The Alters – Review

E se você tivesse acesso a versões alternativas de si mesmo e pudesse conviver com elas? E se isso acontecesse em outro planeta, enquanto luta pela própria sobrevivência em situações extremas que podem te levar à morte em questão de minutos? Essa é a premissa de The Alters, desenvolvivo e publicado pela polonesa 11 bit studios, que finalmente está disponível 20 meses depois de seu anúncio oficial.

Jan Dolski é um sobrevivente de uma expedição acidentada num planeta alienígena desconhecido, e ao fazer o reconhecimento do lugar, encontra todos os outros membros de sua tripulação mortos. Fugindo da alta radiação presente ali, ele consegue encontrar sua base móvel e contatar a Terra e descobre que precisa sair dali o mais rápido possível, antes do nascer do sol, ou morrerá queimado. Ele precisará de água, metais e minérios para construir novas áreas e novos aparelhos para a base. Mas como ele conseguirá tudo isso sozinho?

Não lhe resta opção senão explorar o planeta em busca de algo que sirva de ajuda, e é então que encontra Rapidium, o centro de tudo na história de The Alters. Trata-se de uma substância com propriedades poderosíssimas capaz de providenciar para Jan toda uma nova tripulação composta por ninguém mais, ninguém menos que ele mesmo. Com a ajuda do computador quântico, ele poderá revisitar pontos de virada — chamados de ramificações — em sua linha do tempo e descobrir como teria sido sua vida se tomasse uma decisão diferente, e é assim que nascem os Alters.

Em The Alters, é muito interessante ver o que exatamente mudou em sua vida para fazer que consequências completamente diferentes se desencadeassem e fizessem com que se tornasse algo diferente: um botânico, um minerador, um médico, entre outras várias profissões que serão de grande ajuda em sua base e fora dela. E é claro, além de habilidades profissionais, cada Alter tem sua própria história, seus próprios problemas, sua própria bagagem emocional, coisas que vão influenciar — e muito — no dia-a-dia nesse planeta tão instável.

Cada um deles terá sua utilidade, com vantagens em determinados tipos de atividade, e você precisará administrá-los da melhor forma possível. Observe-os de perto e evite conflitos, já que são seres humanos vivendo em condições delicadas fora de seu planeta natal, então tudo pode ser um estopim para uma grande confusão. Inclusive fizeram um trailer de The Alters com uma situação hipotética eles jogando o próprio jogo e vários conflitos sendo gerados, vale a pena conferir clicando nesse link.

A primeira coisa que você precisará fazer é procurar locais propícios para estações de mineração, cada uma para uma finalidade diferente: metais, minerais, matéria orgânica, metais enriquecidos, rapidium, seja o que for. É necessário conectá-los à base através de pilones, caso contrário essas estações não poderão ser utilizadas. Elas também servirão como pontos de viagem rápida, que serão extremamente úteis para economizar tempo e evitar radiação. É claro que surgirão dificuldades, como paredes a serem escaladas ou barreiras de pedra, mas nada que você não possa resolver com as ferramentas corretas.

Como em qualquer jogo de construção de base, em The Alters sua paz se poderá se transformar em completo caos da noite para o dia. Novas urgências vão surgir: a construção de novas máquinas, uma briga entre suas diferentes versões que precisa ser parada, uma tempestade magnética a ser sobrevivida, partes da base que simplesmente vão parar de funcionar e precisarão de reparo justamente quando não tem ninguém disponível para consertá-las, entre outros problemas, um pior que o outro.

A dica aqui é: use casa Alter da forma mais inteligente possível: o minerador nas estações, o cientista no laboratório de pesquisa, o técnico na oficina ou responsável por reparos, o botânico na estufa, e assim por diante. Cada um tem um símbolo que se repete nos locais onde sua habilidade é melhor aproveitada. Isso pode fazer toda diferença principalmente nos momentos de maior desespero.

Conforme os dias vão passando em The Alters, sua base vai crescer, tornando-se assim cada vez mais difícil de administrar, não apenas as atividades feitas, mas também o espaço físico e a massa permitida dentro dela. Não adianta tentar ampliá-la logo no início, visto que é necessária uma evolução natural no jogo para que uma pesquisa de ampliação seja disponibilizada. Faça o Alter Cientista assim que possível, visto que nenhum outro pode utilizar o laboratório e fazer pesquisas importantes para o andamento da jornada.

Cada uma de suas versões compartilha momentos com as outras, visto que vocês são a mesma pessoa que só a partir de algum determinado momento se separaram. Dessa forma, vocês também tem muitas diferenças que podem vir a calhar, como para lhe ensinar lições pessoais das quais você precisará para ser bem sucedido em algumas tarefas. Cada Alter terá uma lição para te ensinar, cada uma sendo literalmente a peça de um quebra-cabeça a ser completado. De certa forma, um colecionável.

Considere bastante suas opções ao falar com os Alters. Eles também tem sentimentos, e dependendo do que escutam de você, podem ficar mais calmos, ou frustrados, ou motivados, entre outros estados emocionais que podem ajudar na missão ou trazer mais dificuldade a ela, às vezes colocando tudo a perder. Porém, caso se arrependa de alguma escolha feita, é sempre possível voltar no tempo. O jogo é salvo automaticamente a cada manhã, quando você acorda. Isso te força a sempre completar um dia, o que pode ser perigoso, já que os dias são consideravelmente curtos e você vai sempre achar que dá tempo de jogar mais um.

The Alters é dividido em atos, que se completam quando você consegue escapar do sol que estava se aproximando. Geralmente existe algum bloqueio da locomoção da base e você fica preso no mesmo lugar por alguns dias, e quando finalmente consegue avançar — depois de muito perrengue e de quase morrer algumas vezes, provavelmente —, o novo ato começa. Mas entre um e outro existe um momento de calmaria, focado na história e na convivência de você consigo mesmo. Esses momentos são interessantes e divertidos, e até emocionantes às vezes, e moldarão sua relação com os Alters no futuro.

Falando nisso, não deixe de socializar com suas versões. Veja um filme, jogue jogos, converse, demonstre interesse no que está acontecendo na base, tente confortá-los durante os momentos mais difíceis. Pode parecer fútil, mas tudo pode influenciar a forma como as coisas vão acontecer, de formas que você nem imagina. Algumas áreas da base não são tão necessárias a todo momento, então você precisará ponderar a necessidade de cada umaquando tiver recursos e espaço para construí-las. Apesar de úteis, muitas vezes áreas a mais podem te trazer apenas prejuízo e mais trabalho.

Resumindo, The Alters vale muito a pena. Ele consegue compilar em algumas horas de jogatina o melhor de construção e administração de base, sem esquecer de inserir uma boa história com vários desenvolvimentos e detalhes que fazem a diferença.  Há partes do jogo em que as legendas não foram traduzidas para português ainda, mas nada que uma atualização simples não consiga resolver. Os momentos de ação e desespero não ficam de fora, durante os quais você será lembrado de que está em um planeta hostil e vai ter que dar seu sangue — às vezes literalmente — para permanecer vivo e desvendar o fim de sua história. Diversão e entretenimento garantidos.

The Alters está disponível para PS5, Xbox Series e PC. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela 11 bit studios.