EUA dizem para brasileiro do Canbomblé “morar no Nordeste”

Um casal brasileiro e seu filho menor de idade entraram com uma ação na Justiça dos Estados Unidos solicitando asilo humanitário, alegando sofrer perseguição no Brasil por professarem a religião de matriz africana Candomblé. O pedido foi apresentado na Corte de Apelações do Nono Circuito, em San Francisco, na Califórnia, estado que tem sido palco de protestos contra a deportação de imigrantes.Caso a solicitação fosse aceita, a família evitaria a deportação, já que atualmente não possui status legal nos Estados Unidos. A crescente preocupação entre a comunidade brasileira sobre a intensificação das políticas de fiscalização e remoção em massa foi impulsionada por promessas de campanha de Donald Trump, que anunciou planos para a maior deportação de estrangeiros na história do país.CONTEÚDO RELACIONADORepórter é baleada na perna durante protesto pró-imigração em Los AngelesProtestos contra deportações e tropas nas ruas de Los AngelesEUA: Guarda Nacional chega a Los Angeles a mando de TrumpALEGAÇÕES DO CASALNa petição, os brasileiros, que viviam em um pequeno município de Goiás antes da mudança para os EUA, relataram sofrer agressões devido à sua religião, pertencendo a uma minoria frequentemente alvo de intolerância. O casal destacou outros casos recentes de violência contra praticantes da Umbanda e do Candomblé, reforçando a necessidade de proteção internacional.Quer mais notícias internacionais? Acesse o canal do DOL no WhatsApp.Os dados do Censo Brasileiro de 2022 indicam que apenas 1% da população se identifica como praticante dessas religiões. Além disso, o canal de denúncias do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania registrou 3.853 casos de intolerância religiosa em 2024 – um aumento de mais de 80% em relação ao ano anterior. Fiéis da Umbanda foram os mais atingidos, seguidos por membros do Candomblé.DECISÃO JUDICIALApesar do reconhecimento da violência contra praticantes de religiões afro-brasileiras, a Corte de Apelações negou o pedido de asilo no último dia 15. Segundo o tribunal, o casal “não conseguiu provar que o governo brasileiro os perseguiu ou que foi incapaz de protegê-los da perseguição”.A decisão foi embasada em um relatório do Departamento de Estado dos EUA, que reconheceu incidentes como invasões policiais em terreiros, mas também destacou iniciativas do governo brasileiro para combater a intolerância religiosa.UMA SUGESTÃO CONTROVERSAAo negar o asilo, a Justiça dos EUA sugeriu que a família se mudasse para o Nordeste do Brasil, onde o Candomblé é mais difundido. Segundo a Corte, os requerentes poderiam viver com segurança na região, considerando que possuem habilidades laborais transferíveis.Porém, dados do Censo mostram que o estado com maior proporção de adeptos do Candomblé e da Umbanda no Brasil é o Rio Grande do Sul (3,2% da população). Além disso, a Bahia, tradicionalmente associada às religiões de matriz africana, é o terceiro estado com mais casos de intolerância religiosa, ficando atrás apenas de Rio de Janeiro e São Paulo.
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