Filme polêmico revela conspiração por trás da Primeira Guerra e divide opiniões

Prelúdio da franquia Kingsman transforma guerra em palco para conspiração e ideologia aristocrática. Lançado nos cinemas brasileiros em janeiro de 2022 e atualmente disponível na Amazon Prime Video, “King’s Man: A Origem” resgata a essência da espionagem britânica ao mesmo tempo em que reconfigura o tom da franquia. Com direção de Matthew Vaughn e roteiro coescrito com Karl Gajdusek, o longa mergulha nas origens da agência secreta Kingsman, abandonando o humor satírico dos filmes anteriores e apostando em uma trama densa e ideologicamente marcada.

Pontos Principais:

  • Filme retrata o surgimento da agência Kingsman durante a Primeira Guerra Mundial.
  • Produção abandona o humor escrachado e assume tom político e revisionista.
  • Personagens históricos reais são inseridos em narrativa conspiratória de espionagem.
  • Críticas apontam ideologia conservadora explícita e falta de sutileza narrativa.
  • Estreia adiada diversas vezes por conta da pandemia; disponível na Prime Video.

O filme é protagonizado por Ralph Fiennes no papel do Duque de Oxford, um aristocrata que, após perder a esposa em uma missão humanitária, dedica-se a proteger o filho, Conrad, dos horrores da guerra iminente. O contexto é a Europa às vésperas da Primeira Guerra Mundial, cenário ideal para a formação de uma rede de espionagem que tem por objetivo impedir o colapso dos impérios britânico, alemão e russo — todos manipulados por uma sociedade secreta conhecida apenas como “O Pastor”.

Prime Video libera filme que mistura nobreza, guerra mundial e conspiração secreta. (Créditos: Divulgação Amazon Prime).
Prime Video libera filme que mistura nobreza, guerra mundial e conspiração secreta. (Créditos: Divulgação Amazon Prime).

Essa reinterpretação dos eventos históricos mistura fatos reais e ficção. Personagens como o czar Nicolau II, o rei George V e o Kaiser Guilherme II são vividos pelo mesmo ator, Tom Hollander. Já figuras como Rasputin, Lenin e Mata Hari aparecem em versões exageradas, integradas a uma narrativa conspiratória que propõe uma releitura das causas do conflito mundial sob a ótica de uma elite supostamente benevolente.

Com orçamento de US$ 100 milhões, o filme foi rodado entre o Reino Unido e a Itália, em locações como os palácios de Venaria e Stupinigi. A fotografia de Ben Davis reforça a atmosfera de época, e a trilha sonora de Matthew Margeson e Dominic Lewis compõe o pano de fundo das cenas de ação, que se alternam entre o realismo histórico e o espetáculo cinematográfico.

A recepção da crítica, no entanto, foi mista. No Rotten Tomatoes, apenas 41% das resenhas foram favoráveis, e o Metacritic registrou uma média de 44 pontos. A ausência de humor autorreferente, característica marcante dos dois primeiros filmes, foi um dos principais pontos de crítica. Para muitos, o longa assume um tom panfletário, reforçando uma visão aristocrática e conservadora sem o distanciamento cômico que antes suavizava esse discurso.

A crítica publicada pelo Omelete destaca que o tradicionalismo da franquia, que sempre flertou com o colonialismo britânico e os códigos de conduta da nobreza, agora se apresenta de forma mais explícita e menos irônica. A sátira é substituída por uma tentativa de drama histórico que, segundo a crítica, esvazia a proposta original da série e transforma a produção em um manifesto ideológico.

A construção do roteiro alterna entre a tentativa de aterrar a trama em fatos históricos e a liberdade criativa para distorcê-los. Isso gera um efeito ambíguo: por um lado, permite cenas emblemáticas como o duelo entre Oxford, Shola e Rasputin; por outro, confunde o espectador ao misturar revisionismo e moralismo sem a clareza necessária para um filme de guerra ou sátira política.

Mesmo com momentos pontuais de impacto, como a morte inesperada de Conrad ou a introdução de novos personagens para sequências futuras, a obra não sustenta o ritmo nem apresenta um desenvolvimento consistente. A aparição de Aaron Taylor-Johnson no final, por exemplo, evidencia a intenção de expandir o universo Kingsman, mas carece de amarração narrativa sólida.

Com performances competentes de Ralph Fiennes, Gemma Arterton, Djimon Hounsou e Rhys Ifans, a produção entrega o mínimo em termos de atuação. Ainda assim, a densidade do conteúdo e a ruptura com o estilo anterior tornam “King’s Man: A Origem” um divisor de águas. Ao tentar ser mais sério e histórico, o filme expõe a ideologia subjacente da franquia, gerando reações que vão da admiração à crítica contundente.

O post Filme polêmico revela conspiração por trás da Primeira Guerra e divide opiniões apareceu primeiro em Carro.Blog.Br.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.