“Boa política começa no orçamento e não na propaganda”, diz Motta

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu neste sábado (7.jun.2025) o corte nas isenções fiscais que, para ele, chegaram a um nível que o país não é mais capaz de suportar. A uma plateia de políticos e empresários, o deputado afirmou que é preciso haver um “mínimo de acompanhamento” na contrapartida de quem recebe benefícios tributários.

“Estamos colocando na mesa de discussão o corte nas isenções fiscais que ao longo do tempo foram dadas em nosso país. Isenções extras que chegam ao número não mais possível de suportar pelas contas do nosso país. Isenções essas que não têm o mínimo de acompanhamento sobre o retorno e a contrapartida que deve ser dada por quem as recebe”, disse. Motta discursou por 10 minutos no Fórum Esfera, evento realizado pela Esfera Brasil no Guarujá (SP).

Motta afirmou que o tema será discutido com líderes de partidos da Câmara em reunião no domingo (8.jun), em Brasília. O encontro está marcado para as 20h. O deputado declarou que a discussão sobre uma reforma estruturante para o país foi “empurrada” pela decisão do governo de propor o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

A jornalistas, o deputado sinalizou que pode colocar em pauta na 3ª feira (10.jun) um PDL (Projeto de Decreto Legislativo) para derrubar os efeitos da medida apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que elevou as alíquotas do IOF.

“Vamos amanhã, após a apresentação das medidas do governo, decidir sobre o PDL, que pode entrar na pauta na próxima 3ª feira. Tudo isso será deliberado após essa conversa. Não é justo termos estabelecido um prazo de 10 dias para que o governo apresentasse alternativas e decidirmos antes disso. Qualquer posição agora fugiria ao que foi combinado”, disse.

Motta afirmou que a revisão dos benefícios tributários pode ser uma pauta “antipática” em um 1º momento, mas se houver capacidade de comunicação e para encarar a realidade “nua e crua como ela é”, todos perceberão que não há mais “tempo para adiar o futuro do país”.

Em um discurso com muitas frases de efeito, o presidente da Câmara disse que a política econômica do governo federal não coincide com o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que trabalha pela justiça social, pois a irresponsabilidade fiscal conduz o país para a injustiça.

“Não há justiça social com irresponsabilidade fiscal. Não há crescimento com improviso. Não há futuro possível para um país que insiste em empurrar a conta adiante esperando que ela se resolva por mágica ou discurso. O Brasil precisa de coragem, sobretudo para entender que a boa política começa no Orçamento e não na propaganda”, afirmou.

Motta disse que o modelo de governo no Brasil virou “uma grande costureira” que tenta resolver novas crises com remendos no Orçamento da União. “A cada crise, é um novo remendo no cobertor. Só que o fio está acabando e, se nada for feito, a costureira morre e leva o país junto”.


A editora sênior Mariana Haubert viajou ao Guarujá (SP) a convite da Esfera Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.