Lucro da Tesla despenca 71% após envolvimento político de Elon Musk com Trump

A recente divulgação dos resultados financeiros da Tesla no primeiro trimestre de 2025 revelou uma retração expressiva nos lucros da companhia. A montadora reportou um ganho líquido de US$ 409 milhões, número que representa uma queda de 71% em relação ao mesmo período de 2024. A performance negativa ocorre em um momento de mudanças estratégicas e políticas envolvendo o fundador da empresa, Elon Musk.

Pontos Principais:

  • Lucro da Tesla caiu de US$ 1,1 bi para US$ 409 mi no 1º trimestre.
  • Elon Musk atua no governo Trump e enfrenta críticas e protestos.
  • Ações da empresa caíram cerca de 50% desde dezembro de 2024.
  • Mercado chinês foi impactado por tarifas e interrupções comerciais.

Musk, que assumiu posição de destaque no governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem dividido sua atuação entre as demandas institucionais e a gestão da Tesla. Essa dualidade de papéis, somada ao envolvimento público com causas políticas de viés conservador, gerou reações entre investidores e consumidores. Algumas vozes do mercado chegaram a sugerir a renúncia de Musk como CEO da Tesla.

Elon Musk assumiu um papel no governo Trump e, desde então, o lucro da Tesla despencou 71%. Investidores questionam se o bilionário ainda está no controle da própria empresa.
Elon Musk assumiu um papel no governo Trump e, desde então, o lucro da Tesla despencou 71%. Investidores questionam se o bilionário ainda está no controle da própria empresa.

O desânimo refletido no ambiente corporativo coincide com um cenário de protestos e ações públicas contrárias à imagem da empresa. Vandalismos a concessionárias e veículos da marca foram registrados, enquanto a Tesla também suspendeu vendas e importações de modelos em determinados mercados internacionais.

Desempenho financeiro no trimestre

O balanço do primeiro trimestre aponta um lucro de US$ 409 milhões, em contraste com os US$ 1,1 bilhão registrados no mesmo período do ano anterior. A queda representa uma desaceleração que já vinha sendo notada nos resultados da Tesla ao longo dos últimos ciclos fiscais. Em 2023, por exemplo, o lucro havia sido de US$ 2,51 bilhões, o que já indicava uma tendência negativa.

A receita também veio abaixo do esperado. Enquanto analistas projetavam arrecadação de US$ 21,11 bilhões, o resultado final ficou em US$ 19,34 bilhões. Essa diferença de mais de US$ 1,7 bilhão representa uma redução de 8,38% frente às expectativas do mercado financeiro.

A desaceleração foi atribuída, em parte, ao aumento da concorrência com montadoras chinesas, à diminuição no ritmo de inovação de produtos e à estagnação em segmentos estratégicos da linha de veículos da empresa.

Impacto político e protestos

O envolvimento de Elon Musk com o governo Trump e o apoio a partidos conservadores em diferentes países gerou reações negativas de parte do público e de movimentos sociais. Em algumas cidades europeias, como Londres, veículos da Tesla foram alvos de manifestações, incluindo a destruição pública de um Model S.

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Nos Estados Unidos, protestos em frente a lojas da montadora evidenciaram o descontentamento de setores da sociedade com o posicionamento político de Musk. As críticas se intensificaram após ele declarar apoio ao partido alemão AfD, conhecido por seu posicionamento de extrema direita.

As ações da Tesla caíram aproximadamente 50% desde 17 de dezembro, e a relação entre a atuação política de Musk e a perda de valor da empresa se tornou ponto central em debates do mercado de capitais.

Repercussão interna e medidas futuras

Durante a teleconferência de apresentação dos resultados trimestrais, Musk anunciou que reduzirá significativamente seu tempo dedicado ao Departamento de Eficiência do governo dos EUA, conhecido pela sigla DOGE. A partir de maio, o executivo pretende limitar sua atuação em assuntos estatais a um ou dois dias por semana.

Ele declarou que seguirá colaborando com a administração Trump “pelo tempo que o presidente quiser”, mas sinalizou que o foco voltará gradualmente à Tesla. Musk afirmou que o trabalho desempenhado até o momento contribuiu para combater desperdícios e fraudes, e que sua continuidade no governo se dará apenas se for considerada essencial.

Apesar da sinalização de mudança, a queda de 20% na receita da Tesla em relação ao ano anterior reforça a pressão sobre a gestão. A empresa também enfrenta restrições no comércio internacional, incluindo a suspensão das vendas de modelos como o Model S e o Model X na China, em virtude de barreiras tarifárias crescentes entre os dois países.

Desafios e incertezas

O cenário global para a Tesla permanece incerto, tanto por razões comerciais quanto políticas. A interrupção de importações de componentes da China impõe desafios logísticos à produção da montadora. Além disso, a defasagem em relação a novos lançamentos e a manutenção de uma frota com menor taxa de renovação ampliam a vulnerabilidade da empresa diante da concorrência.

A instabilidade provocada por fatores externos à gestão empresarial, como a atuação de Musk no governo norte-americano e seu alinhamento político, complica a previsibilidade de desempenho da Tesla. A empresa terá que reavaliar sua comunicação institucional e estratégias de mercado para conter o desgaste da marca e reconquistar a confiança de investidores e consumidores.

Enquanto a Tesla lida com os reflexos das decisões políticas de seu CEO e com a retração de seus indicadores financeiros, o mercado observa com cautela os próximos passos da companhia. A forma como Musk equilibrará suas responsabilidades no setor público e na Tesla poderá definir o rumo da montadora nos próximos trimestres.

Fonte: InfoMoney e G1.

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