Arrecadei mais do que o Criança Esperança, diz Bolsonaro sobre Pix

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em depoimento no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta 3ª feira (10.jun.2025), que arrecadou R$ 18 milhões por meio de uma campanha de doações via Pix depois de deixar o Planalto. “Sinal de que o pessoal gosta da gente“, disse.

Segundo ele, foi mais dinheiro que o arrecadado pelo “Criança Esperança”, tradicional campanha de doações da Rede Globo. “E a gente gasta (risos). Eu não posso trabalhar de graça. Não teria como ajudar meu filho, que está nos Estados Unidos, também. Então, eu agradeço. Eu arrecadei mais dinheiro que o Criança Esperança“, disse. O valor recorde já levantado pelo programa foi de R$ 22,5 milhões, em 2019.

Assista ao vídeo (1min22s):

 

A campanha aconteceu em 2023, quando aliados de Bolsonaro compartilham o CPF do ex-presidente em seus perfis nas redes sociais e pedem que seus seguidores enviem alguma contribuição.

Entre os nomes que divulgaram a campanha estão os deputados federais Carla Zambelli (SP) e Nikolas Ferreira (MG), ambos do PL.

Segundo Bolsonaro, os recursos foram essenciais para sua sobrevivência financeira.

E eu falei para um colega: eu só tinha uma maneira de arranjar essa grana  –fazendo besteira. Eu não vou fazer. (…) Foram 17 milhões. Depois teve um pingado, chegou a 18 milhões“, afirmou.

Bolsonaro presta depoimento ao ministro Alexandre de Moraes como parte da investigação que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

INTERROGATÓRIOS

A 1ª Turma do STF começou na 2ª feira (9.jun) a interrogar os réus do núcleo crucial na ação penal por tentativa de golpe de Estado. Segundo a PGR, os integrantes desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que tinham como objetivo impedir a posse de Lula.

Fazem parte do grupo:

  • Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República;
  • Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e deputado federal;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional);
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022.

Os interrogatórios devem ser finalizados até a 6ª feira (13.jun). O 1º a ser ouvido foi Mauro Cid, que fechou um acordo de colaboração com o STF. Os demais réus estão sendo interrogados na sequência, em ordem alfabética. A ordem foi estabelecida assim para que todos tenham conhecimento do que o delator falou e, assim, possam exercer o amplo direito de defesa.

Todos os réus do núcleo são obrigados a comparecer nos interrogatórios, mas podem permanecer em silêncio e responder a algumas ou nenhuma pergunta. O relator, ministro Alexandre de Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os advogados podem fazer perguntas. Se outros ministros da 1ª Turma comparecerem, também podem questionar os réus.

Depois de terem sido interrogados, os réus não precisam mais comparecer. O único do grupo que não irá até o plenário da 1ª Turma é o general Braga Netto, que está preso preventivamente no Rio de Janeiro desde dezembro. Ele participa por videoconferência.

Os interrogatórios fazem parte da etapa de instrução criminal –momento de produção de provas. Já foram ouvidas as testemunhas de acusação e defesa e ainda podem ser produzidas provas documentais e periciais que forem solicitadas pelas partes e autorizadas pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.

Eventuais diligências para esclarecer algum fato apurado durante a instrução também podem ser realizadas. Só depois dessa etapa é que a acusação e as defesas devem apresentar suas alegações finais e Moraes preparará o relatório final para o julgamento.

Os interrogatórios são transmitidos no canal do STF no YouTube e na TV Justiça ao vivo. O Poder360 também faz a transmissão no canal deste jornal digital no YouTube (inscreva-se e ative as notificações). No Brasil, o interrogatório de réus em ações penais é, por regra, um ato público. Embora a transmissão ao vivo não seja comum, o STF já permitiu acesso de jornalistas e do público em outros casos semelhantes.

Até esta 3ª feira (10.jun), falaram: Mauro Cid, Alexandre Ramagem, o Almir Garnier, Anderson Torres e general Heleno.


Assista aos vídeos dos interrogatórios dos réus ao STF:

  • Tentativa de golpe: assista a trechos do 1º dia de depoimentos no STF
  • Assista à íntegra do interrogatório de Mauro Cid sobre tentativa de golpe
  • Assista à íntegra do interrogatório de Ramagem ao STF
  • Assista à íntegra do interrogatório de Garnier ao STF por tentativa de golpe
  • Assista à íntegra do interrogatório de Heleno ao STF

Leia reportagens sobre o interrogatório de Mauro Cid:

  • Bolsonaro leu e alterou “minuta do golpe”, diz Mauro Cid ao STF
  • Mauro Cid mente e tem “memória seletiva”, diz defesa de Bolsonaro
  • Cid diz que omitiu dinheiro de Braga Netto por choque na prisão
  • Exército aderiria à tentativa de golpe com decreto, diz Cid
  • Cid cumprimenta Bolsonaro e presta continência a generais no STF
  • Moraes brinca com Cid sobre críticas: “Pode falar, estou acostumado”
  • Zambelli e Delgatti discutiram fraudes nas urnas com Bolsonaro, diz Cid
  • Ex-comandante da Marinha era “radical” e defendia golpe, diz Cid
  • Cid nega ter sido coagido durante depoimentos à PF
  • Cid diz que omitiu dinheiro de Braga Netto por choque na prisão

Leia mais:

  • Moraes nega pedido de Bolsonaro para exibir vídeos em interrogatório
  • Torres nega que documento encontrado na sua casa fosse minuta do golpe
  • Garnier nega que desfile de blindados foi para pressionar Congresso
  • Bolsonaro levará vídeos ao STF para depoimento sobre golpe
  • Garnier confirma reunião com Bolsonaro, mas nega ter oferecido tropas
  • No STF, Ramagem nega tentativa de golpe e uso ilegal da Abi
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