Influenciadora Laura Sabino revela que foi esfaqueada pelo irmão

Laura Sabino foi vítima de feminicídioReprodução

A influenciadora Laura Sabino, de 25 anos, sobreviveu a uma tentativa de feminicídio cometida pelo próprio irmão na manhã de 14 de março, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. O ataque ocorreu dentro da residência da influencer, enquanto ela estudava em seu quarto.

Segundo relato da vítima para a Agência Pública, o irmão pulou o muro da casa, pegou duas facas de serra na cozinha e desferiu ao menos nove golpes contra ela, atingindo abdômen, braços e ombros. Em seguida, tentou incendiá-la utilizando álcool gel, mas foi interrompido antes de concluir a ação.

O crime durou cerca de 20 minutos. Laura conseguiu ligar para o namorado logo após a agressão, dizendo: “Ele me matou. Ele conseguiu. Eu vou morrer.” Foi socorrida e sobreviveu, com sequelas físicas e psicológicas.

Laura é conhecida nas redes sociais por sua militância em causas de esquerda, como feminismo, socialismo e direitos humanos. Possui cerca de 1 milhão de seguidores.

Dois dias antes do ataque, um influenciador de direita publicou informações falsas a seu respeito, associando-a a drogas e maus-tratos a funcionários de um edifício onde nunca residiu.

A divulgação provocou uma onda de ataques virtuais. Durante a agressão, o irmão fez menções às mentiras publicadas, chamando-a de “personagem da internet” que “defende patifarias”.

A relação entre os dois era marcada por episódios de violência verbal. A influenciadora havia registrado cinco boletins de ocorrência contra o irmão.

Em 10 de março, cinco dias antes do ataque, obteve uma medida protetiva com base na Lei Maria da Penha. A Justiça, no entanto, só o notificou após a tentativa de feminicídio.

Os atritos entre os irmãos eram antigos e incluíam xingamentos misóginos e homofóbicos em áudios e mensagens, nos quais o agressor usava termos como “vagabunda” e criticava o apoio de Laura à comunidade LGBTQIA+.

Ele também demonstrava hostilidade contra as causas defendidas por ela. Em dezembro de 2024, a influenciadora foi incluída no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos.

Agressor se posicionou para os policiais

Durante depoimento, o agressor afirmou que pretendia matar a irmã e tirar a própria vida em seguida, com o objetivo de atingir o pai dos dois, que retornava ao Brasil após um período de estudos em Portugal. Também foram identificadas motivações financeiras.

Áudios indicam que o agressor esperava receber herança do pai. A família relatou que ele apresentava piora no quadro de saúde mental desde que saiu da casa da mãe e interrompeu o tratamento psiquiátrico.

Mesmo após as denúncias, o sistema de proteção não conseguiu evitar o ataque. A Defensoria Pública de Minas Gerais ainda não havia designado um defensor para o caso até o momento.

Laura já havia tomado precauções, como esconder objetos cortantes em casa e reduzir sua exposição pública, mas isso não impediu a violência.

Ela tornou o caso público apenas três meses após o ocorrido, motivada por mensagens perturbadoras nas redes sociais. Segundo afirmou, sua intenção era evitar que o episódio fosse manipulado por grupos de extrema direita.

Desde então, Laura retomou gradualmente seus estudos, o trabalho nas redes e a atuação em movimentos sociais.

Disse que o ataque representou apenas um episódio em sua trajetória de militância. Ainda recebe ataques online, mas segue com sua rotina e declara que não se vê como vítima, e sim como parte de uma luta maior.

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