Samir Xaud será eleito presidente da CBF em meio a críticas, articulações e falta de oposição

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está prestes a oficializar um novo presidente, Samir Xaud, após um processo de articulação que uniu federações estaduais e afastou qualquer possibilidade de oposição. A eleição, marcada para o dia 25 de maio, ocorre logo após o afastamento judicial de Ednaldo Rodrigues e revela muito sobre as engrenagens políticas que ainda controlam o futebol nacional.

Pontos Principais:

  • Samir Xaud será eleito presidente da CBF com apoio de 25 federações e 10 clubes.
  • Grêmio apoia, mas demonstra cautela; Inter critica ausência de diálogo com os clubes.
  • Ronaldo e Craque Neto criticam o processo, alegando falta de transparência e continuidade dos vícios.
  • A eleição acontece um dia antes da chegada de Carlo Ancelotti para assumir a Seleção.
O futebol brasileiro vai mudar de comando. Com Ednaldo fora do jogo, surge um novo nome: Samir Xaud, de Roraima. E o mais curioso? Não tem concorrente - reprodução instagram /@federacaororamensedefutebol
O futebol brasileiro vai mudar de comando. Com Ednaldo fora do jogo, surge um novo nome: Samir Xaud, de Roraima. E o mais curioso? Não tem concorrente – reprodução instagram /@federacaororamensedefutebol

Samir Xaud, presidente eleito da Federação Roraimense de Futebol, não era o nome mais cotado. Médico, faixa preta em jiu-jitsu e fã de kart, ele acabou sendo escolhido por representar uma figura de conciliação. Sem grandes inimizades e com trânsito livre entre federações, seu nome se consolidou como o ideal para manter a estrutura da CBF em funcionamento sem grandes rupturas.

O apoio formal a sua candidatura veio de 25 federações estaduais e dez clubes das Séries A e B, incluindo Palmeiras, Vasco, Grêmio e Botafogo. A foto simbólica de Samir cercado por dirigentes no terceiro andar da CBF não foi à toa: tratava-se da consolidação de um projeto coletivo, com forte influência dos bastidores de Brasília e do Judiciário.

Entretanto, a ausência de uma candidatura alternativa gerou desconforto. O presidente do Internacional, Alessandro Barcellos, criticou a exclusão dos clubes no processo decisório, defendendo a candidatura de Reinaldo Bastos, da Federação Paulista, que acabou isolado politicamente. “Não se faz futebol sem clubes”, disse Barcellos, em tom de protesto.

Alberto Guerra, presidente do Grêmio, por sua vez, mesmo apoiando Samir, demonstrou preocupação com a pressa na definição do novo nome. Ele destacou temas como fair play financeiro, arbitragem e calendário como pontos que precisam de atenção urgente na nova gestão da CBF.

Samir foi o escolhido de um grupo de 25 federações. Cartola desconhecido, médico e fã de kart, ele assumirá o cargo mais poderoso do futebol brasileiro - reprodução instagram /@cbf_futebol
Samir foi o escolhido de um grupo de 25 federações. Cartola desconhecido, médico e fã de kart, ele assumirá o cargo mais poderoso do futebol brasileiro – reprodução instagram /@cbf_futebol

Enquanto isso, Ronaldo Fenômeno disparou críticas ao processo. Em entrevista, chamou a eleição de “palhaçada”, dizendo que “só muda a página, o livro é o mesmo”. Já o comentarista Craque Neto ironizou a atuação do ex-jogador fora das quatro linhas, dizendo que Ronaldo só se manifesta quando tem interesses empresariais.

Nos bastidores, a nova diretoria da CBF será composta por figuras influentes como Fernando Sarney, que reassume cargos em conselhos da Fifa e da Conmebol, e Michelle Ramalho, primeira mulher a ocupar uma vice-presidência na entidade. O plano é distribuir responsabilidades técnicas e políticas entre os vices.

A ausência de um debate mais amplo sobre propostas e renovação na CBF reforça a impressão de que o poder continua concentrado nas federações. Mesmo com novos rostos, a lógica permanece. Um sistema onde o futebol de base, os clubes e os torcedores pouco influenciam na direção do espetáculo.

A eleição ocorre num momento sensível: um dia antes da chegada de Carlo Ancelotti ao Brasil. O técnico italiano assume o comando da Seleção com expectativas de reconectar o time com a torcida. Mas, como lembrou Ronaldo, sem uma reforma séria na estrutura, os problemas do futebol brasileiro continuarão mascarados.

Para muitos, Samir representa uma tentativa de arejar a imagem da CBF sem tocar nas estruturas que a sustentam. A sua eleição pode até oferecer estabilidade temporária, mas dificilmente trará a ruptura que o futebol nacional precisa para voltar a ser protagonista dentro e fora de campo.

Fonte: Gauchazh, CNN, Estadao, Uol.

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