Cortejo Fluvial marca abertura dos arrastões do Pavulagem

A tarde de quinta-feira (12) transformou as águas da Baía do Guajará em palco para um dos momentos mais simbólicos da quadra junina paraense: o Cortejo Fluvial do Arraial do Pavulagem. Com os mastros de São João navegando até a escadinha da Estação das Docas, bairro Campina, a chegada do barco deu início à grande celebração que marca oficialmente a abertura dos Arrastões de 2025.A programação começou a partir das 17h com a concentração, marcando a espera do ferry boat com os mastros, e a chegada ocorreu às 18h40. O clima era de festa e devoção – e também de resistência cultural – com perna-de-pau, batuque, bandeiras e olhares atentos acompanhando o ritual que une a fé com a alegria popular. O cortejo seguiu com o Ensaio Geral do Batalhão da Estrela e a condução dos mastros até a Praça Waldemar Henrique, bairro Reduto, onde foram erguidos ao som das rabecas, tambores e vozes que dão identidade ao Arraial.“O processo de construção dos cortejos do Arraial do Pavulagem inicia com a inscrição prévia, feita pela internet. Depois começam as oficinas e, em seguida, os ensaios. Ao mesmo tempo, o mastro vai sendo preparado, pintado, adornado. Hoje é muito importante porque essa bandeira é a bandeira do padroeiro da quadra junina, São João Batista, mas também é a bandeira da cultura popular, já entendendo assim, ressignificando tudo isso”, afirma Ronaldo Silva, músico e co-fundador do Arraial.Ronaldo destacou que a festa vai além da música e da dança. É um ato político de preservação ambiental e valorização da cultura local. “As cidades ribeirinhas têm a costa pelo rio. No rio Arari, por exemplo, o fundo das casas dá para o rio. Então, falamos desse cuidado com a natureza, da necessidade de pensar positivo. O mundo tem muitas guerras, o Brasil também. E a gente tirar um tempo, uma tarde da semana para levantar esse mastro é dizer que todos nós estamos trabalhando para fomentar a cultura brasileira praticada aqui”, frisou.Em meio aos tambores e ao vai e vem dos brinquedos típicos, o público expressava a emoção de participar de mais uma edição do evento, reconhecido como Patrimônio Cultural do Estado do Pará. O dentista Yanech Oliveira, de 24 anos, viajou de Castanhal para reviver esse sentimento. Há quatro anos, ele sai como pernalta. “Eu acho que sempre estou na perna de pau, e nesse momento é muito forte, principalmente hoje [ontem], por ser Dia dos Namorados. A gente vem treinando todos os dias para isso. Hoje estou sozinho aqui, mas a gente nunca sabe, né? Namorando com o Pavulagem”, compartilhou.Quem também fez questão de estar presente foi a dona de casa Ana Lúcia Vieira, de 62 anos, moradora do bairro Águas Lindas. Ela participa há quatro anos e considera o evento um respiro em meio às dificuldades do cotidiano. “É uma grande alegria. Tira a gente de qualquer estado do mundo. É muito bom, muito alegre”, resumiu com um sorriso no rosto.

Quer saber mais notícias de cultura? Acesse nosso canal no Whatsapp“É uma forma de praticar cultura com senso crítico e esperança no coração”, pontuou Ronaldo Silva. Os mastros, símbolos da fé e da esperança, que movem o Pavulagem, chegaram à Praça Waldemar Henrique como uma tocha de resistência carregada por mãos e corações de todas as idades. A programação, então, marca o “ato de abertura” da quadra junina. O encerramento ficou por conta do Arraial do Pavulagem.

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