Líder do PL dá ultimato a Motta para pautar urgência da anistia

O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), deu um ultimato ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), para pautar a urgência no projeto de lei que prevê anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro.

Durante a comunicação dos líderes na plenária de 4ª feira (23.abr.2025), Cavalcante dirigiu-se a Elmar Nascimento (União Brasil-BA), que presidia interinamente a sessão, e pediu que ele transmitisse uma mensagem a Motta, exigindo a inclusão do requerimento da urgência na pauta do colégio de líderes desta 5ª feira (24.abr).

Assista à fala de Sóstenes Cavalcante (a partir de 4h02min18s):

O líder da bancada do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse: “Se amanhã [5ª feira (24.abr)] esse requerimento não for incluído na pauta do colégio de líderes, nós, do PL, estamos entendendo que é um gesto do presidente Hugo Motta para com o PL”. Esse, segundo Cavalcante, representaria a “antipolítica”, o “desrespeito político” e a “falta de consideração” com o partido que foi um dos primeiros aliados de Motta.

Sóstenes Cavalcante, articulador do projeto de lei da anistia, declarou que “tudo na política tem limite”. 

“O presidente Hugo Motta pediu que os líderes não assinassem [o pedido de urgência do projeto], eu respeitei. Ele pediu um tempo, nós demos o tempo. O tempo agora acabou”, disse Cavalcante.

Em 14 de abril, Cavalcante protocolou o pedido de urgência para votar o projeto de lei da anistia. Conseguiu 264 assinaturas. Na manhã de 4ª feira (23.abr), Hugo Motta havia afirmado que o projeto de isenção do IR (Imposto de Renda) a quem recebe até R$ 5.000 tem prioridade na Casa em relação à proposta de anistia.

O presidente da Casa disse que a Câmara não precisa, “diante do cenário de crise na política internacional, criar mais crise institucional no Brasil”. Motta afirmou que está em diálogo com líderes partidários sobre o assunto.

Na noite de 4ª feira (23.abr), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com Motta e líderes partidários em um jantar na residência oficial do líder da Câmara. A expectativa inicial era discutir o PL da anistia, mas o tema acabou ficando em 2º plano.

Durante o encontro, Lula afirmou ser contrário à concessão de perdão a pessoas que “nem foram condenadas”. Cavalcante não participou do jantar.

Leia a íntegra do discurso de Sóstenes Cavalcante:

“Eu quero pedir à Vossa Excelência [deputado Elmar Nascimento] que transmita uma mensagem que quero agora dar ao presidente Hugo Motta. Nós do PL, essa aguerrida bancada que está aqui entrincheirada, fomos os primeiros aliados na eleição do presidente Motta quando, inclusive, Vossa Excelência, que é presidente em exercício, era também um pré-candidato a presidente. Pessoalmente, não preciso lhe dizer da simpatia que tinha à sua candidatura, e fiz isso público à época. Só que, por conveniências da Casa, por lealdade ao nosso presidente anterior, Arthur Lira, nós, do PL, fomos os primeiros aliados do presidente Hugo Motta. E temos muito orgulho de dizer isso, não temos vergonha.

“Agora, o presidente Hugo Motta, até agora, tem agradado o governo, e é papel dele agradar, porque ele também teve apoio do governo. Hoje, esta urgência não estava nem na pauta. Nós estamos permitindo que vote, porque nós não somos intransigentes nem com o governo, nós somos oposição, e muito menos com o presidente Hugo Motta. Mas tudo na política, presidente Elmar, tem limite. E o que eu gostaria que Vossa Excelência transmitisse ao presidente Hugo Motta essa minha mensagem dizendo a ele que nós do PL, no dia de hoje, estamos estabelecendo um limite na nossa relação política.

“Amanhã, é o dia da reunião do Colégio de Líderes. A maioria dos liderados e presididos pelo presidente Hugo Motta assinou a necessidade da urgência do PL da anistia. O PL da anistia é um PL humanitário. E o nosso limite, do PL, está estabelecido nessa minha fala aqui hoje. Se amanhã esse requerimento não for incluído na pauta do colégio de líderes, nós do PL, estamos entendendo que é um gesto do presidente Hugo Motta para com o PL da antipolítica, do desrespeito político e da falta de consideração com quem foram seus primeiros aliados.

“Presidente Elmar, tudo na política tem limite. Tudo. O presidente Hugo Motta pediu que os líderes não assinassem, eu respeitei. Ele pediu um tempo, nós demos o tempo. O tempo agora acabou. Amanhã, ou ele pauta junto com os líderes a urgência da anistia ou o limite do PL com ele chegou no nosso limite. Muito obrigado.”


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