Expulsão de cavaleiro das Cavalhadas de Pirenópolis divide opiniões na web; entenda a polêmica


Paulo Geovane de Oliveira foi expulso após ter declarado apoio à ex-candidata à prefeita da cidade, Ynâe Siqueira Curado (UB), durante a festividade. Em nota, a homenageada repudiou a decisão e caracterizou o ato como ‘autoritário’. Cavaleiro é expulso das Cavalhadas de Pirenópolis após manifestar apoio político durante a festividade
Reprodução/Instagram de Ynâe Siqueira Curado e Wildes Barbosa/O Popular
A expulsão de um cavaleiro das Cavalhadas de Pirenópolis dividiu opiniões na web. Paulo Geovane de Oliveira foi expulso após ter entregado uma argola e declarado apoio à ex-candidata à prefeita da cidade, Ynâe Siqueira Curado (UB). A manifestação cultural e religiosa ocorre há 199 anos.
Clique aqui e siga o perfil do g1 Goiás no Instagram
Em nota divulgada na quarta-feira (12), o Instituto Cultural Cavalhadas de Pirenópolis, responsável pelo evento, destacou que a decisão foi tomada de forma unânime e que a ação do ex-cavaleiro descumpre os princípios que regem a tradição centenária (leia o pronunciamento completo ao final do texto).
“Durante determinado momento da Cavalhada, o ex-cavaleiro utilizou-se do microfone para fazer declaração de cunho político partidário, relacionando a entrega simbólica de argolinha a potencial candidato político”, pontuou o texto.
O g1 entrou em contato com Paulo Geovane na manhã deste domingo (15) para que pudesse se posicionar sobre o ocorrido, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
O instituto destacou que a entrega da argola não gerou a expulsão de Paulo, mas sim “o uso político e promoção feito em momento e espaço dedicados à cultura e à fé”. Antes da decisão, a homenageada, que já foi vereadora de Pirenópolis, compartilhou um registro do momento e agradeceu a ele.
Com a expulsão do cavaleiro, a ex-candidata publicou uma carta de repúdio em que demonstrou solidariedade e defendeu que Paulo foi um cavaleiro dedicado e apaixonado pela festa. “Ele não cometeu nenhum crime, não desrespeitou ninguém, não feriu a tradição. Apenas expressou apoio a mim — uma mulher pública, ex-mandatária, que segue lutando pelo povo e que também tem raízes, história e amor profundo por Pirenópolis”, ressaltou.
“As Cavalhadas não pertencem a um grupo, elas são do povo. São feitas de sentimento, fé e da história de cada pirenopolino que sonha, desde criança, em vestir uma fantasia, montar um cavalo e viver aquele momento mágico. Retirar Paulinho desse sonho, por um gesto de carinho, é trair a essência mais bonita da festa”, escreveu Ynâe.
Ynâe considerou ainda que o ato foi autoritário e “uma tentativa de silenciar uma opinião e impedir que as pessoas se expressarem livremente”. De acordo com ela, outros cavaleiros já se manifestaram politicamente por meio do evento. A representante política mencionou que irá lutar para reverter a decisão (leia a carta na íntegra ao final do texto).
✅ Clique e siga o canal do g1 GO no WhatsApp
Por outro lado, a direção das Cavalhadas divulgou que esta não foi a primeira vez que o participante realizou uma manifestação pública com interesses políticos. “Já em outras ocasiões, o referido cavaleiro utilizou a estrutura e os símbolos da Cavalhada para promover interesses políticos, em desrespeito ao compromisso de neutralidade que se espera de todos os participantes”.
“A Cavalhada não é palco político – é expressão de tradição, união e devoção”, disse o instituto. Com a decisão, o ex-cavaleiro não pode mais representar o Castelo Mouro nem participar das encenações entre Mouros e Cristãos.
LEIA TAMBÉM:
Circuito de Cavalhadas de 2025 conta com 15 cidades goianas e eventos que vão de maio a setembro; veja programação
Foto das Cavalhadas de Pirenópolis vence concurso de fotografia da Wikipédia e vai representar Brasil em etapa internacional
Pirenópolis celebra a tradição com a Festa do Divino Espírito Santo e Cavalhadas
Repercussão
Cavalhadas de Pirenópolis (GO)
Diego Monteiro / Prefeitura de Pirenópolis
Com a expulsão de Paulinho, como é popularmente conhecido, internautas e moradores de Pirenópolis usaram as redes sociais para comentar sobre o ocorrido.
“Os cavaleiros tem um código de conduta dentro da arena! Eles não podem fazer nenhum ato de manifestação política. Isso é fato, fora da arena eles podem vestir qualquer camisa partidária ou até andar com faixa, dentro da arena não e todos os cavalheiros sabem disso”, escreveu um homem.
Outras pessoas se solidarizaram com o ex-cavaleiro e destacaram que ele participava da festa há muitos anos.
O evento ocorreu de 8 a 10 de junho, mas continua repercutindo nas redes sociais. “Liberdade de expressão” e “código de conduta” estão entre os assuntos que movimentaram o debate.
Nota oficial do Instituto Cavalhadas de Pirenópolis
O Instituto Cultural Cavalhadas de Pirenópolis, juntamente com os representantes dos Castelos Cristão e Mouro, sob a liderança dos Reis e Embaixadores, vem a público informar que o senhor Paulo Geovane de Oliveira, não integra mais o quadro de cavaleiros das Cavalhadas de Pirenópolis-GO.
A decisão foi tomada de forma unânime pelos Reis e Embaixadores, com o apoio de todos os demais cavaleiros, em conformidade com o Estatuto e o Regimento Interno, após a ocorrência de episódio que vai de encontro aos princípios que regem nossa tradição centenária.
Durante determinado momento da Cavalhada, o ex-cavaleiro utilizou-se do microfone para fazer declaração de cunho político partidário, relacionando a entrega simbólica de argolinha a potencial candidato político. Esclarecemos que o ato da entrega de argolinha não é o problema, mas sim o uso político e promoção feito em momento e espaço dedicados à cultura e à fé, de modo que, a manifestação gerou imediata reprovação por parte do público, que reagiu com vaias o espetáculo.
Reforçamos que a Cavalhada é uma manifestação cultural e religiosa, com caráter apartidário. Ao longo de seus 199 anos, manteve-se acima de interesses políticos, sendo sustentada pelo povo pirenopolino, independentemente de partidos, governos ou gestores públicos.
Válido salientar que infelizmente, esta não foi a primeira ocorrência. Já em outras ocasiões, o referido cavaleiro utilizou a estrutura e os símbolos da Cavalhada para promover interesses políticos, em desrespeito ao compromisso de neutralidade que se espera de todos os participantes.
Diante disso, e visando preservar a integridade, o respeito e a seriedade da festa, foi decidido que o senhor Paulo Geovane de Oliviera não poderá mais representar o Castelo Mouro nem participar das encenações entre Mouros e Cristãos.
Reafirmamos nosso compromisso com a fé, a cultura e o povo de Pirenópolis. A Cavalhada não é palco político – é expressão de tradição, união e devoção.
Pirenópolis-GO, 12 de junho de 2025
Carta de Repúdio à Expulsão do Cavaleiro Paulinho das Cavalhadas de Pirenópolis
Com tristeza e indignação, venho a público repudiar a injusta expulsão do cavaleiro Paulinho das Cavalhadas de Pirenópolis, simplesmente por ter me homenageado de forma respeitosa e legítima.
Paulinho é um cavaleiro dedicado, apaixonado pela festa e respeitado por toda a comunidade. Ele não cometeu nenhum crime, não desrespeitou ninguém, não feriu a tradição. Apenas expressou apoio a mim — uma mulher pública, ex-mandatária, que segue lutando pelo povo e que também tem raízes, história e amor profundo por Pirenópolis.
Expulsá-lo por isso é um ato autoritário, triste e pequeno. É uma tentativa de silenciar uma opinião e impedir que as pessoas se expressem livremente.
As Cavalhadas não pertencem a um grupo, elas são do povo. São feitas de sentimento, fé e da história de cada pirenopolino que sonha, desde criança, em vestir uma fantasia, montar um cavalo e viver aquele momento mágico. Retirar Paulinho desse sonho, por um gesto de carinho, é trair a essência mais bonita da festa.
Deixo aqui minha total solidariedade ao Paulinho, à sua família e a todos que se sentiram ofendidos por essa atitude injusta. A cultura deve acolher, jamais excluir. Que este episódio nos ajude a abrir os olhos e defender o que é justo.
E mais: como pirenopolina, faço um chamado aos demais cavaleiros que também se manifestaram politicamente através das cavalhadas — que tenham a coerência de se retirar da festa, já que expulsaram o Paulinho.
Comecem pelos Reis, que participaram de atos partidários usando a roupa de cavaleiro, um gesto de manifestação política explícita. Por que dois pesos e duas medidas?
Estarei ao lado do Paulinho para exercer a justiça e, vou lutar para reverter essa situação. Estarei ao lado de cada pessoa que for injustiçada ou perseguida por se manifestar ou expressar sua opinião.
Eu pago todos os dias o preço da vida pública — e pago com coragem. Mas não aceitarei que inocentes sejam punidos por acreditarem em mim e em dias melhores. Não se cala um povo que tem voz. E Paulinho tem voz. E tem minha voz com ele.
📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás.
VÍDEOS: últimas notícias de Goiás
Adicionar aos favoritos o Link permanente.