Apadrinhamento em superintendências da Caixa é denunciado por bancários na Paraíba

Imagina anos de estudos e décadas de carreira no sistema financeiro jogados no lixo. É assim que alguns bancários da Caixa estão se sentindo. A denúncia é dos bancários da Caixa Econômica na Paraíba, por meio do Sindicato da categoria. Segundo os relatos, há manipulação de processos seletivos, favorecimento de grupos específicos e nomeações sem qualquer processo seletivo, ferindo os normativos internos da empresa, o código de ética e integridade, além dos princípios da administração pública.

De acordo com o Sindicato dos Bancários da Paraíba (Sintraf-PB), em alguns casos, os resultados das seleções são conhecidos antes mesmo da finalização do processo, comprometendo completamente a credibilidade dos mecanismos de promoção. A situação ocorre nos processos de promoção para funções de confiança (PSIs), nas superintendências de João Pessoa e Campina Grande.

De acordo com o presidente do Sindicato, Lindonjhonson Almeida, há uma série de medidas sendo tomadas para tentar impedir essas irregularidades. “Queremos que a empresa atue de forma imediata para garantir a lisura dos processos seletivos, coibindo o uso das regras normativas para benefícios pessoais. Os instrumentos de seleção precisam ser aprimorados, e a prática de apadrinhamento que vem ocorrendo na Paraíba precisa ser combatida com firmeza. Solicitamos ainda que os empregados que se sentiram prejudicados em processos seletivos nos últimos meses denunciem os casos ao sindicato, pessoalmente ou através do nosso canal de denúncias. Garantimos total sigilo para proteger os denunciantes de possíveis retaliações”, explicou o sindicalista ao ClickPB.

Ainda segundo ele, outra denúncia recorrente envolve o desrespeito ao banco de sucessores: empregados de outras superintendências estão sendo promovidos ou transferidos para cargos que deveriam ser ocupados por colegas que aguardam há anos por uma oportunidade, mesmo cumprindo todos os critérios exigidos e atualizando seus cadastros anualmente.

“Relatos indicam ainda que os critérios utilizados para promoção envolvem relações pessoais de amizade, que formam uma verdadeira confraria dentro da instituição — elementos totalmente alheios ao mérito profissional. Essas práticas, caso comprovadas, configuram assédio moral, abuso de autoridade e improbidade administrativa”, alertou Lindonjhonson.

De acordo com ele, o normativo da Caixa é claro e prevê que a ocupação de funções gratificadas exige a realização de processo seletivo. Atualmente, a empresa adota três instrumentos principais para isso: Processo Seletivo Interno (PSI) – seleção aberta a todos os empregados;  Score – avaliação baseada em critérios técnicos definidos previamente; Banco de Sucessores – seleção específica para determinadas funções.

“Entretanto, os critérios têm sido aplicados de forma arbitrária e direcionada. Há denúncias de que os resultados são definidos antes do término dos processos, o que enfraquece a transparência e a confiança no sistema”, relatou.

“Me matei de estudar, fiz tudo que me pediam, e mesmo assim fico sempre para trás. Isso dói”, desabafa um dos empregados da Caixa Econômica Federal.

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