5 livros brasileiros que deveriam pedir desculpas por existirem

Alguns livros erram por pouco — um tropeço de tom, uma metáfora a mais, um personagem mal resolvido que quase convence. Outros, porém, parecem feitos inteiramente de equívocos: do título à última linha, do estilo ao suposto conteúdo. E talvez o mais inquietante seja que eles não erram discretamente. Não. Erram em voz alta, com pompa, às vezes com vocabulário rebuscado e aquele ar presunçoso de quem se acredita muito mais importante do que de fato é. Erram como quem tem certeza. E isso, convenhamos, cansa.

É claro que a literatura comporta o erro. Ela vive dele, aliás. Mas há um tipo específico de livro — geralmente embalado por elogios apressados ou por capas mais bem resolvidas do que seus enredos — que não apenas falha: insiste em sua falha, repete-a com vaidade, e ainda exige do leitor uma reverência absurda. Como se, por ter sido publicado, já estivesse acima do bem e do mau gosto. O resultado é uma experiência de leitura que mais se assemelha a um castigo elegante: páginas e mais páginas de nada, camufladas sob a promessa de profundidade.

Não se trata, aqui, de perseguir autores. Nem de fingir que existe literatura imune à crítica. Mas há momentos em que o silêncio de um livro teria sido mais generoso do que sua publicação. Obras que nos fazem sentir que a árvore de onde veio o papel talvez merecesse destino mais digno. Há exagero nesta frase? Sim. Mas não mais do que nos próprios livros aos quais ela se refere.

Alguns títulos parecem ter sido escritos para impressionar resenhistas, outros para simular uma dor que nunca foi sentida de fato. E há os que apenas repetem fórmulas desgastadas, mas se apresentam como vanguarda. Entre o cansaço e o constrangimento, sobra ao leitor a tarefa de terminar o que, no fundo, jamais deveria ter começado. E, ao final, talvez reste apenas uma certeza melancólica: alguns livros deveriam pedir desculpas. Por existirem. Por persistirem. Por se levarem tão a sério enquanto falham com tamanha leveza.

5 livros brasileiros que deveriam pedir desculpas por existirem

Há obras que erram. Outras, que falham. E há aquelas que, mesmo publicadas, parecem jamais ter passado pelo crivo do mínimo senso crítico. Esta seleção reúne cinco livros brasileiros que, por excesso de pretensão, falta de tato ou puro descompasso narrativo, mereceriam — se houvesse justiça literária — uma retratação formal à literatura. Não se trata de linchamento ou ranzinzice gratuita. Trata-se de um olhar honesto, ainda que implacável, sobre os equívocos impressos que insistem em ocupar espaço onde poderia haver silêncio ou beleza.

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