Pesquisa do IR: maioria não entende o valor nem destino do imposto

O Imposto de Renda (IR) é uma das principais obrigações fiscais do brasileiro. Anualmente, milhões de trabalhadores precisam declarar seus rendimentos e, em muitos casos, arcar com o pagamento de valores adicionais ao que já foi descontado diretamente na fonte. 

Mesmo com essa relevância, uma nova pesquisa feita pela Datatudo com leitores do blog meutudo escancarou um grande problema: boa parte dos brasileiros não entende quanto paga de imposto, nem para onde vai esse dinheiro.

Neste artigo, vamos mostrar por que a compreensão do IR ainda é tão limitada e como isso impacta a relação do brasileiro com os tributos.

Também traremos caminhos possíveis para aumentar a transparência e a confiança no sistema. Afinal, entender para onde vai o nosso dinheiro é fundamental.

Entendimento sobre o desconto do IR ainda é limitado

A complexidade do sistema tributário brasileiro é um obstáculo real para que a população compreenda o funcionamento do Imposto de Renda.

Leia também: [Guia atualizado] Como declarar Imposto de Renda

Isso faz com que uma parcela significativa das pessoas não consiga entender o motivo dos descontos em seus contracheques nem o quanto efetivamente paga de imposto ao longo do ano.

45% acham injusto ou ficam incomodados com o desconto

De acordo com a pesquisa, 45% dos entrevistados disseram se sentir incomodados com o desconto do IR na folha de pagamento. Esse desconforto muitas vezes está associado à percepção de que o desconto é elevado e pouco transparente.

Mais alarmante ainda é que 25% afirmaram considerar o valor do imposto injusto e desproporcional à renda.

Grafico que aponta que 45% sabe que é necessário o desconto na folhade pagamento

Esse dado indica um sentimento generalizado de que o sistema não respeita a capacidade contributiva dos cidadãos. Ou seja, mesmo quem ganha menos sente que paga muito.

A falta de clareza sobre os critérios de cálculo do imposto contribui para essa insatisfação. Muitos não entendem que o IR é progressivo e que a alíquota aumenta conforme o salário sobe. 

Muitos não sabem quanto pagam de imposto

Se é difícil entender por que o IR é descontado, mais difícil ainda parece ser saber exatamente quanto se paga.

Segundo a pesquisa Datatudo, 58% das pessoas afirmaram que não sabem calcular o IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte), que é o desconto feito diretamente no salário mensal.

Grafico que aponta que 58& não sabe que calcular quanto deve ser seu imposto de renda

Apenas esse dado já revela o quanto o sistema ainda é pouco acessível. Mas a pesquisa vai além: 61% dos entrevistados acreditam que o salário bruto é o único fator determinante no cálculo do imposto, o que não é verdade.

O cálculo leva em conta uma série de variáveis, como deduções por dependentes, despesas médicas e educacionais, contribuição ao INSS, entre outras.

Além disso, 19% acreditam que o desconto do INSS influencia diretamente no valor do IR, 13% acham que o número de dependentes impacta o cálculo e 7% mencionam a pensão alimentícia como fator relevante.

Grafico que aponta que  61% acham que o salário é  maior influencia para o calculo do imposto de renda

Embora alguns desses elementos realmente afetem o valor final, o conhecimento sobre o funcionamento exato das faixas e deduções é extremamente limitado.

Para onde vai o dinheiro do IR? Boa parte não sabe responder

Uma das questões mais simbólicas da pesquisa é sobre o destino do imposto. Mesmo sendo obrigados a pagar, 46% dos respondentes não sabem o que é feito com esse dinheiro.

gráfico que aponta que 46% não faz ideia para onde vai o dinheiro do imposto de renda

Isso prejudica a confiança nas instituições públicas e alimenta a sensação de que o imposto é um custo mal utilizado.

Desconfiança sobre a destinação dos recursos

A maioria dos brasileiros paga um imposto que não sabe para quê serve. No entanto, essa falta de conhecimento não é culpa do contribuinte.

A falta de campanhas governamentais grandes que expliquem a destinação dos recursos e a ausência de transparência sobre a aplicação do dinheiro público tornam difícil para a população acompanhar os investimentos feitos com o IR.

E isso gera desconfiança: 58% dos entrevistados disseram não perceber melhorias nos serviços públicos em função do imposto pago, e apenas 20% disseram notar algum tipo de retorno.

grafico que aponta que 58% não acha que a retorno no serviço publico com o imposto de renda

Esse dado é crucial: mesmo quem cumpre suas obrigações fiscais não sente que o Estado entrega aquilo que promete.

Esse é o tipo de percepção que mina a credibilidade das instituições e alimenta comportamentos de evasão e desinteresse pela participação cívica.

Quais áreas deveriam receber os recursos do IR?

Apesar da desconfiança, a população sabe muito bem onde gostaria de ver os impostos sendo aplicados.

Quando questionados sobre quais áreas deveriam receber mais investimentos com os recursos do IR, os participantes da pesquisa apontaram:

  • 29% disseram que os recursos deveriam ir para a saúde e o SUS
  • 21% gostariam de mais investimentos em educação pública
  • 16% acreditam que infraestrutura básica deveria receber mais atenção
  • 15% destacaram a segurança pública como prioridade
Gráfico que mostra que 29% acha que o imposto de renda deveria ser investido na saúde

Esses dados indicam uma valorização clara de setores essenciais. O contribuinte não é contra pagar impostos — ele só quer saber que o dinheiro está sendo bem usado.

Restituição é mal compreendida e mal explicada

Outro ponto abordado na pesquisa foi a restituição do Imposto de Renda, que ocorre quando o contribuinte pagou mais imposto do que deveria ao longo do ano.

Saiba mais: Restituição do Imposto de Renda: datas, grupos e lotes 

Apesar de ser uma prática comum e prevista em lei, a restituição ainda é mal compreendida pela maioria das pessoas. 

Cerca de 48% dos entrevistados disseram não saber exatamente como funciona a restituição do IR, e 10% acreditam que ela seja uma espécie de bônus ou dinheiro extra, o que não é verdade.

Grafico que aponta que 48% não sabe como funciona a restituição

População não entende quanto deve receber

A restituição nada mais é do que a devolução de valores pagos a mais, considerando as despesas dedutíveis informadas na declaração.

Mas a confusão vai além. 43% não sabem como é feito o cálculo da restituição, e 23% acham o processo confuso.

grafico aponta que 43% nunca se interessou em saber como é feito o calculo de restituição

Isso mostra que não basta devolver o dinheiro ao contribuinte, é necessário explicar de forma didática por que ele está recebendo aquele valor.

Metade dos entrevistados acredita que o valor da restituição deveria vir acompanhado de uma explicação detalhada sobre como ele foi calculado. Essa simples medida poderia aumentar a compreensão e a confiança no sistema, além de reduzir erros e retrabalhos.

grafico que aponta que 50% acha que é necessário a explicação de talhada do calculo da restituição

Como a restituição poderia impactar financeiramente?

A restituição, quando bem compreendida, pode ser uma excelente oportunidade de reorganização financeira. A pesquisa mostrou que:

  • 46% das pessoas usariam o valor para quitar dívidas, o que é altamente positivo do ponto de vista econômico
  • 15% afirmaram que investiriam o valor recebido, demonstrando um foco em planejamento e segurança financeira
Grafico que aponta que 46% usaria a restituição para quitar divida

Esses dados indicam que a restituição tem potencial de ajudar os brasileiros a reequilibrar suas finanças, mas só se eles entenderem de onde vem o dinheiro e como foi calculado. Sem essa transparência, o benefício perde parte de seu impacto.

Como melhorar a transparência sobre o IR?

A falta de entendimento sobre o Imposto de Renda, tanto no cálculo quanto na destinação dos recursos, escancara a necessidade urgente de ações que aumentem a transparência fiscal no Brasil.

A pesquisa feita pela Datatudo mostra que a maioria das pessoas não sabe quanto paga, não entende como funciona a restituição e muito menos para onde vai o dinheiro arrecadado.

Com base nesses dados, é possível propor uma série de soluções práticas que podem contribuir significativamente para uma melhor compreensão e confiança no sistema, como:

  • Explicações detalhadas e personalizadas no informe de rendimentos
  • Simuladores acessíveis e simplificados de IR em plataformas públicas
  • Campanhas de educação fiscal em escolas e redes sociais
  • Relatórios anuais personalizados enviados aos contribuintes
  • Maior transparência da Receita Federal sobre o uso do IR

Iniciativas como essas poderiam transformar a percepção da população sobre o IR, promovendo mais consciência e engajamento.

Onde calcular os valores do Imposto de Renda?

Uma das formas mais práticas de entender o quanto se paga de IR é utilizar uma calculadora de Imposto de Renda online.

Essa ferramenta simula quanto será descontado do salário e quais são as alíquotas aplicadas, de forma automática e clara.

Para isso, você pode usar a calculadora do IRRF da meutudo, que ajuda o usuário a:

  • Simular quanto será descontado por mês
  • Compreender a lógica do cálculo, incluindo deduções
  • Planejar sua declaração com mais segurança

Para usá-la, basta adicionar as informações solicitadas abaixo:

Calculadora Imposto de Renda – IRRF









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Onde me informar sobre o destino do IR?

Para quem deseja entender para onde vai o dinheiro dos impostos, o caminho é buscar fontes confiáveis e oficiais.

O site da Receita Federal oferece dados sobre arrecadação e destino dos tributos, bem como relatórios e estudos que detalham a aplicação do dinheiro público.

Outras iniciativas como portais de transparência e observatórios fiscais também contribuem para o controle social dos gastos públicos.

Além disso, o aumento da educação financeira e fiscal nas escolas e mídias pode criar uma nova geração de contribuintes mais conscientes e engajados.

A pesquisa da Datatudo com os leitores do blog meutudo traz à tona uma realidade preocupante: o Imposto de Renda ainda é um grande enigma para a maioria da população brasileira.

Desde o cálculo dos descontos até a destinação dos recursos, o cenário é de desinformação, insatisfação e, principalmente, falta de confiança.

Mas ferramentas, como a calculadora de IR da meutudo, e a busca por mais transparência, educação fiscal e canais de informação confiáveis podem ajudar a reconstruir a relação entre a sociedade e o sistema tributário.

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