Estudo identifica fenômeno triplo nos oceanos que ameaça ecossistemas e pesca no Brasil

Uma nova pesquisa publicada na revista científica Nature Communications mostra que os oceanos estão enfrentando uma ameaça tripla que vem se tornando cada vez mais frequente: o surgimento simultâneo de ondas de calor marinhas, acidificação das águas e escassez de clorofila. Esses três fenômenos extremos já afetam o Atlântico Sul de forma significativa, especialmente em regiões costeiras do Brasil e da África, e são apontados pelos pesquisadores como resultado direto das mudanças climáticas causadas por ações humanas.

Pontos Principais:

  • Estudo revela crescimento de eventos climáticos triplos nos oceanos.
  • Fenômenos combinam ondas de calor, acidificação e escassez de clorofila.
  • Atlântico Sul, incluindo litoral brasileiro, apresenta impactos graves.
  • Efeitos prejudicam biodiversidade marinha e atividades econômicas como a pesca.

Os dados analisados cobriram dois períodos consecutivos de dez anos: entre 1999 e 2008, e depois de 2009 a 2018. No primeiro intervalo, não foi registrada nenhuma ocorrência em que os três eventos se sobrepusessem no mesmo local e ao mesmo tempo. Já na década seguinte, os chamados eventos triplos se tornaram recorrentes. Em algumas áreas, as ocorrências chegaram a durar entre 17 e 49 meses, abrangendo até 18% da extensão observada.

Mudanças climáticas provocam distúrbio triplo inédito no Atlântico Sul.
Mudanças climáticas provocam distúrbio triplo inédito no Atlântico Sul.

No Brasil, o litoral potiguar foi palco de um dos episódios mais preocupantes. Entre o verão e o outono de 2020, as águas próximas a Rio do Fogo atingiram 32 °C, muito acima da média histórica de 28 °C. O impacto foi visível: 85% dos corais duros e 70% das colônias de zoantídeos da região ficaram completamente branqueados, comprometendo um ecossistema vital para a biodiversidade e a pesca artesanal local.

O estudo mostra que a acidificação marinha — causada pela maior absorção de dióxido de carbono atmosférico — enfraquece organismos calcificantes, como moluscos e corais, dificultando a formação de estruturas essenciais para sua sobrevivência. Paralelamente, a escassez de clorofila no mar, que afeta diretamente a fotossíntese de fitoplânctons e algas, reduz a disponibilidade de alimento para peixes e outras espécies marinhas.

Os pesquisadores afirmam que para que um evento triplo seja considerado, é necessário que os três elementos extremos se manifestem simultaneamente em pelo menos 1% da área analisada. Esse critério foi superado em diversas regiões monitoradas, com destaque para áreas estratégicas da costa africana e do Atlântico tropical, onde os efeitos sobre a fauna marinha são duradouros.

Além dos impactos ambientais, os eventos triplos também comprometem atividades humanas como a pesca, ao reduzir a produtividade dos ecossistemas marinhos. Espécies que dependem de condições estáveis para alimentação e reprodução acabam migrando, adoecendo ou morrendo em maior número, o que desestrutura a cadeia alimentar e prejudica comunidades costeiras inteiras.

Embora o estudo não aponte soluções diretas, ele reforça a urgência de iniciativas voltadas à conservação oceânica e ao combate às causas das mudanças climáticas. Os dados coletados oferecem uma base robusta para ações futuras, mas também revelam que o tempo para reagir aos impactos climáticos sobre os mares está cada vez mais curto.

Fonte: ufsc e Amda

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