7 livros estão sempre nas listas de leitura obrigatória. Mas ninguém te avisou do tédio

Há livros que ensinam, com elegância, a beleza da lentidão. E há outros que exigem essa mesma lentidão como penitência. Clássicos, chamam. Livros que fizeram história, moldaram escolas, definiram cânones — e que hoje continuam sendo lidos com devoção… ou ao menos com disciplina. Mas há um detalhe que nem sempre é dito em voz alta: muitos deles são, sim, monumentos do tédio. Maravilhosos, complexos, literariamente revolucionários — e exaustivos como um sermão de domingo dito sem microfone.

Eles nos ensinam muito, é verdade. Sobretudo a cultivar humildade diante da página que não anda. Quem já tentou atravessar “Em Busca do Tempo Perdido” com olhos ansiosos sabe: é preciso entregar o corpo à linguagem como quem aceita um convite para jantar sabendo que o anfitrião cozinha devagar. E ainda assim, seguimos. Por respeito. Por vaidade. Por medo de parecer ignorante diante de “Fausto” ou de “Os Miseráveis”, com seus duzentos personagens e cinco mil páginas de digressão moral.

Mas o que ninguém te contou — e talvez estivesse na hora de admitir — é que sentir sono lendo Flaubert não é fracasso intelectual. É só um efeito colateral natural de quem tenta encontrar emoção urgente num mundo onde tudo é medido em parágrafos longos e pausas eternas.

E não, o problema não é a linguagem. Nem o leitor. Às vezes, o cansaço é parte do pacto. Como um romance extraconjugal literário: você entra pelo encanto, fica pelo senso de dever, sai pelo tédio. E tudo bem. “A Educação Sentimental” não precisa ser emocionante. Ela apenas precisa existir — como um registro paciente do quanto a juventude pode ser ambiciosa… e entediante.

A grande verdade? Ninguém deveria ser obrigado a amar o que apenas respeita. E ler com esforço também é ler com dignidade. Basta saber que, sim — há livros que mudam vidas. Mas antes disso, mudam o humor. E talvez o horário de dormir.

7 livros estão sempre nas listas de leitura obrigatória. Mas ninguém te avisou do tédio

Eles foram canonizados. Reverenciados. Impressos em papel bíblia e empilhados em vestibulares como se fossem oráculos da civilização. Mas, entre nós, quantas vezes você já largou um desses livros na página 73 com a sensação de que nada — absolutamente nada — havia acontecido? Alguns desses títulos resistem mais por tradição do que por prazer. São marcos literários, sim. Mas que testam a paciência de leitores sinceros. E tudo bem. Há grandeza também no esforço de bocejar com classe. Nem todo tédio é desperdício. Às vezes, é só… Proust.

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