‘Houve uma falha grave no protocolo’, diz Anderson Torres sobre a segurança no 8 de janeiro

Anderson Torres falou sobre uma 'falha de protocolo' sobre invasões no 8 de janeiro

Anderson Torres falou sobre uma ‘falha de protocolo’ sobre invasões no 8 de janeiro – Foto: Ton Molina/STF

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres prestou depoimento nesta terça-feira (10), no STF (Supremo Tribunal Federal), no segundo dia de interrogatórios dos oito réus acusados de tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após as eleições de 2022.Durante seu depoimento, Anderson detalhou a atuação da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal na desmobilização dos acampamentos instalados na Esplanada dos Ministérios em dezembro de 2022, que, segundo ele, tinham grande parte das participantes como pessoas em situação de rua. Ainda no depoimento, disse que “esperava que o novo governo assumisse e tirasse os acampamentos dali.”

“Convoquei uma reunião com a Secretaria de Segurança Pública para tratarmos da desmobilização total do acampamento. Ficou combinado que, no dia 10 de janeiro, haveria uma atuação das forças de segurança e, em seguida, o desmonte do acampamento com a Polícia Militar e o Comando Militar do Planalto”, disse.

Anderson Torres falou sobre uma 'falha de protocolo' sobre invasões no 8 de janeiro

Anderson Torres no STF durante o segundo dia de interrogatórios – Foto: Ton Molina/STF/ND

Falha no cumprimento do protocolo de segurança assinado por Anderson Torres

No entanto, o ponto central de seu depoimento foi a falha no cumprimento do protocolo de segurança estabelecido antes de sua viagem aos Estados Unidos, marcada antecipadamente, ainda em novembro, de acordo com ele, para o período das férias escolares. Segundo Anderson, ele deixou um protocolo “gravoso”, que previa isolamento e ação integrada, além do fechamento da Esplanada dos Ministérios. “Fui viajar com um protocolo ‘gravoso’, porém houve uma falha grave no cumprimento desse protocolo”, afirmou.

Ao ser questionado sobre sua ausência no momento da tentativa de golpe, Anderson explicou que, ao tomar conhecimento da invasão já em andamento no domingo, 8 de janeiro, agiu imediatamente: “Quando vi o que estava acontecendo, quando a invasão já havia ocorrido e eu disse: ‘não deixe chegar ao Supremo’, questionei sobre a falha, liguei para o governador e fiquei desesperado. Do jeito que deixei as coisas em Brasília, não tinha como imaginar o que aconteceria.”

Ex-presidente, Jair Bolsonaro - Foto: Gustavo Moreno/ND

Ex-presidente, Jair Bolsonaro – Foto: Gustavo Moreno/ND

Anderson Torres nega que Bolsonaro tenha pedido provas de fraude eleitoral

Questionado sobre sua participação na live realizada em 29 de julho de 2022, no Palácio do Planalto, que abordou o tema das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral, Anderson explicou que foi convocado pela Presidência da República para integrar o evento. Ele disse que, apesar do convite, não tinha conhecimento técnico sobre o assunto e, por isso, solicitou um levantamento ao seu gabinete.

“A Polícia Federal produziu relatórios a respeito dos Testes Públicos de Segurança (TPS) realizados nas urnas, com sugestões de melhorias e aperfeiçoamentos no sistema. Minha equipe destacou os trechos que consideravam relevantes e, assim, participei da live por cerca de 4 minutos, lendo trechos desses relatórios”, afirmou.

Audiências acontecem nesta semana no STF - Foto: Gustavo Moreno/STF

Audiências acontecem nesta semana no STF – Foto: Gustavo Moreno/STF

Ao ser questionado se o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu que reunisse elementos para comprovar uma possível fraude nas urnas eletrônicas, Anderson negou. Segundo ele, o Ministério da Justiça não possui um setor técnico específico para tratar das urnas e, durante sua gestão, nunca houve qualquer indício ou prova de fraude.

“Sempre informei ao presidente que não tínhamos nada que apontasse para qualquer irregularidade no sistema eleitoral”, declarou.

 

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