Trouxemos o acordo de Mariana para nossas costas, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 5ª feira (12.jun.2025) que seu governo trouxe a responsabilidade do acordo de Mariana (MG) para as suas costas. Durante ato sobre o tema em Minas Gerais, o petista afirmou que antes era mais fácil porque bastava culpar a Vale pela falta de resolução.

“Eu tenho cobrado os meus ministros porque nós trouxemos esse acordo para as nossas costas, enquanto era a Vale que não cumpria, que não fazia o acordo, era fácil xingar a Vale”, declarou.

O novo acordo de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), já destinou R$ 7,7 bilhões em pagamentos. Os dados constam no 1º relatório parcial de monitoramento entregue nesta 4ª feira (4.jun.2025) ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso.

Segundo o relatório, já foram homologados 52.477 acordos individuais: foram pagos R$ 2,476 bilhões diretamente às pessoas atingidas pelo desastre.

A Samarco Mineração, empresa controlada pela Vale e BHP Billiton, também efetuou repasses significativos aos entes federados:

  • R$ 1,892 bilhão à União;
  • R$ 1,538 bilhão ao estado de Minas Gerais;
  • R$ 1,177 bilhão ao estado do Espírito Santo;
  • R$ 134,5 milhões aos 26 municípios que aderiram ao acordo. Foram 49 municípios afetados pelo rompimento da barragem no total.

Lula também não poupou críticas à Vale. Segundo ele, a empresa deixou de ser umas das maiores mineradoras do mundo para ocupar o 14º lugar durante as administrações da oposição ao petista.

“Ela era muito forte quando ela era do Estado. Então, o que eu quero é que a Vale se recupere, que ela volte a ser a primeira, quero que ela cresça, mas eu acho que a Vale tem que saber, e a nova diretoria sabe, que a relação com o povo tem que ser respeitosa, civilizada e com muito respeito”, disse.

O desastre

O rompimento da barragem de Fundão aconteceu em 5 de novembro de 2015 no complexo minerário da Samarco em Mariana (MG).

O desastre liberou cerca de 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos que devastaram a Bacia do Rio Doce, resultando em 19 mortes e afetando mais de 40 municípios, 3 reservas indígenas e milhares de pessoas ao longo do rio até sua foz no Espírito Santo.

A tragédia destruiu áreas de preservação e vegetação nativa de Mata Atlântica, perda da biodiversidade e degradação ambiental na bacia do Rio Doce e no oceano Atlântico.

O acordo

Segundo o Planalto, o Acordo Rio Doce destinará “R$ 132 bilhões em dinheiro para ações diversas, abrangendo programas de transferência de renda, recuperação de áreas degradadas, remoção de sedimentos, reassentamento de comunidades e pagamento de indenizações às pessoas atingidas”.

Eis os anúncios feitos durante o ato desta 5ª feira (12.jun), de acordo com o governo:

  • R$ 3,7 bilhões (em 4 anos) – Programa de Transferência de Renda: pagamento mensal de 1,5 salário mínimo por 36 meses, seguido de 1 salário mínimo por mais 12 meses para cerca de 15 mil famílias da agricultura familiar e 22 mil pescadores. Primeiros pagamentos previstos para julho;
  • R$ 200 milhões – Implantação do Hospital Universitário de Mariana (MG): hospital de média e alta complexidade com cerca de 600 profissionais;
  • R$ 167 milhões – Planos de Ação em Saúde: custeio e investimento na rede de saúde dos municípios de Mariana, Ouro Preto, Barra Longa e Rio Doce (MG);
  • R$ 9 milhões (até 2027) – criação do Observatório da Educação na Bacia do Rio Doce: diagnóstico e melhoria da educação básica nos 49 municípios afetados em MG e ES;
  • R$ 45 milhões (até 2026) – criação de 15 centros de formação das juventudes: espaços com cursos profissionalizantes e atividades comunitárias, com previsão de entrega até 2026;
  • R$ 81 milhões – Kit Escola Resiliente: instalação de ar-condicionado, placas solares e cisternas em escolas com insegurança hídrica na região atingida.

 

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