Bolsonaro convida Alexandre de Moraes para ser seu vice durante depoimento no STF

Durante o interrogatório no Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira, Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, adotou uma postura desafiadora e irônica diante do relator da ação penal, o ministro Alexandre de Moraes. Réu no processo que investiga uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, Bolsonaro protagonizou um momento de tensão descontraída ao convidar Moraes, em tom de brincadeira, para compor uma chapa presidencial com ele em 2026. A provocação, feita publicamente, gerou risos dos presentes na sessão.

Pontos Principais:

  • Bolsonaro provocou Moraes com um convite para ser seu vice em 2026.
  • A resposta do ministro foi “declino”, mantendo tom institucional.
  • O ex-presidente é réu por tentativa de golpe e organização criminosa.
  • Depoimentos marcam a reta final da fase de instrução processual.
  • Outros réus incluem militares e ex-ministros do governo Bolsonaro.

O diálogo ocorreu após Bolsonaro comentar sobre a forma como é abordado nas ruas por apoiadores e sugerir ao ministro que assistisse a um vídeo sobre isso. Moraes recusou a proposta dizendo “declino”. Em seguida, Bolsonaro perguntou se poderia fazer uma brincadeira e, sem esperar muita objeção, lançou: “Gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 26.” A resposta de Moraes foi a mesma: “Declino novamente.” Apesar da descontração aparente, o momento teve forte carga simbólica, considerando o histórico de atritos entre os dois.

No STF, Bolsonaro tentou desconstruir o clima tenso com uma brincadeira a Moraes, ao sugeri-lo como vice em 2026, durante depoimento por tentativa de golpe.
No STF, Bolsonaro tentou desconstruir o clima tenso com uma brincadeira a Moraes, ao sugeri-lo como vice em 2026, durante depoimento por tentativa de golpe.

Bolsonaro é apontado pela Procuradoria-Geral da República como peça-chave da organização que tentou interromper a ordem democrática. Segundo a denúncia, ele e outros integrantes da alta cúpula do governo, das Forças Armadas e da segurança institucional articularam a abolição do Estado Democrático de Direito por meio de um golpe. A lista de crimes atribuídos inclui golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado, todos com penas que podem ultrapassar uma década de prisão.

A sessão foi marcada por embates e simbolismos, reforçando a complexidade do julgamento. Moraes, ao mesmo tempo relator e alvo constante de críticas do ex-presidente, manteve uma postura firme, recusando pedidos da defesa de Bolsonaro, como a exibição de vídeos durante o depoimento. Segundo o ministro, esse tipo de material pode ser juntado ao processo, mas não exibido diretamente durante a instrução. Bolsonaro, por sua vez, demonstrou frustração com a decisão e disse não ter encontrado “nada” ao ser questionado na chegada à sessão.

Outros nomes importantes já haviam sido ouvidos nas audiências anteriores, incluindo o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o deputado federal Alexandre Ramagem, o almirante Almir Garnier, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o general Augusto Heleno. Todos integram o que a PGR classificou como “núcleo crucial” da organização. A lista também inclui Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, compondo a base da suposta articulação institucional que tentava sustentar a manutenção de Bolsonaro no poder.

Com os depoimentos avançando, o processo entra na fase final da instrução, momento no qual são reunidas as últimas provas para embasar o julgamento. Após o encerramento dessa etapa, ainda podem ser solicitadas diligências complementares. Em seguida, será aberto o prazo para as alegações finais, que deve durar 15 dias. A expectativa é que a Primeira Turma do STF leve o caso a julgamento nos próximos meses, conforme o ritmo processual previsto.

A gravidade dos crimes imputados pela PGR revela a dimensão da crise institucional enfrentada pelo país. A denúncia descreve ações organizadas, com divisão de tarefas e planejamento estratégico, envolvendo desde figuras militares até membros do alto escalão político. A tentativa de ruptura da democracia, segundo a acusação, não foi um ato isolado, mas parte de uma engrenagem articulada. O interrogatório de Bolsonaro, nesse contexto, encerra uma etapa crítica do processo.

Fonte: G1.

O post Bolsonaro convida Alexandre de Moraes para ser seu vice durante depoimento no STF apareceu primeiro em Carro.Blog.Br.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.