Demanda por minerais triplicará com energia renovável, diz Jungmann

O presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), Raul Jungmann, de 73 anos, disse que a demanda global por minerais triplicará com a alta do uso de baterias e outros equipamentos associados à energia renovável. “A mineração precisa ser mais intensa no Brasil”, afirmou.

Jungmann diz esperar que o governo acelere a pesquisa mineral, o licenciamento ambiental e a regulamentação da mineração em terras indígenas. Também declarou ter a expectativa de que esses itens estejam na Política Nacional de Mineração, a ser apresentada pelo governo. “É preciso que a mineração no Brasil tenha um rumo”, disse.

Assista (38min29s):

Leia abaixo trechos da entrevista:

  • mudança com a pandemia – “Trump […] quer anexar a Groenlândia, buscar os seus minerais. Fez um acordo para a Ucrânia pagar [com] minerais toda a contribuição que os EUA deram com armamentos. Isso começa com a pandemia [de covid-19] porque os países começam a perceber que a produção de equipamentos estava em outros países que muitas vezes não eram […] os mais amigáveis”;
  • terras raras – “São 17 minerais […] fundamentais para a tecnologia, […] a China, que tem a maior reserva de terras raras do mundo, […] jogou o preço lá para baixo e praticamente quebrou no mundo inteiro, quem era competidor. […] Depois disso, desenvolveu como nenhum outro país o processamento e o refinamento. […] Tem um controle de 95%, 98% [do mercado]”;
  • diretriz nacional – “É preciso conhecer exatamente os mercados e em que se tem chance de competir, seja com o produto in natura ou processado, refinado, industrializado. Isso é ter uma política nacional […], que decida o tipo de mineral ou de produto mineral que precisa de fomento”;
  • pesquisa – “O Serviço Geológico Brasileiro só mapeou, em 50 anos, 27% do território nacional. […] Tem uma alta qualidade do pessoal, mas há problemas de estrutura, de financiamento. O Brasil não sabe o que tem. […] No Canadá, EUA, [a área pesquisada é] 90%, 95% [do total]”;
  • prazo de licenciamento – “Nós não estamos pedindo relaxamento, afrouxamento de regras, menos rigor e cuidado com o meio ambiente. Agora, não dá para esperar de 2 a 7 anos. [Isso] destrói o capital. Os investimentos estão indo para Argentina, […] Chile, […] Austrália. Não estão vindo para o Brasil. […] Impera, em 1º lugar, uma visão muito burocrática da sociedade, uma visão muito formal dos processos. Em 2º lugar, na disponibilidade de pessoal realmente há carência. E em 3º lugar, [é necessária] a digitalização dos processos”;
  • mineração em terra indígena – “Está prevista na Constituição. […] É melhor fazer por bem”;
  • criminalidade – “As facções criminosas estão […] no tecido social, econômico e político da Amazônia. Uma das formas de combater isso é [com] atividades legais e sustentáveis”;
  • ação sobre Mariana – “Somos amplamente favoráveis a qualquer reparação que seja o pactuado, decidido pela Justiça. Fomos contra um município como ente da federação brasileira […] litigar […] em Londres.”
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