Flávio Bolsonaro fala sobre Carla Zambelli: “Não merece estar presa”

Carla Zambelli, deputada federal licenciada e atualmente foragida da Justiça brasileira, foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal a dez anos de prisão por sua participação na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça. O caso ganhou repercussão não apenas por envolver uma parlamentar em exercício, mas também pelas declarações políticas que se seguiram à sua fuga para a Itália, com uso de passaporte europeu. A reação do senador Flávio Bolsonaro, que classificou a condenação como injusta, provocou nova rodada de debates sobre o tratamento jurídico de aliados do ex-presidente.

Pontos Principais:

  • Flávio Bolsonaro disse que Zambelli cometeu crime, mas considera a pena excessiva.
  • Deputada foi condenada por forjar mandado contra Moraes com ajuda de hacker.
  • Zambelli fugiu do Brasil usando passaporte italiano e segue foragida em Roma.
  • Lewandowski confirmou tratativas de extradição, mas Itália não confirmou paradeiro.
  • Senador propõe incluir Zambelli em projeto de anistia dos atos de 8 de janeiro.

A parlamentar foi apontada como responsável por instigar o hacker Walter Delgatti Neto a forjar um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. A ação, de 2022, foi julgada com trânsito em julgado neste ano, e sua pena foi determinada com base em crimes ligados à segurança de sistemas judiciais. Zambelli deixou o país em voo com destino à Itália, utilizando sua cidadania dupla para ingressar legalmente em território europeu. Desde então, seu paradeiro permanece indefinido, e o governo brasileiro trabalha com autoridades italianas para viabilizar a extradição.

Flávio Bolsonaro declarou que Carla Zambelli cometeu crime, mas a pena imposta de dez anos foi injusta, apontando desproporcionalidade no julgamento do STF - Foto Lula Marques/ Agência Brasil
Flávio Bolsonaro declarou que Carla Zambelli cometeu crime, mas a pena imposta de dez anos foi injusta, apontando desproporcionalidade no julgamento do STF – Foto Lula Marques/ Agência Brasil

A fala pública de Flávio Bolsonaro representou a primeira manifestação direta do senador sobre o caso. Apesar de reconhecer que a colega cometeu crime, ele alegou desproporcionalidade na condenação. Para Flávio, a pena de dez anos não condiz com os atos atribuídos à deputada e pode refletir perseguição política. Essa posição se alinha a sua proposta de que Zambelli também seja contemplada por uma possível anistia, semelhante à cogitada para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.

Fuga, passaporte italiano e extradição

Zambelli embarcou em um voo internacional partindo dos Estados Unidos e desembarcou no Aeroporto de Fiumicino, em Roma, no dia 5 de junho. Utilizou seu passaporte italiano para cruzar o controle de fronteira, recurso permitido a cidadãos com dupla nacionalidade. Desde então, não houve confirmação oficial de seu paradeiro pelas autoridades brasileiras ou italianas.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, declarou em evento público que já se tem uma ideia da localização da deputada e que a extradição ocorrerá em breve. Ele também reforçou a existência de acordos jurídicos entre Brasil e Itália que permitem a cooperação nesse tipo de caso, mesmo em situações envolvendo cidadãos com dupla cidadania.

Entretanto, no Parlamento italiano, a subsecretária do Interior, Wanda Ferro, afirmou que a Polícia do país ainda não localizou Zambelli. Essa divergência evidencia a complexidade do processo e reforça a imprevisibilidade do desfecho. Mesmo diante da incerteza, o governo brasileiro reiterou que a nacionalidade italiana não impede a extradição, de acordo com as cláusulas do tratado bilateral em vigor.

Reações políticas e posicionamentos

Desde sua fuga, Carla Zambelli tem sido alvo de críticas e manifestações políticas diversas. O ex-presidente Jair Bolsonaro, ao ser questionado sobre o caso, afirmou não ter relação com a situação da deputada. Nos bastidores, parte da base bolsonarista já havia se distanciado dela desde 2022, quando a parlamentar correu armada atrás de um homem em São Paulo, episódio que ganhou notoriedade durante o período eleitoral.

Flávio Bolsonaro adotou discurso crítico ao processo judicial, questionando a celeridade da condenação imposta pelo STF. Segundo ele, o ritmo do julgamento pode comprometer a percepção de normalidade institucional. Além disso, o senador classificou o comportamento de Zambelli como sinal de desespero diante do sistema de Justiça, reforçando sua visão de que a deputada sofre perseguição política.

A fala gerou repercussão entre opositores, que apontaram incoerência na defesa de figuras envolvidas em crimes comprovados. A lembrança de investigações antigas, como o caso das “rachadinhas”, também voltou à tona no debate público. Flávio Bolsonaro, porém, manteve sua posição e afirmou que é preciso apoiar pessoas que, segundo ele, são tratadas de forma desigual pelas instituições.

Processo no STF e origem da condenação

O caso que levou à condenação de Carla Zambelli envolve diretamente o hacker Walter Delgatti Neto, já conhecido por envolvimento em episódios anteriores de invasão de dados, como na chamada “Vaza Jato”. Em 2022, ele afirmou ter recebido orientação da deputada para forjar documentos simulando ações do ministro Alexandre de Moraes, incluindo a emissão de um falso mandado de prisão.

As investigações da Polícia Federal, somadas à colaboração premiada de Delgatti, levaram à acusação formal e posterior julgamento no Supremo Tribunal Federal. O STF considerou que Zambelli utilizou seu cargo e influência para viabilizar um ataque institucional contra o sistema judiciário. A pena de dez anos foi fixada com base em crimes como associação criminosa, falsidade ideológica e tentativa de constrangimento ilegal contra autoridade.

A condenação foi executada após o trânsito em julgado, o que levou à emissão de mandado de prisão imediato. Com isso, a parlamentar se antecipou à prisão e deixou o Brasil. A decisão de se refugiar no exterior aumentou a tensão política e reacendeu discussões sobre o papel do Legislativo diante de crimes praticados por seus membros.

Anistia e debate jurídico no Congresso

Flávio Bolsonaro sugeriu que Zambelli seja incluída em um eventual projeto de anistia em tramitação no Congresso. A proposta, inicialmente elaborada para beneficiar envolvidos nos atos de 8 de janeiro, encontra-se paralisada tanto na Câmara quanto no Senado. O senador argumenta que a parlamentar se encaixa na lógica de perseguição político-judicial que justificaria o benefício da anistia.

O debate sobre anistia, no entanto, tem gerado divergências entre parlamentares e juristas. Parte do Congresso considera inadequado estender a proposta a crimes praticados antes dos eventos de janeiro. Outros apontam que a medida poderia abrir precedente para impunidade, enfraquecendo o papel fiscalizador da Justiça.

A fala de Flávio foi interpretada como uma tentativa de reabilitação política de Zambelli dentro do campo conservador. A eventual aprovação de anistia, contudo, dependeria de articulação complexa e da retomada do tema em meio à polarização atual. Enquanto isso, o destino jurídico e político da deputada segue indefinido.

Fonte: Folha e Poder360.

O post Flávio Bolsonaro fala sobre Carla Zambelli: “Não merece estar presa” apareceu primeiro em Carro.Blog.Br.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.