Bebê nascida em Joinville não pode sorrir por causa de síndrome rara

Nascida em Joinville, bebê não pode sorrir por causa de síndrome rara

Nascida em Joinville, bebê não pode sorrir por causa de síndrome rara – Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução/ND

A gestação de Marlete Azevedo dos Santos foi tranquila, sem grandes complicações. Mas, assim que nasceu, a pequena Maitê precisou ser levada diretamente para a UTI neonatal em Joinville, no Norte catarinense.

Com apenas 3 meses de vida, a pequena já carrega o diagnóstico da síndrome de Moebius, uma condição neurológica que afeta entre 1 e 20 bebês a cada um milhão de nascimentos.

“Quando a Maitê nasceu foi um susto pra mim, porque ela nasceu e teve que ir direto para a incubadora”, relembrou Marlete. “A única coisa que eu sabia durante a minha gestação é que ela tinha o pé torto congênito”.

Uma das síndromes mais raras do mundo

Foi durante a internação na UTI que Marlete percebeu algo incomum, porque a filha não expressava emoções no rosto. Ela pesquisou e encontrou informações sobre a síndrome de Moebius, mas ainda não tinha um diagnóstico. Após algum tempo na UTI, a confirmação veio. Maitê havia, de fato, nascido com a síndrome.

“Existe um desenvolvimento anômalo dos nervos cranianos, que pode estar associado a mutações genéticas raras, problemas vasculares na gestação ou exposição a substâncias tóxicas, que prejudicam a vascularização e o desenvolvimento desses nervos”, explicou Paulo André Ribeiro, pediatra e neonatologista, coordenador médico da UTI neonatal onde Maitê foi tratada.


Condição neurológica atinge até 20 bebês por milhão e exige acompanhamento multidisciplinar – Vídeo: Arquivo Pessoal/Reprodução/ND

Para o médico, o diagnóstico precoce foi essencial. “Não há cura, mas o tratamento é personalizado e envolve estimulação precoce. Fonoaudiologia para melhorar a alimentação e a fala; fisioterapia para o desenvolvimento motor e coordenação; e oftalmologia para acompanhar alterações oculares, como olhos secos”.

Acompanhamento multidisciplinar

Após a alta hospitalar, Maitê passou a ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar. O geneticista Paulo Victor Zattar Ribeiro confirmou o diagnóstico por meio de avaliações clínicas e exames genéticos.

Com apenas três meses, Maitê foi diagnosticada com a síndrome de Moebius – Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução/ND

“Maitê é uma das minhas pequenas pacientes que chegou ao consultório com um diagnóstico raro”, relatou.

Segundo o especialista, a síndrome de Moebius afeta os nervos responsáveis pelos movimentos faciais e o controle dos olhos, o que faz com que bebês como ela não consigam sorrir ou piscar como outros da mesma idade.

Mas isso não impede a interação da criança. “Tenho outros pacientes com essa mesma síndrome que hoje estão na faculdade, trabalhando, vivendo plenamente suas vidas”, contou Ribeiro.

O dia a dia

Apesar do impacto do diagnóstico, Maitê se desenvolve bem. A síndrome não é progressiva, e as crianças podem conquistar independência e levar uma vida plena.

A rotina de cuidados inclui fisioterapia, fonoaudiologia, neurologia e oftalmologia, mas acima de tudo, muita atenção dos pais. “Eu trabalho muito o desenvolvimento dela em casa. Ela é uma bebê que gosta de bagunça. Ela olha pra mim e eu já sei quando ela quer bagunça”, afirmou a mãe.

Mesmo sem expressões faciais, Maitê se comunica com o olhar – Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução/ND

E para quem pensa que Maitê não sente emoções por expressá-las de forma diferente, está enganado.

“A Maitê sente tudo! Ela se comunica com o olhar, com gestos e com a alma. O fato de não conseguir expressar emoções no rosto não quer dizer que não as tenha, muito pelo contrário”, destacou Paulo Ribeiro.

Marlete espera que sua história ajude outras famílias a não se sentirem sozinhas diante do diagnóstico. “Quero conscientizar os pais sobre a importância de não desistirem, de trabalharem o desenvolvimento dos filhos com dedicação. Isso faz toda a diferença”, enfatizou a mãe.

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