Anderson Torres diz a Moraes que sempre informou Bolsonaro sobre ausência de fraude nas urnas

Em depoimento prestado nesta terça-feira, 10, ao Supremo Tribunal Federal, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres tentou se desvincular das acusações ligadas à chamada trama golpista e reforçou que jamais teve qualquer elemento técnico para apontar fraudes no processo eleitoral. O interrogatório, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, teve como foco as declarações feitas por Torres durante uma reunião ministerial em julho de 2022, nas quais ele teria levantado dúvidas sobre a lisura das urnas eletrônicas.

Pontos Principais:

  • Anderson Torres afirmou ao STF que nunca identificou fraude nas urnas.
  • Disse que apenas replicava sugestões técnicas da Polícia Federal.
  • Negou ter escondido o celular ao ser preso, alegando perda durante viagem.
  • Declarou ter entregue à PF a senha da nuvem do aparelho.
  • Justificou críticas ao STF como reflexo da tensão entre os poderes.

Torres afirmou que suas falas, na época, não tinham o objetivo de desacreditar o sistema eleitoral, mas refletiam recomendações feitas por peritos da Polícia Federal sobre possíveis melhorias técnicas. Segundo ele, suas manifestações sempre estiveram restritas ao campo da segurança institucional, sem insinuar ilegalidades ou irregularidades nos pleitos. “Todas as minhas falas são em relação às sugestões de melhorias que os peritos trouxeram naqueles documentos”, declarou, ao ser questionado diretamente por Moraes.

Anderson Torres foi ouvido no STF e declarou que jamais teve provas de fraude nas urnas. Disse que apenas replicava sugestões técnicas feitas por peritos da PF.
Anderson Torres foi ouvido no STF e declarou que jamais teve provas de fraude nas urnas. Disse que apenas replicava sugestões técnicas feitas por peritos da PF.

Durante o depoimento, o ex-ministro reforçou que, mesmo quando consultado pelo então presidente Jair Bolsonaro ou por outros membros do governo, manteve uma postura técnica. “Tecnicamente falando, nós não temos nada que aponte fraude nas urnas”, disse. Ele acrescentou que não recebeu nenhuma denúncia concreta que pudesse justificar suspeitas públicas sobre o sistema eletrônico de votação e sempre deixou isso claro em conversas internas.

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Um dos pontos centrais da acusação é a participação de Torres na transmissão ao vivo realizada por Bolsonaro no Palácio da Alvorada, em julho de 2021. O evento é citado pela Procuradoria-Geral da República como o marco inicial da tentativa de minar a credibilidade das eleições. Durante a live, Bolsonaro fez afirmações sem provas sobre o processo eleitoral. Apesar disso, Torres alegou que sua presença foi institucional e que não endossou acusações infundadas feitas naquela ocasião.

Além do conteúdo das reuniões e transmissões, Moraes cobrou explicações sobre o fato de Torres não ter levado seu celular à Polícia Federal ao se apresentar para ser preso em janeiro de 2023. Naquele momento, ele era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e estava de férias nos Estados Unidos, enquanto ocorriam os atos golpistas na Praça dos Três Poderes. Torres alegou que perdeu o aparelho durante a viagem e que o episódio afetou profundamente seu equilíbrio emocional.

Ele relatou que o impacto da ordem de prisão foi tão grande que não conseguiu lidar com clareza com o que se passava. “Foi o momento mais duro da minha vida”, afirmou. Para reforçar a tese de que não tinha intenção de ocultar provas, contou ter entregue voluntariamente a senha de acesso à nuvem de seu celular à Polícia Federal, ressaltando que nada teria a esconder sobre suas comunicações durante o período investigado.

O interrogatório também abordou o clima político e institucional que cercava o governo federal em 2022. Questionado sobre suas falas críticas ao Supremo Tribunal Federal durante a reunião ministerial, Torres alegou que o ambiente era de tensão entre os poderes e que ele próprio tentou atuar para evitar um colapso na relação entre Executivo e Judiciário. “Eu fui um dos que mais me esforcei para que essa relação não se esbagaçasse”, declarou, atribuindo o tom de suas falas à pressão crescente que enfrentava no cargo.

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