Mounjaro é liberado para emagrecimento no Brasil, mas alto custo restringe acesso popular

O Brasil passa a contar oficialmente com o Mounjaro como mais uma opção farmacológica no combate à obesidade e ao sobrepeso. A decisão da Anvisa, publicada em 9 de junho de 2025, autoriza o uso da tirzepatida para pessoas que não possuem diabetes, mas convivem com excesso de peso e complicações associadas. O remédio, já aprovado desde 2023 para diabetes tipo 2, agora poderá ser receitado também a pacientes com IMC acima de 30, ou de 27 com comorbidades.

Pontos Principais:

  • Mounjaro foi aprovado pela Anvisa para tratar obesidade e sobrepeso em pessoas sem diabetes.
  • O medicamento atua sobre os hormônios GLP-1 e GIP, aumentando a saciedade e controlando a glicose.
  • Preço varia entre R$ 1.406 e R$ 2.384 por mês, dependendo da dose e do canal de compra.
  • É vendido em canetas com dose semanal, com exigência de receita médica com retenção.
  • Mulheres em idade fértil devem evitar anticoncepcionais orais durante o tratamento com Mounjaro.

Produzido pela farmacêutica Eli Lilly, o Mounjaro é administrado em forma de caneta injetável semanal e atua em dois hormônios ligados ao apetite e à regulação da glicose no sangue. A combinação da ação sobre os receptores GLP-1 e GIP diferencia o produto de concorrentes como Ozempic e Wegovy, que agem apenas no GLP-1. O duplo mecanismo de ação é apontado como responsável por maiores índices de saciedade e melhores resultados em exames laboratoriais.

Caneta Mounjaro recebe aval da Anvisa para tratar obesidade em não diabéticos. (Créditos: Imagem por ia)
Caneta Mounjaro recebe aval da Anvisa para tratar obesidade em não diabéticos. (Créditos: Imagem por ia)

Comercializado desde maio no país, o medicamento já está disponível em farmácias e plataformas online nas versões de 2,5 mg e 5 mg. No programa de descontos da fabricante, os preços oscilam entre R$ 1.406 e R$ 1.859 por mês. Fora desse programa, o custo pode chegar a R$ 2.384,34, valor elevado que se soma à exigência de receita médica com retenção. Especialistas apontam que o preço é uma das maiores barreiras para adoção do tratamento em larga escala.

A eficácia demonstrada em estudos, no entanto, é acompanhada de alertas importantes. Um dos pontos de atenção é o uso do Mounjaro por mulheres em idade fértil. De acordo com recomendações internacionais, especialmente da agência de regulação britânica MHRA, a tirzepatida pode interferir na eficácia de anticoncepcionais orais. Isso acontece porque o esvaziamento gástrico retardado reduz a absorção de medicamentos ingeridos por via oral.

Com base nesse risco, profissionais de saúde recomendam o uso de métodos contraceptivos não orais — como dispositivos intrauterinos, implantes ou preservativos — durante todo o tratamento e até dois meses após o término, caso haja desejo de engravidar. Além disso, não há estudos suficientes sobre a segurança do medicamento em gestantes e lactantes, sendo indicada a suspensão imediata em caso de gravidez confirmada.

O uso do Mounjaro requer acompanhamento médico contínuo, não apenas para avaliar os resultados, mas também para monitorar efeitos adversos e adequação de dose. Como ocorre com outros tratamentos injetáveis para emagrecimento, o remédio não substitui mudanças no estilo de vida, como alimentação balanceada e prática de atividade física. Médicos reforçam que o medicamento pode ser eficaz, mas não é isento de riscos.

Na comparação com seus concorrentes, o Mounjaro chega com valores acima da média. Após sua chegada oficial ao Brasil, a Novo Nordisk anunciou uma redução de 20% nos preços do Ozempic e do Wegovy. Ainda assim, esses medicamentos mantêm valores que variam entre R$ 825 e R$ 1.799, tornando-os mais acessíveis em relação à tirzepatida.

Outro aspecto relevante é a forma de apresentação do produto. A embalagem do Mounjaro contém quatro canetas, cada uma correspondente a uma aplicação semanal. Isso facilita a adesão do paciente ao tratamento, embora o custo e a exigência de receita especializada continuem sendo limitadores importantes para o início da terapia.

A aprovação da tirzepatida para uso em não diabéticos reflete a ampliação da abordagem médica frente à obesidade, reconhecida como uma doença crônica multifatorial. O Mounjaro, nesse contexto, representa mais uma ferramenta com potencial de impacto em políticas de saúde pública, mas que ainda esbarra em fatores econômicos e estruturais.

Com informações de Uol, Istoe e Jornaldebrasilia.

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