Ex-funcionário havia alegado problemas de fabricação em Boeing 787

Richard Cuevas, mecânico que trabalhava para a Strom, empresa terceirizada por uma parceira de fabricação da Boeing, havia relatado publicamente, em 2024, problemas na fabricação dos aviões 787 Dreamliner da Boeing. O modelo da aeronave é o mesmo que caiu na Índia nesta 5ª feira (12.jun.2025), onde ao menos 100 corpos foram retirados do local do acidente.

Segundo Cuevas, ex-funcionário da Spirit AeroSystems, perfurações foram feitas inadequadamente nos anteparos de pressão dianteiros das aeronaves na fábrica da Spirit em Wichita, Kansas, durante 2023. Ele identificou trabalhadores realizaram furos maiores que as especificações técnicas exigidas pela Boeing. A prática, conforme relatado por Cuevas, tinha como objetivo “limpar o excesso de tinta dos furos e acelerar um processo lento”, podendo comprometer a integridade estrutural das aeronaves e a pressurização da cabine durante os voos.

As irregularidades foram formalmente reportadas por Cuevas à Boeing e à Spirit em outubro de 2023, quando ele apresentou uma queixa sobre “processos de fabricação e manutenção abaixo do padrão”. Depois de relatar as falhas, o mecânico foi demitido pela Spirit poucos meses depois, conforme reportado pela CNN.

Cuevas afirmou ter identificado problemas em 3 aeronaves em que trabalhou diretamente. Na época, ele estimou que entre 10 e 12 aviões poderiam ter sido afetados por essas irregularidades, incluindo unidades que ainda estavam em produção ou já haviam sido entregues à Boeing.

Em resposta às alegações, a Boeing afirmou que já havia investigado as informações que Cuevas levou até a empresa. “Um funcionário de um subcontratado anteriormente relatou preocupações para nós que investigamos minuciosamente, pois levamos a sério qualquer questão relacionada à segurança”, declarou a companhia na ocasião. “A análise de engenharia determinou que as questões levantadas não apresentavam uma preocupação de segurança e foram resolvidas.”

As queixas feitas por Richard não foram as únicas envolvendo problemas nos aviões da Boeing. Sam Salehpour, engenheiro da empresa, já havia se queixado anteriormente da existência de “lacunas” em aeronaves dos modelos 787 e 777.

Outro caso notório envolveu John Barnett, ex-funcionário da Boeing que trabalhou na empresa por mais de 30 anos. Ele alegou que trabalhadores estavam deliberadamente instalando peças de qualidade inferior nas aeronaves na linha de produção do 787 Dreamliner na planta de North Charleston. Ele também afirmou ter descoberto problemas nos sistemas de oxigênio, o que poderia significar que 1 em cada 4 máscaras de respiração não funcionaria em uma emergência.

Segundo a Bloomberg, A FAA (Administração Federal da Aviação dos Estados Unidos) informou que analisou 126 relatórios de denunciantes relacionados à Boeing em 2025, número maior que os 11 casos avaliados no ano anterior.

O acidente

Um avião com 242 pessoas a bordo caiu logo depois de decolar do aeroporto de Ahmedabad, na Índia, nesta 5ª feira (12.jun.2025). O voo, operado pela Air India, tinha como destino a cidade de Londres, no Reino Unido. O ministro de Saúde do país afirmou que há “muitos mortos”.

Ao menos 100 corpos foram retirados do local do acidente, mas ainda há vítimas presas debaixo dos escombros.

Ainda não há informações sobre vítimas, segundo a agência de notícias Reuters. Autoridades disseram que a aeronave caiu sobre uma área residencial próxima ao aeroporto. A Air India confirmou o acidente em publicação em seu perfil no X e detalhou a nacionalidade dos passageiros. São 169 indianos, 53 britânicos, 7 portugueses e 1 canadense.

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