de casa? 

A famosa decisão Buy x Build. Empresas estão em busca de expansão contínua, muitas vezes à procura de novos espaços no mercado. Às vezes, o crescimento não será desenvolvido internamente (build), mas sim por meio da aquisição de uma empresa (buy) que já tem um mercado, produto ou capacidade onde ela quer expandir seus negócios.

A decisão entre adquirir uma empresa ou desenvolver internamente exige uma avaliação estratégica. Comprar (buy) uma empresa permite acelerar a velocidade com acesso a equipe técnica, base de clientes e capacidades da companhia que foi vendida. Para quem quer expandir internamente (build), os resultados podem ser mais lentos e novos recursos humanos devem ser necessários, mas construir uma área dentro da empresa é mais fácil de manter a cultura organizacional dos negócios.

A Apple investiu em 2022 e 2023 mais de USD 200 Bilhões em Pesquisa e Desenvolvimento. Tim Cook, CEO da empresa, comentou para a Reuters na época: “Fazemos pesquisas em uma ampla gama de tecnologias de IA, incluindo IA generativa, há anos. Obviamente, estamos investindo muito e isso está aparecendo nos gastos com P&D que você está olhando”.

Uma empresa referência em tecnologia como a Apple e com esse nível de investimento em build, não deve olhar para a estratégia buy, certo? Errado… diversos líderes de tecnologia como a própria Apple estão não só construindo dentro de casa como realizando aquisições. Apenas em Inteligência Artificial, a Apple realizou 32 aquisições e, junto a Google, Meta, Microsoft e Amazon, as Big Techs realizaram 98 aquisições nos últimos anos!

E não é só nesse segmento. O Google, por exemplo, gastou mais de US$ 34 bilhões nas suas 10 maiores aquisições, que incluem a compra da Motorola Mobility (telecomunicações) em 2011 por US$ 12,5 bilhões, a DoubleClick (publicidade digital) em 2008 por US$ 3,1 bilhões, a Nest Labs (automação residencial) em 2014 por US$ 3,2 bilhões, o YouTube (plataforma de vídeo) em 2006 por US$ 1,65 bilhão, o Waze (navegação e mapas) em 2013 por cerca de US$ 1,3 bilhão, e a Looker (análise de dados) em 2019 por US$ 2,6 bilhões, entre outras aquisições estratégicas nos segmentos de tecnologia, software, e serviços digitais.

Além das cifras multibilionárias, as Big Techs também investem em pequenas empresas emergentes, geralmente startups com produtos que vão auxiliar no progresso tecnológico de alguma forma. Por que tantos segmentos diversos? Isso é o que chamamos de ganhos de Escopo. Um estudo da Bain&Co mostra que deals de escopo são cada vez mais frequentes (58%), mas isso é tema do próximo artigo!

Alexandre Cracovsky, CFA, tem anos de experiência em M&A. É vice-presidente na ADVISIA Investimentos, onde assessora empresas em transações sell-side e buy-side. Atuou na área de M&A e Post Merge Integration de um grande conglomerado nacional. Formação em Engenharia Civil, CFA Charterholder, PhD Candidate em Administração de Empresas na FGV-EAESP e Professor na Link School of Business.

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