Incultura, diz Barroso sobre críticas por jantar com CEO do iFood

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso, chamou de “incultura” as críticas feitas depois de sua participação no jantar promovido pelo CEO do iFood, Diego Barreto, na 5ª feira (22.mai.2025). Na ocasião, ele cantou a música “Garota de Ipanema” ao lado do empresário e da cantora Paula Lima.

No Brasil existem duas grandes categorias de pessoas: as que fazem alguma coisa e as que têm razão. Portanto, a gente tem que continuar fazendo e deixar parado as que têm razão e precisam vender jornal falando bobagem”, disse o ministro na 3ª feira (27.mai) durante a abertura da sessão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Segundo o ministro da Corte, o evento foi realizado para arrecadar fundos da iniciativa privada para o Programa de Ação Afirmativa para Ingresso na Magistratura. A iniciativa é do CNJ, do qual Barroso também é presidente, em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas) e a Universidade Zumbi dos Palmares.

O programa foi criado em fevereiro de 2024 com a finalidade de viabilizar a preparação de pessoas negras e indígenas para concorrer a vagas em concursos públicos da magistratura brasileira.

“O meu comentário indignado é que a gente fez um jantar para arrecadar fundos para o programa, e a matéria diz que eu me reuni com empresários a pretexto de arrecadar fundos. Então está bom. A incultura é um problema difícil de sanar no Brasil”, declarou o ministro do STF.

Em um vídeo publicado no Instagram por Paula Lima, Barroso aparece cantando “Garota de Ipanema”, música de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. No vídeo, o ministro divide o microfone com a cantora e Barreto durante um jantar beneficente na casa do empresário, em São Paulo. A empresa de delivery é uma das partes interessadas em ação analisada pelo Supremo.

Assista (31s):

STF X IFOOD

O iFood tem interesse em uma ação que tramita no Supremo sobre o reconhecimento de vínculo de emprego entre motoristas de aplicativos de transporte e empresas que administram as plataformas digitais. O alvo da ação é a Uber, mas o tema tem repercussão geral e a tese fixada será aplicada a todos os casos semelhantes que correm na Justiça.

A empresa de delivery é uma das companhias que defende o modelo de trabalho autônomo e sem vínculo empregatício. O CEO foi pessoalmente à audiência pública sobre o tema no Supremo, em dezembro de 2024.

Na ocasião, Barreto disse que a plataforma não é uma empresa de logística, mas um ecossistema de conveniência que vai além dos restaurantes, incluindo benefícios como crédito para comerciantes.

O executivo defendeu que, embora os entregadores usem mochilas do iFood, muitos não atuam por meio do aplicativo, trabalhando diretamente com os estabelecimentos. Disse que a empresa acredita que é necessária a regulação da relação entre motoristas de carro e entregadores.

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