Troca de socos, copo arremessado e intervenção da PM: Câmara de Paraibuna tem histórico de confusões em sessões; relembre


Em 2011, um morador que utilizava a tribuna quase foi atingido por um copo de vidro. Já em 2014, os mesmos vereadores da confusão desta segunda (9) se envolveram em discussão. Após briga, Câmara de Paraibuna vai apurar conduta dos vereadores
A briga entre os vereadores Klinger Vitório (Republicanos) e Marcelo André (PT) na Câmara de Paraibuna (SP), na noite desta segunda-feira (9), não foi o primeiro caso de confusão no Legislativo da cidade.
Além da troca de socos ocorrida em um ambiente da Casa de Leis nesta segunda, a Câmara de Paraibuna já registrou ao menos outras duas confusões.
Uma delas aconteceu em 2011, quando um morador ocupou a tribuna e começou a discursar. No discurso, o morador fez críticas ao vereador Klinger, o chamando de palhaço.
“Essa casa aqui tem vereador que critica com palavras que machucam a gente. Que nem você diz, atacou o maior deputado votado no Brasil, o palhaço Tiririca. E palhaço eu acho que não é o Tiririca não, eu acho que é você, vereador Klinger”, disse o morador.
O parlamentar então reagiu, atirando um copo de vidro com água em direção ao morador, que não foi atingido — veja no final do vídeo acima.
Três anos depois, em 2014, os mesmos protagonistas da confusão desta segunda-feira – Klinger Vitório e Marcelo André – protagonizaram um bate-boca na Câmara Municipal.
À época, a Polícia Militar precisou ser chamada e o caso foi parar na delegacia da cidade, mas, para a Polícia, não houve crime.
Briga desta segunda (9)
Dois vereadores de Paraibuna, no interior de São Paulo, trocaram socos após uma discussão na Câmara Municipal. O caso aconteceu na noite desta segunda-feira (9).
Nas imagens viralizadas é possível ver os vereadores Marcelo André (PT) e Klinger Vitório (Republicanos) discutindo e trocando agressões — veja o vídeo abaixo.
Vereadores entram em luta corporal na Câmara de Paraibuna, SP
Tudo começou após o desabafo de uma mãe, em uma rede social, no fim de maio. No vídeo, a moradora Caroline Moreira se queixa da falta de apoio na escola municipal para a filha de 8 anos, que tem deficiência auditiva.
Quase no fim do vídeo, a mãe acusa a esposa do vice-prefeito Tales Vitório (Republicanos), Camila Carvalho, de sugerir que a mãe mudasse de cidade.
Nesta segunda-feira, o vereador Junho Social (PT), que é da oposição, citou o vídeo durante a sessão ordinária. Já o vereador Klinger, que é da base do governo, rebateu a acusação.
Klinger é pai do vice-prefeito e sogro de Camila, que é membro do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente.
Vereadores Marcelo André (PT), à esquerda, e Klinger Vitório (Republicanos), à direita
Divulgação/Câmara de Paraibuna
Na mesma fala, sem citar nomes, Klinger falou sobre uma ação na Justiça que envolve a realização da festa de aniversário da cidade, promovida pela gestão da prefeita Professora Helô (PL).
“Não sei quem entrou com uma medida, uma ação, se não me engano, uma ação popular para que não se fizesse o palco. Acho que tem que tomar medida legal, mas buscando realmente o que contempla a sociedade e não meramente perseguindo para que a festa não ocorra”, disse.
Logo em seguida, foi a vez do vereador Marcelo André falar na tribuna, admitindo que ele e o PT entraram com a ação. Segundo o parlamentar, a ação foi movida não contra a festa, mas contra a licitação que escolheu a empresa responsável pela organização do evento.
Apesar de a Justiça já ter considerado o pedido do vereador improcedente, o bate-boca aumentou quando o vídeo publicado nas redes sociais voltou à pauta.
O presidente da Câmara, Cícero Fabiano (PSDB), precisou suspender a sessão. Na transmissão da Câmara, o vereador Marcelo André é o primeiro a sair da imagem e Klinger levanta minutos depois.
A confusão continuou em outro ambiente da Câmara, quando os vereadores partiram para a agressão física.
O presidente da Câmara de Paraibuna vai criar uma comissão para definir as providências que serão tomadas após uma confusão envolvendo dois vereadores.
A sessão extraordinária para discutir a conduta dos parlamentares, inicialmente marcada para o dia 17 de junho, foi antecipada para esta quarta-feira (11), às 19h, devido a uma orientação jurídica que a Câmara recebeu.
Na sessão, além de formar a comissão que vai definir as providências que serão tomadas em relação aos dois vereadores envolvidos na briga, também será concluída a votação dos projetos que ficaram pendentes por causa da confusão.
Vereadores de Paraibuna (SP) entram em luta corporal após sessão
Reprodução
O que dizem os envolvidos
O vereador Marcelo André informou em nota que “estava na tribuna da Câmara levando a questão um vídeo que circula em redes sociais de uma mãe atípica que tem uma filha com problemas auditivos e que a prefeitura não fornece professores de libras no município”.
O político alega que uma pessoa ligada à prefeitura falou com a mãe da criança atípica e “pediu para ela se mudar para São José dos Campos, assim lá ela teria atendimento”. Ainda segundo o vereador Marcelo André, em meio ao debate sobre a criança, ele foi atacado.
“Nós como vereadores não podemos admitir isso. Precisamos que as mães e crianças sejam tratadas no município conforme a constituição federal artigo 208 inciso terceiro. Jamais iremos admitir uma postura como essa em nosso município. Sendo assim, por levar esta questão na tribuna fui atacado pelo vereador Klinger que não aceita ouvir as verdades. Reafirmo o compromisso com as pessoas menos favorecidas do nosso município e jamais irei se calar diante do coronelismo que impera no nosso município”, completou Marcelo André na nota.
Em um vídeo divulgado ainda na noite desta segunda-feira, o vereador Klinger Vitório disse que Marcelo ofendeu sua família na tribuna, durante a sessão, que foi suspensa. Em seguida, os dois começaram a bater boca em outro espaço da Câmara, o que resultou na luta corporal.
“O vereador Marcelo estava usando a tribuna e começou a depreciar e agredir minha família e eu intervi e falei para ele cuidar das coisas políticas e não de família, aí ele me chamou de ‘otário’ e disse que não tinha medo de mim. O presidente suspendeu a sessão e o pessoal foi para o plenário anterior da Câmara. Ele foi, encostou na janela e nós todos estávamos conversando, os ânimos estavam exaltados. Ele começou a me ofender novamente e veio na minha direção, eu fui de encontro e a gente se atracou”, relatou.
Em nota assinada pelo presidente, a Câmara Municipal lamentou o ocorrido e afirmou que um boletim de ocorrência foi registrado.
“Reiteramos que atitudes incompatíveis com a conduta parlamentar serão tratadas com a seriedade que o caso exige”, diz a nota.
“As condutas dos vereadores envolvidos serão apuradas com rigor, em conformidade com o Regimento Interno e o Código de Ética desta Casa Legislativa. A presidência reafirma seu compromisso com a legalidade, o respeito institucional e o decoro parlamentar, pilares fundamentais do exercício do mandato legislativo. A Câmara Municipal de Paraibuna seguirá acompanhando e conduzindo as investigações internas com transparência, garantindo o devido processo legal e a responsabilização, caso comprovadas infrações. Por fim, reforçamos nosso compromisso com a população, a democracia e a integridade do Poder Legislativo Municipal”, finalizou.
Também em nota, a nora de Klinger, Camila Carvalho, disse que é assistente social e afirmou que vem sendo perseguida por Marcelo desde a campanha eleitoral e chamou o parlamentar de ‘mentiroso’.
“No exercício da minha profissão, realizei uma visita social na companhia de uma irmã de caridade da instituição onde trabalho. Toda a visita social deu-se em estrita observância aos princípios e prerrogativas profissionais, sendo sigilosas. Reforço que jamais sugeri a ninguém deixar o município. Já encaminhei representação anteriormente a esse episódio ao meu conselho profissional e aguardo uma posição do CRESS para tomar as medidas jurídicas cabíveis”, disse.
Troca de socos, copo arremessado e intervenção da PM: Câmara de Paraibuna tem histórico de confusões em sessões; relembre
Reprodução/TV Vanguarda
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