Guiana é único país autossuficiente em grupos alimentares essenciais

A Guiana é o único país entre 186 nações analisadas capaz de produzir domesticamente todos os 7 grupos alimentares essenciais para uma dieta saudável e sustentável, segundo um estudo publicado em maio pela revista Nature Food. Eis a íntegra (PDF – 18 KB)

O estudo avaliou a capacidade dos países de alimentar suas populações seguindo as recomendações da dieta Livewell, desenvolvida pelo WWF (World Wildlife Fund).

A pesquisa examinou a autossuficiência alimentar em 7 categorias: frutas, verduras, proteínas vegetais, laticínios, peixes, carnes e carboidratos ricos em amido. China e Vietnã ocupam a 2ª posição no ranking, produzindo quantidades suficientes em 6 das 7 categorias.

O Brasil aparece em posição intermediária, com capacidade de produção suficiente em 5 categorias: frutas, laticínios, carnes, carboidratos ricos em amido e proteínas vegetais. O país não consegue suprir suas necessidades internas de verduras e peixes.

Apenas 1 em cada 7 países alcança autossuficiência em 5 ou mais grupos alimentares essenciais. A maioria destes está localizada na Europa e América do Sul. No extremo oposto, 6 nações – Afeganistão, Emirados Árabes, Iraque, Macau, Catar e Iêmen– não conseguem produzir o suficiente em nenhuma das categorias.

A análise identificou grandes disparidades na produção de carne e laticínios entre regiões. Países europeus produzem muito além de suas necessidades, enquanto nações africanas enfrentam déficits significativos. Na República Democrática do Congo, a produção doméstica de carne representa apenas 15% da demanda nacional.

Apenas 24% das nações cultivam verduras em quantidade adequada. Menos da metade dos países analisados produz quantidades suficientes de proteínas vegetais como feijão, grão-de-bico, lentilhas, nozes e grãos. Situação semelhante acontece com carboidratos ricos em amido.

Jonas Stehl, pesquisador sênior da Universidade de Göttingen, afirmou à BBC Science Focus que “a baixa autossuficiência não é inerentemente ruim”. Segundo ele, fatores como condições climáticas inadequadas, qualidade do solo ou instabilidade de temperatura podem tornar as importações economicamente viáveis. 

Entretanto, alertou que “baixos níveis de autossuficiência podem reduzir a capacidade de um país de reagir a choques repentinos no fornecimento global de alimentos, como secas, guerras ou proibições de exportação”.

O pesquisador sugere que o interesse renovado na autossuficiência alimentar pode refletir mudanças políticas mais amplas, “como o crescente nacionalismo e o desejo de alguns de reduzir a dependência do mundo exterior”.

As uniões econômicas regionais apresentam padrões similares de dependência alimentar. O Conselho de Cooperação do Golfo, no Oriente Médio, atinge autossuficiência apenas em carne. As uniões da África Ocidental e do Caribe conseguem suprir suas necessidades em apenas dois grupos alimentares. Nenhuma união econômica regional produz verduras suficientes para toda sua população.

A América Latina apresenta um quadro misto no cenário global. A região Sul do continente se destaca como uma das mais autossuficientes em alimentos do mundo, especialmente na produção de frutas. Mas essa abundância não se repete em todos os grupos alimentares. 

A produção de verduras é insuficiente na maioria dos países latino-americanos, com exceção da Guiana. Entretanto, nenhuma união econômica da região consegue ser autossuficiente em mais de 5 grupos de alimentos.

Muitos países com produção insuficiente dependem quase exclusivamente de um único parceiro comercial para mais da metade de suas importações, especialmente em nações menores e insulares.

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