Governo pode cumprir meta fiscal em 2025, mas cenário é de restrição, diz economista

O governo federal pode conseguir cumprir a meta fiscal em 2025, mas o cenário é de forte restrição, segundo avaliação de Felipe Salto, economista da Warren Investimentos. Em entrevista à BM&C News, Salto afirmou que o corte de gastos anunciado recentemente — incluindo contingenciamentos e bloqueios que somam R$ 31,3 bilhões — é tecnicamente suficiente para atingir o objetivo estabelecido em lei. No entanto, ele alerta que a sustentabilidade da política fiscal segue pressionada.

“Este ano o governo deve conseguir cumprir a meta, mas porque fez um contingenciamento expressivo e também porque manteve despesas discricionárias em um nível ainda suficiente para o funcionamento da máquina pública”, explicou Salto. “Além disso, garantiu o apoio do Congresso com a execução total das emendas parlamentares, que somam R$ 16,4 bilhões.”

Meta fiscal em 2024 foi alcançada, mas à custa de receita e sorte econômica

Segundo o economista, o resultado fiscal de 2024, quando o governo conseguiu cumprir a meta, foi favorecido por fatores conjunturais. “Houve medidas pontuais para elevar a receita, e a atividade econômica surpreendeu positivamente, o que ajudou na arrecadação. Mas isso foi uma exceção, não a regra”, disse.

Salto destaca que, ao contrário de 2024, os anos de 2025 e 2026 devem ser marcados por maior restrição fiscal, principalmente devido à esperada desaceleração econômica e aos efeitos cumulativos da política monetária contracionista. “A economia já dá sinais de arrefecimento, e as receitas públicas estão desacelerando. Isso torna o cumprimento da meta fiscal ainda mais desafiador”, afirmou.

Gestão fiscal segue sob pressão política

Na análise de Salto, o governo tem recorrido a uma estratégia de “gestão fiscal diária”, com foco em resolver pressões de curto prazo sem apresentar uma agenda estrutural de consolidação das contas públicas. “É uma gestão que mata um leão por dia, mas que não enfrenta as causas mais profundas do desequilíbrio fiscal. A longo prazo, isso compromete a credibilidade”, conclui.

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