Invepar dá calote em dívida depois de renegociar 7 vezes com fundo

A holding de infraestrutura Invepar –controlada pelos fundos de pensão Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil), Petros (Fundação Petrobras de Seguridade Social) e Funcef (Fundação dos Economiários Federais) e pela gestora Monte Capital– deu calote em dívida que tinha o fundo árabe Mubadala Capital como credor. A companhia já renegociou o pagamento da pendência financeira 7 vezes desde o 1º atraso, em 2018.

O calote se deve à aquisição pela CCR –que mudou de nome para Motiva Infraestrutura de Mobilidade S.A– da participação da Invepar sobre o VLT (veículo leve sobre trilhos) do Rio de Janeiro. A venda foi avaliada em R$ 97 milhões. O acordo com o Mubadala estabelecia que parte do montante (cerca de R$ 30 milhões) fosse destinado para pagar as debêntures de dívidas dos fundos de pensão.

O Mubadala Capital fez um empréstimo para a companhia em 2017 junto com os outros fundos de pensão. A dívida era superior a US$ 500 milhões. Parte foi liquidada com a aquisição das concessionárias MetrôRio e MetrôBarra, em novembro de 2021, o que criou uma sociedade com os 3 fundos de pensão.

Atualmente, a dívida da Invepar com o Mubadala é em torno de R$ 330 milhões. Diminuiu depois das 7 renegociações e da aquisição do metrô no Rio.

A Invepar atua nos segmentos de mobilidade urbana, tendo como maior empreendimento o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. A empresa obteve medida cautelar (decisão provisória e urgente) que dá benefícios do processo de recuperação judicial, como a permissão para o atraso do pagamento de dívidas.

A agência de risco S&P (Standard & Poor’s) rebaixou a nota de crédito global da Invepar de “CC” para “D” depois da liminar da Justiça. A nota está na categoria de “calote”. Leia a íntegra do documento (PDF – 128 kB).

Ao Poder360, a Invepar afirmou que “segue trabalhando na busca de soluções e para a melhor composição dos interesses junto aos credores”.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

A decisão da 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro se deu depois de aceleração do pagamento de emissões de debêntures da companhia no início de maio, totalizando R$ 676,7 milhões.

Deu prazo de 30 dias para pedir recuperação judicial. O Aeroporto de Guarulhos não está incluído, mas a empresa pode, depois do processo, ter que se desfazer do empreendimento para quitar dívidas com os credores. Também suspendeu execuções, vencimentos antecipados e bloqueios de bens vinculados à reestruturação.

A cautelar tem efeito sobre 3 empresas controladas pela Invepar: a Lamsa, que opera a linha amarela no Rio de Janeiro; a Via 040, responsável por trecho da BR-040 entre Brasília e Juiz de Fora; e a Lambra.

A tendência é que a recuperação judicial seja protocolada nas próximas semanas. A Invepar é controlada majoritariamente por fundos de pensão de funcionários públicos do BB (Banco do Brasil), da Petrobras e da Caixa Econômica Federal. Eis a composição:

  • 26% – Previ;
  • 25% – Petros;
  • 25% – Funcef.
  • 24% – Monte Capital.

Mubadala & Invepar

O Mubadala Capital é um dos maiores fundos de investimento do mundo, com sede nos Emirados Árabes Unidos. Administra mais de US$ 30 bilhões em ativos.

Tem escritórios em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), Nova York (EUA), Londres (Inglaterra), São Francisco (EUA) e Rio de Janeiro.

A empresa informou que não recebeu qualquer proposta de nova negociação por parte da Invepar. Disse que se posiciona de forma construtiva junto a seus parceiros e ativos.

“Vale destacar que a dívida, com vencimento original em 2018, foi renegociada 7 vezes. A Mubadala Capital preza pela geração de soluções responsáveis e sustentáveis”, afirmou.

Em janeiro de 2024, o Conselho de Administração da Invepar aprovou a eleição de Osvaldo Garcia para o cargo de diretor-presidente, em substituição a Gustavo Soares Figueiredo, que atua como diretor presidente da concessionária do Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Em outubro do mesmo ano, Ricardo Rocha Perrone foi nomeado para o cargo de diretor vice-presidente Administrativo Financeiro e de Relações com Investidores. Ficou no lugar de Marcus Rosa.

RESULTADOS DA INVEPAR

Em 2024, a Invepar teve crescimento de 5,5% do número de passageiros no Aeroporto de Guarulhos. Foram 43,58 milhões de pessoas. O segmento internacional foi responsável pelo aumento de 12,1%. O movimento de aeronaves avançou 4,8% em 1 ano e atingiu 288.063.

Nas rodovias, o fluxo da ViaRio foi de 5 milhões veículos pagantes em 2024, com alta de 2,8% em relação ao ano anterior.

A receita bruta das tarifas foi de R$ 3,82 bilhões no ano passado, um crescimento de 14,1% em relação a 2023. A receita líquida somou R$ 2,93 bilhões, um acréscimo de 13,7%.

A dívida bruta da empresa somou R$ 3,32 bilhões em 2024, com alta de 4,7% em relação a 2023. A dívida líquida diminuiu de R$ 1,25 bilhão para R$ 478,4 milhões. O prejuízo financeiro foi de R$ 1,373 bilhão em 2024 ante o saldo negativo de R$ 1,379 bilhão de 1 ano antes.

Leia abaixo a íntegra da nota da Invepar:

“A Invepar não irá se manifestar sobre processos em curso. A companhia segue trabalhando na busca de soluções e para a melhor composição dos interesses junto aos credores.”

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