VÍDEO INÉDITO: peixe-boi é flagrado mamando embaixo d’água em praia da Paraíba

Um filhote de peixe-boi foi registrado de forma inédita no Brasil, durante amamentação na Paraíba. Como observou o ClickPB, um vídeo do momento foi feito pela Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), na praia de Ponta de Matos, no município de Cabedelo, na Região Metropolitana de João Pessoa.

Segundo a FMA o registro subaquático foi feito no dia 13 de abril e é do filhote ‘Favo’, que tem dois anos e meio de idade. O filhote é oriundo de uma fêmea de um programa de conservação, a ‘Mel’.

O flagra foi feito pelo coordenador de monitoramento do Programa Viva o Peixe-Boi Marinho (PVPMB), o ecólogo Sebastião Silva.

“É o primeiro registro subaquático no Brasil de um peixe-boi-marinho mamando em vida livre. Até então, só havia registros similares relacionados à animais em cativeiro”, informou a fundação ao ClickPB.

Surpresa

Sebastião detalhou que o mergulho era apenas para ser de rotina, para registrar algumas feridas no filhote para fazer uma avaliação da cicatrização. Quando ele percebeu, o filhote estava se amamentando.

“Era apenas para ser um mergulho de rotina em que iria fotografar as feridas em ‘Favo’ para fazer avaliação de sua cicatrização. ‘Mel’ estava se alimentando e foi quando percebi que ‘Favo’ estava chegando perto da nadadeira peitoral dela, onde ficam as glândulas mamárias da mãe”, explicou.

“Procurei ficar quieto e o mais ‘invisível’ possível para esperar o que ia acontecer. E foi então que ele começou a mamar!”, disse, emocionado.

De forma inédita no Brasil, a FMA faz registro subaquático de um filhote de peixe-boi-marinho mamando
“Favo”, filhote de uma fêmea oriunda de um programa de conservação, foi flagrado mamando mesmo aos dois anos e meio de idade.

Peixe-boi 'favo' em amamentação. (foto: Sebastião Silva/Fundação Mamíferos Aquáticos/divulgação)
Peixe-boi ‘favo’ em amamentação. (foto: Sebastião Silva/Fundação Mamíferos Aquáticos/divulgação)

Amamentação do peixe-boi pode acontecer até os dois anos

Conforme a Fundação Mamíferos Aquáticos, durante o processo de amamentação, que pode acontecer naturalmente até os dois anos de idade, o filhote realiza a sucção do leite nas glândulas mamarias, localizadas abaixo das nadadeiras peitorais.

O curioso é que Favo” já está com 2 anos e meio e continua mamando. Conforme Jociery Parente, Gerente do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, a relação de “Favo” e “Mel” pode ter sido influenciada pelo fato de “Favo” ter sido atropelado recentemente.

Além disso, a equipe de especialistas do PVPBM afirma que o comportamento de “Mel” mudou desde o nascimento do Favo.

“Antes de ser mãe, frequentemente a equipe recebia ligações informando que havia um peixe-boi encalhado nas praias de Cabedelo, com o dorso exposto. Porém, se tratava de “Mel” apenas repousando na praia com a maré baixa”, relata Isis de Almeida, Bióloga Marinha, Técnica Ambiental do PVPBM.

A Bióloga relatou ainda que “Mel” costumava interagir com banhistas e se alimentava muito próximo a área de uso humano. Após o nascimento de “Favo”, a equipe percebeu uma mudança no comportamento da fêmea, com um afastamento das aglomerações de pessoas.

A alimentação nas praias de Cabedelo continuou, porém em bancos de alimentação mais distantes da margem. Após o nascimento de “Favo”, também foi observada a Mel interagindo com outros peixes-bois-marinhos nativos, incluindo outras fêmeas com filhotes.

Área de preservação ambiental é berço do peixe-boi marinho, na Paraíba

No nordeste brasileiro a faixa litorânea entre Paraíba e Bahia tem grande densidade desse animal, sendo a Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Mamanguape um dos locais importantes para a espécie.

O rio Mamanguape é o segundo rio mais extenso do estado da Paraíba, percorrendo cerca de 170 quilômetros da nascente no município de Montadas até sua foz entre os municípios de Rio Tinto e Marcação, no litoral norte paraibano.

A criação da APA em 1993, através do decreto federal nº 924, de 10 de setembro, sintetiza a importância ecológica da área. A APA existe em uma área pertencente à quatro municípios: Lucena, Rio Tinto, Marcação e Baía da Traição.

Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape foi criada em 1993. (foto: Joaquim Neto/acervo pessoal)
Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape foi criada em 1993. (foto: Joaquim Neto/acervo pessoal)

A Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) com o apoio da Petrobrás realiza o monitoramento do animal não só no Rio Tinto, mas em grande parte da costa nordestina através do projeto denominado “Viva o Peixe Boi Marinho”.

A Fundação, criada em 1989, foi uma das instituições que sugeriram no início da década 1990 a criação da Área de Preservação Ambiental na foz do rio Mamanguape e posteriormente faz o gerenciamento de forma parceira com o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais).

ClickPB com informações de Fundação Mamíferos Aquáticos.

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