Senador democrata se reúne com deportado por engano dos EUA

O senador norte-americano Chris Van Hollen (Partido Democrata, Maryland) se encontrou, em El Salvador, com Kilmar Abrego Garcia, deportado por engano pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano).

Eu disse que meu principal objetivo com essa viagem era me encontrar com Kilmar. Esta noite, eu tive a oportunidade”, disse o senador em publicação feita em seu perfil no X (ex-Twitter) na noite de 5ª feira (17.abr.2025).

Van Hollen viajou a El Salvador na 4ª feira (16.abr) e se reuniu com o vice-presidente salvadorenho, Félix Ulloa (Nuevas Ideas). O senador fez uma 1ª solicitação para visitar Abrego Garcia na prisão de segurança máxima onde está detido, mas havia sido impedido. Na 5ª feira (17.abr), o norte-americano conseguiu o encontro.

Eu telefonei para Jennifer, sua mulher, para passar a mensagem dele de amor. Mal posso esperar para fornecer uma atualização completa quando retornar”, disse o político norte-americano.

Na viagem a El Salvador, o senador questionou por que o país continua mantendo o deportado preso, uma vez que “Abrego Garcia não cometeu crime”, mas “foi ilegalmente deportado, segundo tribunais norte-americanos”. Ele citou que o governo salvadorenho “não encontrou evidências de ligação” de Abrego Garcia com a MS-13a Mara Salvatrucha, conhecida como MS-13, é uma gangue surgida em Los Angeles nos anos 1980 e que, inicialmente, buscava proteger imigrantes salvadorenhos.

O caso tornou-se central na política de deportação em massa promovida por Trump. Embora a Justiça dos EUA tenha determinado que o governo deve “facilitar” o retorno de Abrego Garcia ao país depois de sua deportação ter sido considerada ilegal, o presidente norte-americano se recusa a tomar medidas para garantir a volta.

Durante visita à Casa Branca nesta semana, o presidente salvadorenho, Nayib Bukele (Nuevas Ideas) afirmou que não pretende libertar ou “devolver” Abrego Garcia. Bukele mantém relações próximas com Trump.

O governo dos EUA diz que Abrego Garcia é um “terrorista” e “integrante da gangue MS-13”, citando um processo da Corte de Imigração de 2019. No entanto, a juíza federal Paula Xinis, que ordenou seu retorno aos EUA, classificou as evidências de qualquer afiliação com gangues como extremamente frágeis: limitavam-se a uma denúncia anônima e ao fato de Abrego Garcia vestir roupas do Chicago Bulls, time de basquete.

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reprodução/X

senador Chris Van Hollen, do Partido Democrata, com família de Kilmar Abrego Garcia, deportado erroneamente a El Salvador pelos Estados Unidos

Advogados do governo norte-americano admitiram que Abrego Garcia foi deportado violando a lei federal, pois um juiz de imigração havia determinado, em 2019, que ele enfrentava um temor legítimo de ser perseguido em El Salvador e não poderia ser deportado para seu país de origem.

A juíza Xinis anunciou na 3ª feira (15.abr) que seu tribunal iniciará uma investigação “intensa” sobre as tentativas do governo Trump de trazê-lo de volta aos EUA. “Estou seguindo o mais próximo possível a Suprema Corte”, disse. “Na minha visão, não há o que se possa apelar. Agora, vamos aos fatos”, declarou.

Enquanto democratas se preparam para mais viagens a El Salvador, congressistas republicanos visitam o país para demonstrar apoio aos planos de deportação de Trump. O deputado Riley Moore (Partido Republicano, West Virginia) publicou na 4ª feira (16.abr) uma série de fotos suas diante de detentos na mega prisão CECOT, declarando estar “ainda mais determinado a apoiar os esforços do presidente Trump” para “proteger” os EUA.

A disputa em torno de Abrego Garcia se dá no contexto da controversa política de deportação em massa prometida por Trump durante sua campanha presidencial. O caso é visto como um teste importante sobre os limites do poder executivo em questões de imigração e o respeito às decisões judiciais.


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