Estudo revela que cérebro interpreta o mesmo som de maneiras distintas conforme o hemisfério ativado

Por mais que a estrutura do cérebro humano pareça simétrica, seus dois lados desempenham papéis distintos, especialmente no que diz respeito ao processamento do som. A nova pesquisa de Hysell V. Oviedo, neurocientista da Universidade de Washington em St. Louis, oferece pistas importantes sobre por que isso acontece — e como o mesmo estímulo auditivo pode ser interpretado de formas completamente diferentes dependendo de qual hemisfério o recebe primeiro.

Pontos Principais:

  • Hemisférios cerebrais processam sons de forma distinta e complementar.
  • Estudo foi conduzido com camundongos e analisou amadurecimento do córtex auditivo.
  • Experiências sonoras na infância moldam permanentemente a percepção auditiva.
  • Sexo biológico influencia a janela crítica de plasticidade cerebral auditiva.
  • Lado esquerdo é mais focado em linguagem; lado direito, em entonação e melodia.

A investigação foi feita com base em experimentos conduzidos em camundongos, observando como os sinais elétricos do córtex auditivo evoluem da fase neonatal à idade adulta. Os testes demonstraram que o hemisfério direito amadurece mais rapidamente que o esquerdo, especialmente durante um período sensível conhecido como “janela crítica”. Durante essa fase, o cérebro é altamente receptivo a estímulos sonoros, o que molda permanentemente sua maneira de processar informações auditivas.

Cérebro pode processar som de formas diferentes. (Foto: reprodução inteligência artificial).
Cérebro pode processar som de formas diferentes. (Foto: reprodução inteligência artificial).

A equipe liderada por Oviedo expôs os animais a tons específicos durante essas janelas e descobriu que os sons ouvidos no momento certo deixaram marcas duradouras no cérebro. No entanto, quando o estímulo sonoro foi apresentado fora desse intervalo, o processamento resultou distorcido. Isso sugere que o desenvolvimento auditivo não depende apenas do tipo de som, mas também do momento exato em que ele é percebido pelo cérebro em formação.

Outro aspecto revelador foi a influência do sexo dos camundongos nas janelas de plasticidade cerebral. Fêmeas apresentaram ativação precoce no hemisfério direito, enquanto machos mostraram um padrão mais sensível nesse lado, mas com ausência de resposta detectável no hemisfério esquerdo. Esse fator biológico pode indicar que o gênero desempenha papel decisivo na arquitetura auditiva e nas diferenças perceptivas entre indivíduos.

O hemisfério esquerdo, conforme o estudo, desenvolve conexões mais específicas, permitindo a diferenciação entre palavras e fonemas. Já o lado direito é mais integrado e amplo, voltado à percepção melódica e à entonação da fala. Isso explica por que certos indivíduos compreendem melhor variações tonais, enquanto outros têm facilidade com estrutura linguística e articulação verbal.

Ainda que a maioria dos estudos anteriores tenha focado em cérebros adultos, a pesquisa de Oviedo reforça que a base dessas diferenças está em experiências auditivas precoces. A forma como sons são escutados — e codificados — logo nos primeiros dias pode moldar a capacidade auditiva por toda a vida. Trata-se de um campo com implicações práticas importantes para áreas como linguagem, alfabetização, música e desenvolvimento infantil.

As descobertas não apenas aprofundam o conhecimento sobre a plasticidade cerebral, como também reforçam a complexidade do cérebro humano em adaptar-se ao ambiente. A compreensão de como essas janelas auditivas funcionam pode ajudar profissionais da saúde e educação a identificar e atuar precocemente sobre déficits auditivos e distúrbios de linguagem, melhorando diagnósticos e intervenções desde os primeiros anos.

Fonte: Acessepolitica, Sicnoticias e Administradores.

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