Era inevitável gripe aviária chegar a granjas comerciais, diz Fávaro

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse nesta 2ª feira (19.mai.2025) que a infecção de aves em granjas comerciais no Brasil pela gripe aviária era inevitável, mas que a “robustez do sistema de defesa fez com que demorasse 19 anos para que isso acontecesse”.

“Aqui no Brasil foram exatos 2 anos, desde o aparecimento dos primeiros casos lá no litoral do Espírito Santo [em aves migratórias], depois aqui ou acolá, foram tendo os casos aleatórios. Mas demoraram 2 anos e era inevitável que um dia ele ia acontecer. O sistema é robusto”, afirmou em entrevista a jornalistas em Brasília para atualizar sobre o cenário de emergência da gripe aviária.

Segundo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até a publicação desta reportagem, são:

  • 2 casos confirmados, sendo o 1º em Montenegro (RS), numa propriedade comercial de genética avícola, e o 2º em Sapucaia do Sul (RS), em cisnes silvestres, e;
  • 7 casos em análise, sendo:
    • 3 com resultados negativos em Nova Brasilândia (MT), Graccho Cardoso (SE) e Triunfo (RS). Todos em sistema de criação para consumo próprio; e
    • 4 com análise pendente em Estância Velha (RS), numa propriedade de criação para consumo próprio, e em Ipumirim (SC), Aguiarnópolis (TO) e Salitre (CE), em propriedades comerciais.

MERCADOS FECHADOS

Segundo Fávaro, na 3ª feira (20.mai), o ministério acabará de desinfectar a 2ª granja na região de foco da infecção, no Rio Grande do Sul.

Assim, a 4ª feira (21.mai) será considerada o marco para a reabertura de mercado, de acordo com o protocolo sanitário brasileiro. Serão contados 28 dias a partir de então.

Até esta 2ª feira (19.mai), 17 países estão com mercado para produtos avícolas do Brasil 100% fechados. Sendo que 7 deles se manifestaram dizendo que fechariam o mercado com o Brasil, por pedido oficial. São eles:

  • México;
  • Coreia do Sul;
  • Chile;
  • Canadá;
  • Uruguai;
  • Malásia; e
  • Argentina.

Outras 10 economias estão com mercado completamente fechado por cumprimento do protocolo por parte do Brasil como parte de acordo bilateral. Mas, sem o pedido oficial, as exportações pararam. São elas:

  • China;
  • União Europeia;
  • África do Sul;
  • Rússia;
  • Peru;
  • República Dominicana;
  • Bolívia;
  • Marrocos;
  • Paquistão;
  • Sri Lanka.

Fora esses, outros 3 parceiros comerciais estão com o mercado fechado só para os produtos avícolas do Rio Grande do Sul:

  • Cuba;
  • Bahrein; e
  • Reino Unido.

AJUDA FINANCEIRA

A equipe técnica do Ministério da Agricultura disse que ainda não há estimativa de prejuízo com a emergência de gripe aviária, pois estão “muito mais preocupados com conter as infecções do que contabilizar perdas”.

Fávaro afirmou que a suspensão de produto avícolas para a China não prejudicará os produtores do Brasil.

Ele afirmou que a região foco de infecção não envia carne ou ovos para o país, apenas genético avícola para incubadoras. Por isso, não haverá necessidade de solicitar recursos emergenciais ao Ministério da Fazenda.

“Não há necessidade de reforço orçamentário. Temos outras emergências sanitárias no Brasil. O que a gente pode pensar é em englobar todos num pedido de reforço orçamentário, que não deve ser muito grande. Mas por enquanto, vamos seguir com Orçamento que já temos”, disse.

Fávaro disse que ainda, sim, a situação preocupa, porque os casos de problemas sanitários na criação de animais no Brasil “estão mais constantes e vorazes”. Ele defendeu a criação de um plano nacional que crie um fundo de emergência para auxílio aos produtores afetados pelas crises.

PROCESSO DE REABERTURA

O ministro afirmou que agora é feito um trabalho para entender o “mapa da infecção”. Ele disse que, geralmente, a disseminação é feita por aves migratórias, mas ainda assim, precisam rastrear os casos para aumentar a confiabilidade do processo de desinfecção da região.

No raio de 3 km tudo já foi inspecionado, segundo a equipe técnica. No raio de 10 km, há 538 propriedades de produção de subsistência. Cerca de metade delas já foi inspecionada.

Se não houver infecção, significará que o ciclo foi quebrado. A partir daí, o Brasil poderá emitir uma autodeclaração à OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal) o com relatório de atuação do Brasil para conter a doença, dizendo que está livre dos casos de novas infecções.

Cumpridas as etapas, começará o trabalho dos adidos agrícolas para reabrir o mercado aos parceiros comerciais do Brasil. A decisão fica a critério de cada parceiro.

Mesmo antes do prazo de 28 dias sem novas infecções, o Brasil encaminhará relatórios periódicos aos parceiros comerciais, segundo Fávaro.

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