Morre Brian Wilson, fundador dos Beach Boys e ícone da música pop, aos 82 anos

Brian Wilson, nome central do grupo The Beach Boys, morreu aos 82 anos, encerrando uma trajetória marcada por grande influência na indústria musical. O artista vinha enfrentando um distúrbio neurocognitivo desde o ano passado e sua morte foi comunicada por familiares por meio de publicação nas redes sociais. A causa exata do falecimento não foi divulgada.

A nota assinada por seus filhos e netos pediu respeito à privacidade da família. A declaração destacou que a dor do momento era compartilhada com milhões de pessoas ao redor do mundo. A menção à expressão “amor e misericórdia”, que aparece no comunicado, remete ao título da música de abertura do primeiro álbum solo de Wilson, lançado em 1988.

Brian Wilson foi um dos fundadores dos Beach Boys e esteve à frente do grupo no período de maior projeção, nas décadas de 1960 e 1970. Atuando como vocalista, compositor, produtor e instrumentista, ele foi o responsável por conduzir a banda ao status de referência cultural, especialmente com álbuns que exploraram novas formas de gravação e arranjos.

Início da trajetória e formação dos Beach Boys

Brian nasceu em 1942 na Califórnia e cresceu em um ambiente familiar musical. Desde cedo, mostrou interesse por instrumentos e técnicas de harmonização vocal. Ainda jovem, perdeu parcialmente a audição de um ouvido, o que, no entanto, não o impediu de seguir carreira. Ao lado dos irmãos Carl e Dennis, do primo Mike Love e do amigo Al Jardine, formou os Beach Boys no início da década de 1960.

A banda ganhou visibilidade com faixas que retratavam o estilo de vida da juventude californiana. As letras e arranjos reforçavam imagens de praias, surf, carros conversíveis e festas, consolidando um imaginário exportado globalmente como símbolo do otimismo americano do pós-guerra.

A popularidade cresceu rapidamente, impulsionada por turnês nacionais e lançamentos que dominaram paradas de sucesso. O grupo passou a ser comparado diretamente com os Beatles, especialmente no período em que ambas as bandas disputavam espaço nos rankings de vendas e crítica.

Inovações musicais e impacto na indústria

Wilson começou a se afastar das turnês para se dedicar ao estúdio. Esse período de reclusão resultou em uma abordagem mais experimental, com o uso de técnicas de gravação inovadoras, combinação de instrumentos incomuns e ênfase na harmonia vocal. Em 1966, lançou “Pet Sounds”, álbum que transformou os padrões da música popular e é frequentemente citado como um dos mais influentes da história.

O disco incluiu faixas como “Wouldn’t It Be Nice” e “God Only Knows”, reconhecidas tanto pela crítica quanto por outros artistas. A obra teve impacto direto em produções posteriores, como o álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles, cuja criação foi influenciada pelas ideias de Wilson.

Brian buscava usar os estúdios de gravação como um instrumento em si. Misturava vozes, ruídos ambientais, seções de cordas e sopros para gerar atmosferas complexas. Apesar de muitas dessas iniciativas serem consideradas desafiadoras do ponto de vista técnico na época, ele conseguiu executá-las com ajuda de engenheiros de som e músicos de estúdio.

Conflitos internos e afastamento

Ao longo dos anos 1970, o comportamento de Wilson se tornou errático. Problemas de saúde mental, aliados ao uso excessivo de substâncias, criaram um ambiente de instabilidade no grupo. Divergências com outros integrantes, principalmente sobre os rumos musicais e empresariais, culminaram em sua saída formal da banda em 1982.

Nos anos seguintes, sofreu perdas significativas, com a morte dos irmãos Dennis, em 1983, e Carl, em 1998. A marca Beach Boys foi assumida por Mike Love, que continuou realizando turnês com outros músicos. Mesmo afastado da estrutura principal da banda, Wilson manteve projetos solo e lançamentos esporádicos.

Em 2012, os integrantes vivos da formação original se reuniram para uma turnê comemorativa dos 50 anos da banda. O reencontro atraiu atenção mundial e rendeu novo material de estúdio. Apesar disso, as relações pessoais entre os membros permaneceram tensas, o que impediu a continuidade de projetos conjuntos.

Reconhecimento e legado

O trabalho de Wilson foi reconhecido oficialmente em diferentes ocasiões. Os Beach Boys foram introduzidos ao Hall da Fama do Rock em 1988. Já Brian recebeu homenagens individuais pelo conjunto de sua obra, inclusive ingressando no Hall da Fama dos Compositores em 2000.

Mesmo com as adversidades, Wilson foi responsável por influenciar múltiplas gerações de artistas. Seu estilo de produção, sua visão de arranjos e sua abordagem vocal serviram de referência para músicos do pop, rock e música alternativa.

Além da música, sua trajetória foi contada na cinebiografia “Love & Mercy”, lançada em 2014. O filme abordou o período de maior sucesso do artista e seus desafios pessoais, retratando sua luta contra distúrbios mentais e os momentos de reclusão.

Vida pessoal e últimos anos

Wilson foi casado duas vezes e teve filhos e netos. Sua vida pessoal foi marcada por episódios de internações, tratamento psiquiátrico e períodos de silêncio público. Em entrevistas concedidas após seu retorno aos palcos, descreveu as dificuldades enfrentadas ao longo da carreira e a importância da criação artística como forma de superação.

Nos últimos anos, o artista reduziu as aparições públicas e passou a viver sob cuidados médicos. Desde 2024, enfrentava um quadro neurocognitivo progressivo, que limitava sua autonomia e comunicação. Ainda assim, continuava sendo uma figura reverenciada entre músicos, produtores e fãs.

O anúncio da morte gerou repercussão entre artistas e instituições culturais. Muitos destacaram a importância de sua contribuição para a história da música. A obra de Brian Wilson permanece como referência de criatividade, inovação e impacto cultural.

Fonte: Wikipedia, Nytimes e Uol.

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