Brasil tem mais de 335 mil pessoas em situação de rua, aponta levantamento da UFMG


São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE) e Salvador (BA) são as capitais com o maior número de sem-teto. Pesquisa mostra perfil demográfico e violências contra esta população. Homem em situação de vulnerabilidade dorme na calçada da Rua da Consolação, em São Paulo
Celso Tavares/g1
O Brasil tem 335.151 pessoas em situação de rua, segundo um estudo produzido pelo programa Polos de Cidadania, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O levantamento foi divulgado nesta segunda-feira (14).
O monitoramento é realizado a partir de dados do Cadastro Único (CadÚnico), do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). De acordo com a pesquisa, em março, houve um aumento de aproximadamente 1,76% no número de sem-teto no país se comparado a janeiro, quando havia 329.370.
São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE) e Salvador (BA) são as capitais brasileiras com a maior quantidade de pessoas nesta situação. Veja gráfico abaixo:

Das cinco regiões brasileiras, o Sudeste, com 208.791 sem-teto, concentra mais da metade da população nas ruas do país (63%). Veja gráfico abaixo:

Perfil demográfico
O estudo também traça o perfil demográfico da população em situação de rua no Brasil, com base em sexo, gênero, idade, escolaridade e renda:
Sexo
Sexo masculino: 281.269 pessoas em situação de rua (84%)
Sexo feminino: 53.882 pessoas em situação de rua (16%)
Gênero
Identidade de gênero masculina: 4.718 pessoas em situação de rua
Identidade de gênero feminina: 1.074 pessoas em situação de rua
Não binário: 29 pessoas em situação de rua
Sem resposta: 329.330 pessoas em situação de rua
Transgênero: 346 pessoas em situação de rua
Travesti: 78 pessoas em situação de rua
Idade
Entre 18 e 59 anos: 294.467 (88%)
Idosos: 30.751 (9%)
Crianças e adolescentes: 9.933 (3%)
Escolaridade
52% das pessoas em situação de rua não terminaram o ensino fundamental ou não têm instrução
Renda
272.069 das pessoas em situação de rua (81%) sobrevivem com até R$ 109,00 por mês
Violências
A pesquisa também mostra as principais violências sofridas pela população em situação de rua entre 2020 e 2024. Neste período, foram 46.865 registros pelo Disque 100, sendo:
20.538 em vias públicas;
1.886 em serviços de abrigamento;
1.714 em órgãos públicos
1.240 em estabelecimentos comerciais;
823 em estabelecimentos de saúde;
381 em Centros de Referência;
226 em instituições de longa permanência para Idosos.
Análise
Conforme os pesquisadores, o crescimento do número de sem-teto no país nos últimos 12 anos deve ser analisado, pelo menos, a partir de duas perspectivas:
o fortalecimento do CadÚnico como principal instrumento de registro da população em situação de rua e de acesso às políticas públicas sociais no país a partir de 2012;
a ausência e/ou a insuficiência histórica de políticas públicas estruturantes, principalmente, de moradia, com a população em situação de rua, majoritariamente negra no país, agravadas pela pandemia da covid-19, pela perda e precarização das condições de trabalho e de vida.
Para eles, o cenário atual é preocupante.
“Há ausência e/ou insuficiência de políticas públicas estruturantes, como moradia, trabalho e educação, e com aumento dos registros de violências e violações de direitos”, afirma o estudo.
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