Marqueteiro brasileiro está por trás de vitória da AD em Portugal

Apesar de estar no centro de uma crise política desde fevereiro, o primeiro-ministro Luís Montenegro (PSD, centro-direita) viu a sua coligação AD (Aliança Democrática, PSD e CDS-PP, centro-direita) vencer as eleições em Portugal no domingo (18.mai.2025).

O paradoxo é que o primeiro-ministro sofreu uma crise de popularidade, mas seu governo seguia tendo uma alta taxa de aprovação”, disse o brasileiro Sérgio Guerra, marqueteiro na campanha de Montenegro pela 2ª eleição, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.  Além de Portugal, o publicitário atua no Brasil, em Angola e Cabo Verde.

A crise de popularidade a que Guerra se refere é o motivo pelo qual o país antecipou as eleições depois de só 11 meses de governo.

O primeiro-ministro teve uma moção de confiança rejeitada na Assembleia da República depois de a imprensa portuguesa revelar que a empresa fundada por ele em 2021, a Spinumviva, tinha como clientes companhias como a Solverde, controladora de cassinos, que dependem de contratos de concessão com o governo.

Explorado pela oposição antes e durante a campanha, o possível conflito de interesses entre a empresa e o cargo do primeiro-ministro, no entanto, não pareceu afetar a decisão dos eleitores, confirmando a previsão das pesquisas. Segundo um levantamento realizado pela Universidade Católica divulgada a 2 dias do pleito, o caso Spinumviva era considerado “nada importante” por 29% dos entrevistados.

Com uma campanha embalada pelo jingledeixa o Luís trabalhar”, que para qualquer ouvido brasileiro atento ecoa a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2006 – “deixa o homem trabalhar” – a AD conquistou 9 cadeiras a mais do que no ano passado, alcançando, até o momento, 86 assentos.

O jingle tem duas características: ele é popular e personalista. Popular por causa da música, que se parece com um ‘vira’. Personalista porque usa o nome ‘Luís’, que aproxima o primeiro-ministro das pessoas”, afirmou Guerra ao jornal, acrescentando que o slogan surgiu logo no início das reuniões com a equipe de comunicação.

De acordo com a Folha de S. Paulo, o autor do hino da campanha também é brasileiro, é o baiano Periandro Cordeiro Nogueira, o Péri, que já fez músicas para a campanha de Lula em 2002.

Esquerda cai, direita radica avança

Apesar de ainda faltar definir 4 vagas, dos círculos da Europa e Fora da Europa – os votos dos portugueses no exterior – os resultados das eleições em Portugal indicam o 3º pior resultado da história do PS (Partido Socialista, centro-esquerda), que elegeu 58 dos 226 deputados do Parlamento.

No discurso de derrota, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, entregou sua demissão. O deputado eleito afirmou que o partido iria a eleições internas, nas quais não seria candidato. “São tempos duros e difíceis para a esquerda e para o Partido Socialista”, afirmou na noite de domingo (18.mai).

Depois de afirmar que o PS não deve dar suporte a um governo de Montenegro, Pedro Nuno lamentou o crescimento da “extrema-direita, mais violenta e mais mentirosa”.

O Chega, partido da direita radical comandado por André Ventura, tem, até agora, o mesmo número de 58 deputados que o PS. Ao que indicam as projeções, deve se consolidar como a 2ª principal força política do país. Também houve um ligeiro crescimento da IL (Iniciativa Liberal, direita), que passou de 8 para 9 deputados.

Outro derrotado da noite foi o Bloco de Esquerda. Coordenado por Mariana Mortágua, o partido, que tinha 5 deputados na última legislatura, conseguiu apenas uma cadeira este ano. O Livre (centro-esquerda), liderado por Rui Tavares, cresceu e elegeu 6 deputados, 2 a mais do que na eleição passada. A CDU, coligação do PCP (Partido Comunista Português) e do PEV (Partido Ecologista “Os Verdes”), perdeu um deputado e garantiu 3 assentos. Por fim, o PAN (Pessoas-Animais-Natureza, centro-esquerda) manteve a sua única deputada.


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