Países reclamam ao Itamaraty sobre falta de hospedagem para a COP30

Embaixadas brasileiras ao redor do mundo encaminharam preocupações de governos estrangeiros a respeito da COP30 (30ª Cúpula do Clima das Nações Unidas) ao governo brasileiro.

O Itamaraty tomou conhecimento de reclamações de ao menos 5 países: Alemanha, Dinamarca, Reino Unido, Noruega e China. As principais questões levantadas são hospedagem e logística –assuntos ainda pendentes pela organização do evento realizado em Belém, em novembro de 2022. As informações foram obtidas pelo jornal O Estado de S. Paulo.

A embaixada do Brasil em Oslo, por exemplo, enviou ao Itamaraty em abril uma reportagem publicada no país sobre a alta de preços nas hospedagens. Segundo o embaixador da Noruega, ouvido pela reportagem, o país pode reduzir a comitiva que irá atender ao evento.

Como mostrou o Poder360, a capital paraense apresenta um deficit de leitos para acomodar o público esperado para a cúpula climatica. Belém precisa mais do que dobrar o número de acomodações para conseguir receber as cerca de 60.000 pessoas estimadas no evento.

Preocupações também foram externalizadas pela China. A embaixada brasileira em Pequim disse que integrantes do Ministério de Ecologia e Meio Ambiente relataram “grande dificuldade em reservar hotéis, os quais apresentam baixa disponibilidade e preço muito elevado”, diz o telegrama.

Para combater a falta de leitos, a secretaria especial para a COP30 anunciou uma plataforma oficial para a gestão de hospedagens em Belém. O Brasil contratou a empresa Bnetwork, companhia que já atuou em edições anteriores, em Dubai (Emirados Árabes Unidos) e em Baku (Azerbaijão).

A diretora-geral de política europeia e internacional do Ministério do Meio Ambiente da Alemanha, Eva Kracht, procurou a embaixada brasileira em Berlim no início deste ano para manifestar “preocupações quanto aos aspectos logísticos em Belém”. O mesmo foi levantado pelo diretor do Departamento de Energia e Clima da Federação das Indústrias Alemãs, Carsten Rolle.

A Dinamarca seguiu na mesma direção. A embaixadora do país no Brasil, Eva Pedersen, sinalizou “desafios logísticos de Belém e impasses na negociação da COP-29 em Baku, como ponto de partida difícil para garantir sucesso na COP-30” em janeiro de 2025, segundo os documentos obtidos pelo Estadão.

Segundo a organização da COP30, a liberação do serviço está condicionada à conclusão do processo de inventário da capacidade de hospedagem da cidade. O levantamento está sendo realizado em parceria com governos locais e o setor de turismo.

Empresários britânicos relataram à embaixada do Brasil em Londres que estariam cogitando deixar de ir ao evento diante à incerteza da disponibilidade de leitos. Nick Henry, CEO da Climate Action, afirmou “que vários CEOs e representantes do setor privado estariam considerando desistir da participação devido à falta de acomodação”.

O QUE DIZEM AS EMBAIXADAS

Ao Estadão, a embaixada da Alemanha negou que Kracht tenha se manifestado à embaixada e disse estar “otimista” com o evento. A embaixada do Reino Unido disse ter “confiança de que o governo brasileiro tem capacidade de organizar uma conferência impactante”.

A embaixada da Dinamarca disse que não se manifesta sobre “questões relativas ao planejamento logístico” e a da China não respondeu ao contato da reportagem.

O Poder360 procurou o Ministério das Relações Exteriores para se manifestar a respeito dos questionamentos levantados nas embaixadas. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.

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