O que são as raras e temidas jararacas-ilhoas, alvo de estudo inédito do Butantã


Espécie endêmica da Ilha da Queimada Grande, conhecida como ‘Ilha das Cobras’, será estudada na nova sede do Laboratório de Ecologia e Evolução (LEEv) do Instituto Butantan. Jararaca-ilhoa é alvo de estudo em centro de pesquisa do Instituto Butantan
Arquivo ICMBio, Rafael Benetti e Casa Civil de SP
A jararaca-ilhoa, espécie endêmica (exclusiva) da Ilha da Queimada Grande, conhecida como ‘Ilha das Cobras’ e localizada perto da costa entre Itanhaém e Peruíbe, no litoral de São Paulo, é alvo de estudo na nova sede do Laboratório de Ecologia e Evolução (LEEv) do Instituto Butantan.
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De acordo com o instituto, a sede do LEEv foi inaugurada em 21 de fevereiro na Rua Adolfo Lutz, em local próximo ao Museu da Vacina, na capital paulista. O Butantan, inclusive, promove uma visita guiada (veja detalhes mais adiante).
De acordo com o Butantan, a principal missão do espaço é conduzir ações e estudos voltados à conservação de serpentes ameaçadas de extinção, especialmente as nativas de ilhas litorâneas brasileiras, como a própria jararaca-ilhoa.
Jararaca-ilhoa
Renato Rodrigues/Comunicação Butantan
Confira detalhes e curiosidades que envolvem a jararaca-ilhoa a partir dos seguintes pontos:
Conhecendo a jararaca-ilhoa
Adaptação gera sobrevivência
Centro de estudo do Butantan
Maior youtuber do mundo na Ilha das Cobras
Jararaca-ilhoa 🐍
Jararaca-ilhoa na Ilha da Queimada Grande
João Rosa
A jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), de acordo com o biólogo Éric Comin, é considerada uma das cobras mais peçonhentas e perigosas do mundo.
“Ela é uma jararaca de coloração meio esverdeada com tom voltado ao amarela. Com isso, ela tem uma camuflagem muito boa”, explicou ele ao g1.
Ela se adaptou na ilha devido a um isolamento geográfico da glaciação. “Acredita-se que foi isso e, nesse isolamento, ela teve que caçar aves do continente que vão até a ilha. Para ela caçar essas aves, se ela pica a ave e a peçonha não é forte, a ave voa, vai embora e cai em outro lugar”.
Por isso, a espécie se adaptou para picar e, consequentemente, provocar a morte imediata do animal. O biólogo afirmou que a serpente não cresce muito, mas mede aproximadamente um metro de comprimento. No entanto, a picada é equivalente a de quatro jararacas. “É muito forte”.
“Dentro desse isolamento geográfico […] a peçonha dela se potencializou de uma tal forma que a partir do momento que ela dava o bote, a ave já morria e ficava no galho”, complementou.
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Adaptação
Jararaca-ilhoa (à esq.) e jararaca (à dir.)
Rafael Benetti e Instituto Butantan
Ao g1, o pesquisador do Instituto Butantan, Otavio Marques, informou anteriormente que as mudanças no animal ocorreram por causa da adaptação à ilha, que é a 2ª com maior densidade populacional de cobras no planeta.
Otavio explicou que a jararaca-ilhoa é como uma ‘irmã’ da jararaca (Bothrops jararaca) fora da ilha. Neste sentido, o pesquisador comparou a irmandade entre humanos e chimpanzés. Segundo ele, as serpentes se separaram há aproximadamente 11 mil anos em função da elevação do nível do mar.
“A ilha é uma montanha que está lá no meio do oceano e [a jararaca-ilhoa] ficou isolada. Esse isolamento em função das características da ilha, de não ter mais rato, de ter outros tipos de predadores, ela se modificou”, disse Otavio.
O pesquisador afirmou que a comparação entre as serpentes evidencia que a jararaca do continente – ou seja, fora da ilha – é mais amarronzada. “Você bate o olho e vê que é diferente só pela coloração. Mas aí tem uma diferença, como não tem rato lá na ilha, ela [jararaca-ilhoa] passou a comer aves”, disse.
O pesquisador citou um cálculo feito pelo Instituto Butantan em 2008 e repetido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). De acordo com ele, aproximadamente três mil cobras devem estar distribuídas pela Ilha da Queimada Grande.
Ilha da Queimada Grande
Eric Comin
Além do isolamento, outro fator que causou a modificação entre as espécies é a ausência de roedores. “Você realmente tem uma população muito grande [na ilha]. Essa população, provavelmente, cresceu em função de não ter competidor e de não ter tanto predador”, explicou Otavio.
Por não ter ratos na Ilha das Cobras, a jararaca-ilhoa teve que se adaptar e comer outro tipo de alimento. “80% da dieta dela é baseada em aves, então para isso ela precisou usar mais a vegetação”, ressaltou ele.
Ambas são capazes de ‘escalar’ a vegetação, porém, a jararaca-ilhoa sobe ainda mais, o que demonstra aos pesquisadores que ela tem uma pele mais elástica. “A gente vê que a pele dela é mais fininha, ela é mais leve, ela é mais delgada, ela tem a cauda maior”, disse Otavio.
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Centro de estudo do Butantan
Nova sede do Laboratório de Ecologia e Evolução
Casa Civil de SP
Segundo o instituto, o laboratório está incorporado a um ambiente de floresta, sendo um dos maiores remanescentes da Mata Atlântica da cidade de São Paulo, numa área de 1.538m².
De acordo com o Butantan, o LEEv estuda a evolução e conservação de espécies, com ênfase em répteis. “A nova sede foi planejada para, no futuro, abrigar o primeiro criadouro científico para fins de conservação de espécies do Brasil. O viveiro será para a preservação da Jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), espécie em crítico risco de extinção”, afirmou o instituto, por meio de nota.
As visitas ao LEEv são realizadas em quatro horários (10h, 11h, 14h e 15h), de terça a sexta-feira (exceto aos feriados), e têm duração média de 30 minutos. São 20 vagas por sessão com inscrição prévia via formulário. A atividade é acessível às Pessoas com Deficiência (PCDs) que serão atendidas preferencialmente, mediante inscrição prévia e apresentação de documento comprovatório.
Inscrições e mais informações estão disponíveis no Portal do Parque da Ciência.
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Maior youtuber do mundo na Ilha das Cobras
MrBeast, maior youtuber do mundo, visita lugares mortais e elege ilha em SP como o pior
O vídeo de MrBeast, considerado o maior youtuber do mundo, continua viralizando com sua visita à Ilha das Cobras. Ele elegeu o local como o mais mortal do planeta entre cinco destinos perigosos. Agora, mais de 98 milhões de pessoas já assistiram à aventura cheia de riscos, cobras venenosas e momentos de tensão.
Jimmy acampou na Ilha das Cobras junto com amigos e cientistas. Os participantes usaram proteções especiais nas pernas contra as mordidas venenosas, mas o grande problema da área é que as serpentes também podem atacar de cima das árvores.
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MrBeast enfrentou cobras mortais na ‘Ilha das Cobras’. ATENÇÃO: As serpentes da foto foram colocadas com edição pelo youtuber
Reprodução/YouTube
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